Tieta do Agreste
EPISÓDIO Nº 114
DA SEGUNDA APARIÇÃO DOS SUOERES-HERÓIS, DESTA VEZ VINDOS DO MAR, CAPÍTULO RECHEADO DE PERSPECTIVAS E PROJECTOS, ENVOLVENDO DIVERSOS CIDADÂOS: DO MAGNÍFICO DOUTOR A OSNAR, DE PETO A ASCÂNIO TRINDADE
Quando os seres luminosos anunciados na profecia do beato Possidónio surgiram novamente em Agreste, vindos do Oceano Atlântico em potente lancha a motor, moderníssima, aumentados em número e em sexo pois aconteceram machos, fêmeas e andróginos, já se haviam extinguido os ecos do escândalo provocado pela mini-saia de Leonora. A formosa paulista, com a compostura demonstrada no correr do tempo, silenciara os comentários e caíra nas boas graças das devotas. Elisa desistira de desobedecer ao marido, guardando o seu polémico saiote para usá-lo em São Paulo, em breve, se Deus quisesse.
Não se atrevera a enfrentar o deboche e a condenação de Agreste. Com a segunda aparição dos seres extra terrenos, porém, a minis saia tornou-se objecto familiar aos olhos de toda a população da cidade.
Desabalado, Peto, chega à beira do rio, a notícia empolga o bar: está desembarcando um batalhão de gringas. Mal acaba de falar e a praça se enche de marcianos. Ascânio Trindade despenca-se da Prefeitura. Todas as fêmeas vestem minis saias de tecido de xadrez – escocês graúdo, reconhece dona Carmosina – blusa amarela, de malha, altas botas de peliça negra. Nem que fosse de propósito, com o objectivo de redimir Leonora por completo, a cidade é invadida por aquele desparrame de coxas e ancas expostas à brisa e aos olhares ávidos da multidão que acorre de todos os lados.
Idênticas no uniforme, devem ser parte de um exército ou de uma seita religiosa. Verdadeiramente a ausência do beato Possidónio, perde farta matéria para indignação e pragas, seria um pagode. Voltara para Rocinha onde medita e cura.
Veterana, pois vinha pela segunda vez, pernalta e flexível, comandante do batalhão ou sacerdotisa, assistente do guru, a ruiva acena com a mão e retira os óculos, oferendo à admiração geral os olhos de rímel. Minis saia de boneca a revelar tudo, constata Osnar:
- Não mede um palmo dos meus…
E avança para saudar a viajante do espaço, para reatar antigo conhecimento:
- Por aqui, de novo? Uma honra para o condado de Sant’Ana do Agreste.
- Vá, lindo, me ofereça um guaraná, uma coca-cola, vá. Morro de sede. Eu e todo o staff aqui presente.
Os demais membros do staff aproximam-se álacres, efervescentes. Nos machos poucos reparam, os olhos não bastam para as fêmeas. Alguns seres deixam em dúvida atroz os tabacudos cidadãos, confundidos, sem saber o que pensar: aquele ali será o macho ou a fêmea, mulher ou homem? E aquela figura estranha, será hermafrodita?
Abre-se a janela da casa do Prefeito, aparece o rosto aflito, a barba de três dias do dentista Mauritônio. O sucesso da mini-saia de Leonora na feira provocara assobio, gargalhada, troça e trova; tantas mini-saias reunidas na praça provocam pasmo e silêncio. Entupida a calçada em frente ao bar, esvaziam-se as lojas e os armazéns.
- No bar já têm água-de-coco – anuncia Ascânio Trindade convidando o Ente Excelso e seus companheiros. Seu Manuel curva-se para recebê-la.
Que eficiência! – Miss espaço eleva a voz, consulta os demais – Quem gosta de água-de-coco?
- Só com uísque, filha – responde Afrodite, a longa cabeleira batendo no rego da bunda, calça bem colada, blusão hindu, uma cascata de colares.
- Por que ela não está de mini-saia? – pergunta Osnar, sentindo-se lesado por não poder admirar coxas e ancas tão prometedoras.
- Porque não é ela, lindo. É ele…Quer dizer… mais ou menos… É Rufo, nosso decorador. Tem um sucesso!...
- Negativo. O lindo aqui não aprecia, que se há-de fazer?
Demoram pouco, estão de passagem, vindos de Mangue Seco onde outros ficaram, engenheiros e técnicos, conforme revela a nova Barbarela. Os que estão curtindo as paisagens são publicitários, assistentes, secretárias, relações públicas, contactos: competentíssima equipe. Desalteram-se no bar antes de voltar à lancha e seguir rio acima no rumo de Sergipe.
- O queima-rodinha é Rufo, e vós, Princesa, quem sois e de onde vindes? Por acaso Polaca?
EPISÓDIO Nº 114
DA SEGUNDA APARIÇÃO DOS SUOERES-HERÓIS, DESTA VEZ VINDOS DO MAR, CAPÍTULO RECHEADO DE PERSPECTIVAS E PROJECTOS, ENVOLVENDO DIVERSOS CIDADÂOS: DO MAGNÍFICO DOUTOR A OSNAR, DE PETO A ASCÂNIO TRINDADE
Quando os seres luminosos anunciados na profecia do beato Possidónio surgiram novamente em Agreste, vindos do Oceano Atlântico em potente lancha a motor, moderníssima, aumentados em número e em sexo pois aconteceram machos, fêmeas e andróginos, já se haviam extinguido os ecos do escândalo provocado pela mini-saia de Leonora. A formosa paulista, com a compostura demonstrada no correr do tempo, silenciara os comentários e caíra nas boas graças das devotas. Elisa desistira de desobedecer ao marido, guardando o seu polémico saiote para usá-lo em São Paulo, em breve, se Deus quisesse.
Não se atrevera a enfrentar o deboche e a condenação de Agreste. Com a segunda aparição dos seres extra terrenos, porém, a minis saia tornou-se objecto familiar aos olhos de toda a população da cidade.
Desabalado, Peto, chega à beira do rio, a notícia empolga o bar: está desembarcando um batalhão de gringas. Mal acaba de falar e a praça se enche de marcianos. Ascânio Trindade despenca-se da Prefeitura. Todas as fêmeas vestem minis saias de tecido de xadrez – escocês graúdo, reconhece dona Carmosina – blusa amarela, de malha, altas botas de peliça negra. Nem que fosse de propósito, com o objectivo de redimir Leonora por completo, a cidade é invadida por aquele desparrame de coxas e ancas expostas à brisa e aos olhares ávidos da multidão que acorre de todos os lados.
Idênticas no uniforme, devem ser parte de um exército ou de uma seita religiosa. Verdadeiramente a ausência do beato Possidónio, perde farta matéria para indignação e pragas, seria um pagode. Voltara para Rocinha onde medita e cura.
Veterana, pois vinha pela segunda vez, pernalta e flexível, comandante do batalhão ou sacerdotisa, assistente do guru, a ruiva acena com a mão e retira os óculos, oferendo à admiração geral os olhos de rímel. Minis saia de boneca a revelar tudo, constata Osnar:
- Não mede um palmo dos meus…
E avança para saudar a viajante do espaço, para reatar antigo conhecimento:
- Por aqui, de novo? Uma honra para o condado de Sant’Ana do Agreste.
- Vá, lindo, me ofereça um guaraná, uma coca-cola, vá. Morro de sede. Eu e todo o staff aqui presente.
Os demais membros do staff aproximam-se álacres, efervescentes. Nos machos poucos reparam, os olhos não bastam para as fêmeas. Alguns seres deixam em dúvida atroz os tabacudos cidadãos, confundidos, sem saber o que pensar: aquele ali será o macho ou a fêmea, mulher ou homem? E aquela figura estranha, será hermafrodita?
Abre-se a janela da casa do Prefeito, aparece o rosto aflito, a barba de três dias do dentista Mauritônio. O sucesso da mini-saia de Leonora na feira provocara assobio, gargalhada, troça e trova; tantas mini-saias reunidas na praça provocam pasmo e silêncio. Entupida a calçada em frente ao bar, esvaziam-se as lojas e os armazéns.
- No bar já têm água-de-coco – anuncia Ascânio Trindade convidando o Ente Excelso e seus companheiros. Seu Manuel curva-se para recebê-la.
Que eficiência! – Miss espaço eleva a voz, consulta os demais – Quem gosta de água-de-coco?
- Só com uísque, filha – responde Afrodite, a longa cabeleira batendo no rego da bunda, calça bem colada, blusão hindu, uma cascata de colares.
- Por que ela não está de mini-saia? – pergunta Osnar, sentindo-se lesado por não poder admirar coxas e ancas tão prometedoras.
- Porque não é ela, lindo. É ele…Quer dizer… mais ou menos… É Rufo, nosso decorador. Tem um sucesso!...
- Negativo. O lindo aqui não aprecia, que se há-de fazer?
Demoram pouco, estão de passagem, vindos de Mangue Seco onde outros ficaram, engenheiros e técnicos, conforme revela a nova Barbarela. Os que estão curtindo as paisagens são publicitários, assistentes, secretárias, relações públicas, contactos: competentíssima equipe. Desalteram-se no bar antes de voltar à lancha e seguir rio acima no rumo de Sergipe.
- O queima-rodinha é Rufo, e vós, Princesa, quem sois e de onde vindes? Por acaso Polaca?
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home