Finalmente.... O Referendo
Finalmente…O Referendo
Terminou a saga dos Prós e Contras para esclarecimento das posições dos adeptos do Sim e do Não.
Cerca de 5 horas, no conjunto dos dois programas não foram suficientes, no entanto, para fazer mudar de posição fosse quem fosse.
Ao observador mais distante era nítido que havia ali uma espécie de blindagem que impedia qualquer um dos campos de penetrar no do adversário.
Numa analogia com um jogo de futebol é como se as balizas de ambos os lados tivessem sido, pura e simplesmente, entaipadas.
Fazia lembrar uma conversa de surdos apenas com uma excepção:
Os defensores do Não foram sensíveis às queixas dos defensores do Sim quanto às penas de prisão a que estão sujeitas as mulheres que abortam e para não perderem votos por essa posição que era o “elo mais fraco” do seu reduto argumentativo resolveram agora, na parte final da campanha, substituir a pena de prisão, situação que é a actual, por trabalhos a favor da comunidade (Dr. Bagão Félix) ou pura e simplesmente sem pena, a qual se manteria tão-somente para as pessoas que interviessem no aborto, as ditas parteiras de vão de escada.
Esta “nuance” de duvidosa aplicação jurídica e que não consta da pergunta do Referendo acalma as consciências e demonstra bem como os defensores do Não estão preocupados com o bem-estar da mulher que abortou…
Bem vistas as coisas, os defensores do Não apenas recusam aos defensores do Sim que entreguem às mulheres a liberdade para decidirem, por si, até às 10 semanas, da manutenção ou não da sua maternidade.
Liberdade ou Não Liberdade eis, portanto, a questão!
Como é possível admitir que a mulher mesmo orientada e aconselhada por médicos e técnicos experientes, num Estabelecimento Legal de Saúde, possa ter a liberdade de decidir sobre a vida que se iniciou dentro dela há 10 semanas atrás?
Para os defensores do Não a mulher é uma irresponsável e permitir que seja ela a tomar essa decisão corresponderia a uma voluntária perda de controlo da vida como valor absoluto por parte dos guardiães da moral, dos princípios e da religião.
É claro que a realidade diz-nos que esse controle não existe porque o recurso ao aborto clandestino retira toda a possibilidade de intervenção mas isso não aflige os defensores do Não.
Aquilo que se passa fora dos seus olhares e que é feito sem a sua autorização e na clandestinidade não é um problema deles.
Sempre o homem desrespeitou as normas, as leis e os princípios mas Deus e o Código Penal lá estão para castigá-los.
Os defensores do Não não são aliados das mulheres são apenas os seus fiscais, os zeladores e por isso nem sequer ouvem as recomendações da Organização Mundial de Saúde quando esta defende a necessidade dos abortos serem assistidos medicamente para evitar complicações que põem em risco a saúde e a vida das mulheres.
E não adianta os defensores do Sim afirmarem da importância do encaminhamento das mulheres para os Hospitais Públicos onde as aguardam médicos e outro pessoal especializado para as orientar, aconselhar, informar e intervir na realização do aborto se vier a ser essa a decisão.
De resto, o relato que nos foi feito pela médica portuguesa que trabalha nesta área, na Suiça, com a população portuguesa que lá vive em grande número, foi elucidativo quanto às vantagens deste sistema em contraponto com o aborto clandestino.
Só que, relativamente aos defensores do Não, a despenalização do aborto tem o inadmissível inconveniente de permitir que seja a mulher a decidir em vez de uma hipotética Junta de 3 senhores, o 3º seria para desempatar, que teriam a seu cargo avaliar, ponderar, valorar todos os dados da situação da mulher e finalmente decidir se o aborto poderia ser feito ou não.
Esta seria uma situação em que alguns defensores do Não (Dr. Pinto Leite) aceitariam votar Sim, um Sim para algumas situações de carácter excepcional, avaliada e decidida por terceiros e segundo critérios que não se sabe quais seriam mas jamais pela mulher.
E isto porque, no fundo, eles não confiam nas mulheres, potenciais assassinas dos fetos que trazem no ventre e que aguardam apenas que o Sim vença para correrem aos magotes direitinhas aos Hospitais para abortarem legalmente com o dinheiro dos nossos impostos…
Mas a desconfiança não vai só para as mulheres vai também para o governo do Eng. Sócrates que apanhando-se com a vitória do Sim irá alargar para as 12 ou 14 semanas o prazo para o aborto legal, como afirmou uma distinta defensora do Não.
Tudo isto tivemos que ouvir a propósito de um problema grave da nossa sociedade e que afecta directamente as mulheres portuguesas e não nos dignifica como país no panorama europeu a que pertencemos.
O partido Socialista que governa com maioria absoluta poderia ter posto fim a esta situação fazendo aprovar na AR uma lei nesse sentido.
Teve escrúpulos em fazê-lo atendendo a um referendo anterior que embora não vinculativo deu a vitória ao Não.
Compreendo e respeito esses escrúpulos mas agora, no dia 11, a maioria dos portugueses irá pronunciar-se a favor do Sim e fazer-nos alinhar com o resto da Europa porque a isso nos obriga o respeito que devemos ter pelas nossas mulheres e que a resolução de um problema de saúde pública impõe.
Terminou a saga dos Prós e Contras para esclarecimento das posições dos adeptos do Sim e do Não.
Cerca de 5 horas, no conjunto dos dois programas não foram suficientes, no entanto, para fazer mudar de posição fosse quem fosse.
Ao observador mais distante era nítido que havia ali uma espécie de blindagem que impedia qualquer um dos campos de penetrar no do adversário.
Numa analogia com um jogo de futebol é como se as balizas de ambos os lados tivessem sido, pura e simplesmente, entaipadas.
Fazia lembrar uma conversa de surdos apenas com uma excepção:
Os defensores do Não foram sensíveis às queixas dos defensores do Sim quanto às penas de prisão a que estão sujeitas as mulheres que abortam e para não perderem votos por essa posição que era o “elo mais fraco” do seu reduto argumentativo resolveram agora, na parte final da campanha, substituir a pena de prisão, situação que é a actual, por trabalhos a favor da comunidade (Dr. Bagão Félix) ou pura e simplesmente sem pena, a qual se manteria tão-somente para as pessoas que interviessem no aborto, as ditas parteiras de vão de escada.
Esta “nuance” de duvidosa aplicação jurídica e que não consta da pergunta do Referendo acalma as consciências e demonstra bem como os defensores do Não estão preocupados com o bem-estar da mulher que abortou…
Bem vistas as coisas, os defensores do Não apenas recusam aos defensores do Sim que entreguem às mulheres a liberdade para decidirem, por si, até às 10 semanas, da manutenção ou não da sua maternidade.
Liberdade ou Não Liberdade eis, portanto, a questão!
Como é possível admitir que a mulher mesmo orientada e aconselhada por médicos e técnicos experientes, num Estabelecimento Legal de Saúde, possa ter a liberdade de decidir sobre a vida que se iniciou dentro dela há 10 semanas atrás?
Para os defensores do Não a mulher é uma irresponsável e permitir que seja ela a tomar essa decisão corresponderia a uma voluntária perda de controlo da vida como valor absoluto por parte dos guardiães da moral, dos princípios e da religião.
É claro que a realidade diz-nos que esse controle não existe porque o recurso ao aborto clandestino retira toda a possibilidade de intervenção mas isso não aflige os defensores do Não.
Aquilo que se passa fora dos seus olhares e que é feito sem a sua autorização e na clandestinidade não é um problema deles.
Sempre o homem desrespeitou as normas, as leis e os princípios mas Deus e o Código Penal lá estão para castigá-los.
Os defensores do Não não são aliados das mulheres são apenas os seus fiscais, os zeladores e por isso nem sequer ouvem as recomendações da Organização Mundial de Saúde quando esta defende a necessidade dos abortos serem assistidos medicamente para evitar complicações que põem em risco a saúde e a vida das mulheres.
E não adianta os defensores do Sim afirmarem da importância do encaminhamento das mulheres para os Hospitais Públicos onde as aguardam médicos e outro pessoal especializado para as orientar, aconselhar, informar e intervir na realização do aborto se vier a ser essa a decisão.
De resto, o relato que nos foi feito pela médica portuguesa que trabalha nesta área, na Suiça, com a população portuguesa que lá vive em grande número, foi elucidativo quanto às vantagens deste sistema em contraponto com o aborto clandestino.
Só que, relativamente aos defensores do Não, a despenalização do aborto tem o inadmissível inconveniente de permitir que seja a mulher a decidir em vez de uma hipotética Junta de 3 senhores, o 3º seria para desempatar, que teriam a seu cargo avaliar, ponderar, valorar todos os dados da situação da mulher e finalmente decidir se o aborto poderia ser feito ou não.
Esta seria uma situação em que alguns defensores do Não (Dr. Pinto Leite) aceitariam votar Sim, um Sim para algumas situações de carácter excepcional, avaliada e decidida por terceiros e segundo critérios que não se sabe quais seriam mas jamais pela mulher.
E isto porque, no fundo, eles não confiam nas mulheres, potenciais assassinas dos fetos que trazem no ventre e que aguardam apenas que o Sim vença para correrem aos magotes direitinhas aos Hospitais para abortarem legalmente com o dinheiro dos nossos impostos…
Mas a desconfiança não vai só para as mulheres vai também para o governo do Eng. Sócrates que apanhando-se com a vitória do Sim irá alargar para as 12 ou 14 semanas o prazo para o aborto legal, como afirmou uma distinta defensora do Não.
Tudo isto tivemos que ouvir a propósito de um problema grave da nossa sociedade e que afecta directamente as mulheres portuguesas e não nos dignifica como país no panorama europeu a que pertencemos.
O partido Socialista que governa com maioria absoluta poderia ter posto fim a esta situação fazendo aprovar na AR uma lei nesse sentido.
Teve escrúpulos em fazê-lo atendendo a um referendo anterior que embora não vinculativo deu a vitória ao Não.
Compreendo e respeito esses escrúpulos mas agora, no dia 11, a maioria dos portugueses irá pronunciar-se a favor do Sim e fazer-nos alinhar com o resto da Europa porque a isso nos obriga o respeito que devemos ter pelas nossas mulheres e que a resolução de um problema de saúde pública impõe.
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