o drama da morte
O Drama da Morte
O texto que escrevi intitulado O Drama da Morte foi-me sugerido pelo Macroscópio quando, a 12 do corrente mês, dizia: “ A morte sempre me fascinou mas também sempre me frustrou, pois nunca consegui vislumbrar o que está para além dessa cortina de fumo-carvão que obriga a calar ante o indizível….”:
Infelizmente, havia uma relação de que não me apercebi entre aquilo que o meu sobrinho Rui escreveu então no seu Macroscópio sob o título “ A nossa realidade (global): teoria da morte “ e o recente e inesperado falecimento de um jovem e talentoso seu amigo.
Peço desculpa ao Rui porque o meu texto, parecendo desvalorizar a morte, foi de uma inoportunidade total.
E já agora, Rui, relativamente àquela afirmação que mencionei apenas por ser comum ouvir-se: “de que tem de haver mais qualquer coisa para além da morte”… não será, com certeza, o pagamento do funeral, como dizes por ironia.
Cada um de nós sabe que para além da morte o que há é a dor, a saudade e o vazio daqueles que em suas vidas nos foram queridos.
A vida é o elo comum a todos nós: umas vezes destruímo-lo, na maior parte das vezes ignoramo-lo e em alguns casos choramo-lo, sempre chorámos os nossos mortos… é da condição humana.
O que não é da condição humana é o aproveitamento que se faz da morte a partir dos sentimentos que ela provoca, das crenças e mitos que a rodeiam, dos negócios que a suportam, desde as inofensivas missas do 7º dia até à situação extrema das virgens que lá no céu esperam os homens bomba para os compensarem da imolação.
A crença na vida após a morte que permite toda a espécie de especulações tem constituído, ao longo dos tempos, talvez, o mais perigoso dos instrumentos de controlo da vida das pessoas, ora pela instalação do medo ou pela expectativa de um prémio.
Nada é inocente nesta velha história da vida após a morte que persiste como se no mundo de hoje não tivéssemos outras sérias e decisivas preocupações a reclamar a nossa atenção.
Por isso, penso que o grande drama da morte é o aproveitamento que dela se tem feito ao longo dos séculos em benefício de uns poucos e com grave prejuízo de populações inteiras sacrificadas ao mito…esse, sim, um verdadeiro drama!
O Papa Bento XVI chamou ao Vaticano os Bispos portugueses para lhes manifestar a sua preocupação pela falta de fervor e vocação religiosa dos portugueses esquecendo-se de dizer, por uma questão de amor à verdade, que o mesmo se passa, mais ou menos, por toda a Europa.
Se este fenómeno se traduzir por uma viragem das preocupações dos europeus dos cultos e preceitos da Igreja para a resolução dos problemas concretos da sociedade com mais consciência da sua própria responsabilidade e a noção de que as soluções terão que ser suas e não de Deus, seja ele qual for, talvez estaremos, então, perante uma boa novidade.
As pessoas têm de pensar pela sua própria cabeça e se há aqueles que julgam que devemos ser bons nesta vida para não sermos castigados na outra ou porque Deus nos está a ver, há que reconhecer que são razões ignóbeis e desagradáveis.
Não há nenhuma prova de que precisemos da religião para sermos bons ou morais e se pensarmos no fundamentalismo islâmico ou no cristianismo radical nos EUA logo nos apercebemos até onde, por vezes, ela pode levar.
O biólogo britânico Richard Dawkins, Prof. Catedrático em Oxford, considerado, juntamente com Humberto Eco e Noam Chomsky um dos três intelectuais vivos mais importantes, escreveu recentemente um livro, A Desilusão de Deus, no qual, em resumo, exprime as seguintes ideias:
-“ Não precisamos de Deus e da religião para vivermos uma vida com sentido e plenitude; para sermos bons e humanos; para explicar a vida e o universo e estamos melhor com o ateísmo do que com a religião organizada.”
Quando lhe perguntaram porque escreveu este livro respondeu:
- “Para que as pessoas pensem pela sua própria cabeça”
O texto que escrevi intitulado O Drama da Morte foi-me sugerido pelo Macroscópio quando, a 12 do corrente mês, dizia: “ A morte sempre me fascinou mas também sempre me frustrou, pois nunca consegui vislumbrar o que está para além dessa cortina de fumo-carvão que obriga a calar ante o indizível….”:
Infelizmente, havia uma relação de que não me apercebi entre aquilo que o meu sobrinho Rui escreveu então no seu Macroscópio sob o título “ A nossa realidade (global): teoria da morte “ e o recente e inesperado falecimento de um jovem e talentoso seu amigo.
Peço desculpa ao Rui porque o meu texto, parecendo desvalorizar a morte, foi de uma inoportunidade total.
E já agora, Rui, relativamente àquela afirmação que mencionei apenas por ser comum ouvir-se: “de que tem de haver mais qualquer coisa para além da morte”… não será, com certeza, o pagamento do funeral, como dizes por ironia.
Cada um de nós sabe que para além da morte o que há é a dor, a saudade e o vazio daqueles que em suas vidas nos foram queridos.
A vida é o elo comum a todos nós: umas vezes destruímo-lo, na maior parte das vezes ignoramo-lo e em alguns casos choramo-lo, sempre chorámos os nossos mortos… é da condição humana.
O que não é da condição humana é o aproveitamento que se faz da morte a partir dos sentimentos que ela provoca, das crenças e mitos que a rodeiam, dos negócios que a suportam, desde as inofensivas missas do 7º dia até à situação extrema das virgens que lá no céu esperam os homens bomba para os compensarem da imolação.
A crença na vida após a morte que permite toda a espécie de especulações tem constituído, ao longo dos tempos, talvez, o mais perigoso dos instrumentos de controlo da vida das pessoas, ora pela instalação do medo ou pela expectativa de um prémio.
Nada é inocente nesta velha história da vida após a morte que persiste como se no mundo de hoje não tivéssemos outras sérias e decisivas preocupações a reclamar a nossa atenção.
Por isso, penso que o grande drama da morte é o aproveitamento que dela se tem feito ao longo dos séculos em benefício de uns poucos e com grave prejuízo de populações inteiras sacrificadas ao mito…esse, sim, um verdadeiro drama!
O Papa Bento XVI chamou ao Vaticano os Bispos portugueses para lhes manifestar a sua preocupação pela falta de fervor e vocação religiosa dos portugueses esquecendo-se de dizer, por uma questão de amor à verdade, que o mesmo se passa, mais ou menos, por toda a Europa.
Se este fenómeno se traduzir por uma viragem das preocupações dos europeus dos cultos e preceitos da Igreja para a resolução dos problemas concretos da sociedade com mais consciência da sua própria responsabilidade e a noção de que as soluções terão que ser suas e não de Deus, seja ele qual for, talvez estaremos, então, perante uma boa novidade.
As pessoas têm de pensar pela sua própria cabeça e se há aqueles que julgam que devemos ser bons nesta vida para não sermos castigados na outra ou porque Deus nos está a ver, há que reconhecer que são razões ignóbeis e desagradáveis.
Não há nenhuma prova de que precisemos da religião para sermos bons ou morais e se pensarmos no fundamentalismo islâmico ou no cristianismo radical nos EUA logo nos apercebemos até onde, por vezes, ela pode levar.
O biólogo britânico Richard Dawkins, Prof. Catedrático em Oxford, considerado, juntamente com Humberto Eco e Noam Chomsky um dos três intelectuais vivos mais importantes, escreveu recentemente um livro, A Desilusão de Deus, no qual, em resumo, exprime as seguintes ideias:
-“ Não precisamos de Deus e da religião para vivermos uma vida com sentido e plenitude; para sermos bons e humanos; para explicar a vida e o universo e estamos melhor com o ateísmo do que com a religião organizada.”
Quando lhe perguntaram porque escreveu este livro respondeu:
- “Para que as pessoas pensem pela sua própria cabeça”
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