quarta-feira, abril 22, 2009


A Entrevista de Sócrates






Estou à vontade, não sou analista, não tenho pretensões a tal e entre a realidade da actual situação política e económica que vivemos e os episódios da história da Tieta, do Jorge Amado, prefiro estes, de longe.

Estar à frente do governo num momento como este constitui, para além do mais, um acto de coragem e não vale a pena dizerem que só lá está quem quer porque essa resposta não invalida em nada a afirmação.

É dramático assistir ao que se passa nas empresas por este país fora (europa e mundo) e perceber a nossa impotência, do governo deste país ou de qualquer outro, perante a dimensão e gravidade da crise.

É pois muito fácil compreender a preocupação e a angústia dos chefes de governo que exerçam as suas funções com sentido das responsabilidades o que, até prova em contrário, estou convencido ser o caso de José Sócrates.

Pois, num quadro destes, assistimos a uma entrevista surrealista, a fazer lembrar um interrogatório policial no qual, mais de dois terços das perguntas e do tempo gasto, tiveram a ver com o chamado e mal fadado caso “freeport” e com a “leitura” das afirmações do Sr. Presidente da República quanto ao seu destinatário, num exercício de adivinhação inútil e inconsequente.

O 1º Ministro também ouviu as afirmações do Sr. Presidente da República e, surpresa das surpresas, concordou com elas… que os projectos devem obedecer a estudos de custos benefícios, parece que, pela primeira vez, estão lá mas ninguém quer saber deles embora adorem mencioná-los, que a rendibilidade das auto estradas tem a ver com o volume de trânsito que passa nelas, parece óbvio… mas por que não admitir que esse trânsito pode aumentar na eventualidade do desenvolvimento das regiões que serve? E se elas não estiverem lá como poderão servir esse desenvolvimento? E que diriam, nesse caso, as gerações futuras? E que resposta dar então às terríveis assimetrias entre o litoral e o interior do país?

Os inquiridores, desculpem, os entrevistadores ficaram desapontados… afinal José Sócrates estava de acordo com Cavaco e, de repente, o balão esvaziou-se… que pena, Judite de Sousa perdeu a oportunidade de dar mais uma ajudinha ao seu esposo, presidente da Câmara de Sintra e destacado dirigente do partido da oposição.

Vale tudo, Sócrates, até à data excluído por quem de direito neste país em matéria de Justiça, mas incriminado por Manuela Moura Guedes, (menina mimada do seu marido o todo poderoso Director da TVI, José Eduardo Moniz) que lhe devota um ódio, não sei se morte ou da vida, queixa-se, e com razão, que está a ser objecto de um processo Kafekuiano e toda a oposição o acusa de se vitimar… francamente, não há pachorra!

José Sócrates esteve bem, foi firme, corajoso, positivo e demonstrou, mais uma vez, garra e espírito de luta, não obstante poder estar-se em desacordo com esta ou aquela medida, tomada ou não pelo seu governo mas, na actual conjuntura, este homem e o seu ministro das Finanças, até à data, deixam-me descansado, o que já é muito na presente situação.

Infelizmente não têm uma varinha mágica, pois não.Pelas promessas que ouvimos têm que pedi-la ao ex-ministro Paulo Portas que tinha uma e não a usou quando ganhou votos a prometer pensões aos ex-combatentes do ultramar.



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