TIETA DO AGRESTE
EPISÓDIO Nº 206
EPISÓDIO Nº 206
ONDE SE ERGUE UM ÚLTIMO BRINDE À AMIZADE E À GRATIDÃO
Voz de galhofa, Aminthas pergunta, ao ver passar, apressado, suando em bicas, pasta negra sob o sovaco, a potente figura do doutor Baltazar Moreira, bacharel em Direito com escritório em Feira de Santana.
- Será que escolheram Agreste para algum congresso de juristas? Onde a gente chega tropeça num advogado.
Osnar descansa o taco, constata a diferença de pontos a separá-lo de Fidélio, já não vê possibilidade de recuperação e vitória, assume o papel de hierofante em geral exercido pelo poeta Barbozinha:
- Quando os urubus aparecem, é sinal de carniça. Isso aqui vai feder.
Adiadas as partidas decisivas do campeonato, devido à viagem de Ascânio à Capital, os candidatos ao Taco de Ouro contentaram-se com desafios amistosos, à base de apostas de garrafas de cerveja. De pé para melhor observar o jogo de Fidélio, seu próximo adversário nas semifinais, Seixas intervém:
- Ainda bem que vai feder. Vamos sentir o cheiro do petróleo, do enxofre, dos gases das indústrias químicas. Fedor de progresso, Osnar. Não é mesmo Fidélio?
No espanto da pergunta inesperada, Fidélio reage:
- Que é que eu tenho a ver com isso?
- Você não é um dos Antunes, um dos herdeiros do coqueiral? Todo o mundo ouviu o doutor Franklin dizer, no cartório. Ou você pretende esconder sua riqueza da gente? Está aí, está milionário, sócio da Brastânio, pronto para poluir Mangue Seco. Garanto que um desses advogados veio a seu pedido, não é? Qual deles, solte a língua, conte a seus amigos.
Fidélio suspende a tacada, fala sério, sem achar graça na provocação do parceiro:
- Não preciso de advogado – Volta à tacada e à habitual reserva.
- Se você quiser, eu posso me ocupar do seu caso – Seixas persiste na pilhéria sem ligar para a tromba do companheiro:
- Para começar, lhe aconselho a juntar seus trapinhos com os de dona Carlota que é outra candidata ao coqueiral, casamento com comunhão de bens, Antunes com Antunes. Além de tudo, você pega um cabaço enrustido, de antiquário, digno de museu.
Fidélio liquida a partida, uma última carambola, tenta acabar também com a zombaria que evidentemente não lhe agrada:
- Não preciso de advogado nem de conselheiro. Meta-se com sua vida… Sua intenção eu sei qual é: me irritar pôr nervoso para eu perder quando jogar com você. Isso é uma safadeza.
Abespinha-se Seixas:
- Só estava fazendo uma brincadeira, sem nenhuma intenção. Para ganhar de você não preciso disso, já ganhei muitas vezes. Não admito que me chame de desonesto.
Osnar tendo guardado o taco, corta a discussão:
- Que besteira é essa? Vamos acabar com isso. Deixem que a carniça apodreça longe da gente. Eu disse que vai feder e ajunto: vai feder e ferver. Mas quem quiser discutir sobre essas porcarias, vá discutir longe daqui. Nossa chacrinha não tem nada a ver com isso. Há quantos anos somos amigos? – Muda de assunto: - Se vocês garantem não falar a Astério, conto uma surpresa que estou planejando fazer.
Voz de galhofa, Aminthas pergunta, ao ver passar, apressado, suando em bicas, pasta negra sob o sovaco, a potente figura do doutor Baltazar Moreira, bacharel em Direito com escritório em Feira de Santana.
- Será que escolheram Agreste para algum congresso de juristas? Onde a gente chega tropeça num advogado.
Osnar descansa o taco, constata a diferença de pontos a separá-lo de Fidélio, já não vê possibilidade de recuperação e vitória, assume o papel de hierofante em geral exercido pelo poeta Barbozinha:
- Quando os urubus aparecem, é sinal de carniça. Isso aqui vai feder.
Adiadas as partidas decisivas do campeonato, devido à viagem de Ascânio à Capital, os candidatos ao Taco de Ouro contentaram-se com desafios amistosos, à base de apostas de garrafas de cerveja. De pé para melhor observar o jogo de Fidélio, seu próximo adversário nas semifinais, Seixas intervém:
- Ainda bem que vai feder. Vamos sentir o cheiro do petróleo, do enxofre, dos gases das indústrias químicas. Fedor de progresso, Osnar. Não é mesmo Fidélio?
No espanto da pergunta inesperada, Fidélio reage:
- Que é que eu tenho a ver com isso?
- Você não é um dos Antunes, um dos herdeiros do coqueiral? Todo o mundo ouviu o doutor Franklin dizer, no cartório. Ou você pretende esconder sua riqueza da gente? Está aí, está milionário, sócio da Brastânio, pronto para poluir Mangue Seco. Garanto que um desses advogados veio a seu pedido, não é? Qual deles, solte a língua, conte a seus amigos.
Fidélio suspende a tacada, fala sério, sem achar graça na provocação do parceiro:
- Não preciso de advogado – Volta à tacada e à habitual reserva.
- Se você quiser, eu posso me ocupar do seu caso – Seixas persiste na pilhéria sem ligar para a tromba do companheiro:
- Para começar, lhe aconselho a juntar seus trapinhos com os de dona Carlota que é outra candidata ao coqueiral, casamento com comunhão de bens, Antunes com Antunes. Além de tudo, você pega um cabaço enrustido, de antiquário, digno de museu.
Fidélio liquida a partida, uma última carambola, tenta acabar também com a zombaria que evidentemente não lhe agrada:
- Não preciso de advogado nem de conselheiro. Meta-se com sua vida… Sua intenção eu sei qual é: me irritar pôr nervoso para eu perder quando jogar com você. Isso é uma safadeza.
Abespinha-se Seixas:
- Só estava fazendo uma brincadeira, sem nenhuma intenção. Para ganhar de você não preciso disso, já ganhei muitas vezes. Não admito que me chame de desonesto.
Osnar tendo guardado o taco, corta a discussão:
- Que besteira é essa? Vamos acabar com isso. Deixem que a carniça apodreça longe da gente. Eu disse que vai feder e ajunto: vai feder e ferver. Mas quem quiser discutir sobre essas porcarias, vá discutir longe daqui. Nossa chacrinha não tem nada a ver com isso. Há quantos anos somos amigos? – Muda de assunto: - Se vocês garantem não falar a Astério, conto uma surpresa que estou planejando fazer.
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