Tieta do Agreste
O PROGRESSO CHEGA AOS CAFUNDÔS DE JUDAS OU A JOANA D’ARC DO SERTÃO
DA PRIMEIRA APARIÇÃO DOS SUPER-HERÓIS INTERROMPENDO PECAMINOSA E AGRADÁVEL PRÁTICA NA HORA CÁLIDA DO MORMAÇO
A primeira aparição de seres de outro planeta, dos super heróis, no território do Agreste, deu-se num começo de tarde, na hora do mormaço quando ninguém perturba a paz dos habitantes.
No comércio aberto por força do hábito, para cumprir o horário – das oito às doze – só nos armazéns de Plínio Xavier há certo movimento, aliás suspeito. Duas ou três vezes por semana, na mesma hora vazia de fregueses, o comerciante de secos e molhados, cidadão respeitável, casado e pai, escondido por detrás dos fardos de carne seca, ocupa-se em meter as mãos sob a saia da solteirona Cinira, tocando-lhe as partes com as pontas dos dedos. Voltada para as prateleiras, ela faz como se não visse nem sentisse mas abre as pernas para facilitar. Plínio Xavier também age em silêncio, o suor pinga-lhe do rosto. De repente Cinira respira fundo, estremece, leva a mão onde sabe estar fora das calças a ansiada arma, aperta-a forte e sai escarreirada e furtiva.
Naquele dia, quase ao chegar ao suspiro e ao estremeção, um abominável, sinistro ruído ecoou na rua, interrompendo bruscamente a deleitosa prática.
Ao ver-se em fuga na calçada, Cinira não pode conter o terror e sufocar o grito: a máquina desconhecida e monstruosa vinha sobre ela, rugindo, imensas rodas afundando o chão. Lançava ao ar negra fumaça pestilenta através dos canos e orifícios e de súbito lancinantes sons, jamais ali ouvidos.
Fechando o último botão da braguilha, Plínio Xavier chegou à porta a tempo de observar o estrambótico veículo passando em frente do armazém, conduzindo no bojo os indescritíveis seres, ao parecer macho e fêmea, se bem não se diferenciassem muito um do outro nos atributos e nos trajes espaciais, idênticos.
Dias antes, haviam circulado rumores, trazidos de Mangue Seco, onde os pescadores afirmavam ter visto objecto não identificado, faiscante contra o sol, vindo do mar e nele desaparecendo após haver sobrevoado a praia e o coqueiral. Nem por isso o burgo estava preparado e a comoção foi imensa.
EPISÓDIO Nº 84
O PROGRESSO CHEGA AOS CAFUNDÔS DE JUDAS OU A JOANA D’ARC DO SERTÃO
DA PRIMEIRA APARIÇÃO DOS SUPER-HERÓIS INTERROMPENDO PECAMINOSA E AGRADÁVEL PRÁTICA NA HORA CÁLIDA DO MORMAÇO
A primeira aparição de seres de outro planeta, dos super heróis, no território do Agreste, deu-se num começo de tarde, na hora do mormaço quando ninguém perturba a paz dos habitantes.
No comércio aberto por força do hábito, para cumprir o horário – das oito às doze – só nos armazéns de Plínio Xavier há certo movimento, aliás suspeito. Duas ou três vezes por semana, na mesma hora vazia de fregueses, o comerciante de secos e molhados, cidadão respeitável, casado e pai, escondido por detrás dos fardos de carne seca, ocupa-se em meter as mãos sob a saia da solteirona Cinira, tocando-lhe as partes com as pontas dos dedos. Voltada para as prateleiras, ela faz como se não visse nem sentisse mas abre as pernas para facilitar. Plínio Xavier também age em silêncio, o suor pinga-lhe do rosto. De repente Cinira respira fundo, estremece, leva a mão onde sabe estar fora das calças a ansiada arma, aperta-a forte e sai escarreirada e furtiva.
Naquele dia, quase ao chegar ao suspiro e ao estremeção, um abominável, sinistro ruído ecoou na rua, interrompendo bruscamente a deleitosa prática.
Ao ver-se em fuga na calçada, Cinira não pode conter o terror e sufocar o grito: a máquina desconhecida e monstruosa vinha sobre ela, rugindo, imensas rodas afundando o chão. Lançava ao ar negra fumaça pestilenta através dos canos e orifícios e de súbito lancinantes sons, jamais ali ouvidos.
Fechando o último botão da braguilha, Plínio Xavier chegou à porta a tempo de observar o estrambótico veículo passando em frente do armazém, conduzindo no bojo os indescritíveis seres, ao parecer macho e fêmea, se bem não se diferenciassem muito um do outro nos atributos e nos trajes espaciais, idênticos.
Dias antes, haviam circulado rumores, trazidos de Mangue Seco, onde os pescadores afirmavam ter visto objecto não identificado, faiscante contra o sol, vindo do mar e nele desaparecendo após haver sobrevoado a praia e o coqueiral. Nem por isso o burgo estava preparado e a comoção foi imensa.
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