A ACTUAL SITUAÇÃO E O NOVO QUADRO POLÍTICO
O desemprego não é, automaticamente, sinónimo de pobreza mas num país com esquemas de protecção social limitados e um nível baixo de investimento que reduz a possibilidade de novos empregos, constitui um forte motivo de preocupação e, em certos casos, factor de trauma psicológico.
Vagas de trabalhadores são colocadas fora dos circuitos de trabalho ou porque sectores inteiros de actividade perderam a competitividade a favor de outros países que trabalham com condições imbatíveis ou porque através de uma estratégia de redução de custos, agravados na actual conjuntura, as grandes empresas fundem-se e quando assim é sobram sempre trabalhadores.
Estamos numa fase de profunda transformação e embora nem tudo mude de um dia para o outro é contudo demasiado rápido para que a aprendizagem da mudança possa ser feita sem enormes custos humanos e sociais, não obstante as medidas que o governo possa tomar no campo da educação, formação profissional, apoios ao emprego e dos esquemas de protecção social.
Numa conjuntura destas era importante que o Estado Social se pudesse manter e até aumentar para atender à instabilidade do inevitável emprego precário mas as receitas do Estado que dependem dos impostos e estes do aumento da riqueza não deixam margem.
Por isso, a necessidade de um enorme cuidado e sensibilidade mas também rigor com os critérios que presidem às despesas de cariz social.
Neste campo, alguns dos programas levados a cabo nos últimos anos precisam de ser afinados e completamente despidos de aspectos demagógicos para ganhar votos nas urnas.
A cultura do subsídio/dependência tem que ser erradicada.
De acordo com os velhos e sábios ensinamentos chineses é preferível ensinar as pessoas a pescar do que dar-lhes um peixe todos os dias. Infelizmente, depois de ensinar as pessoas a trabalhar, é preciso que elas tenham a oportunidade de o fazer porque melhorar a posição no mercado de emprego é importante mas não suficiente e o "direito ao trabalho", justa reinvindicação, pode não passar disso mesmo.
Vagas de trabalhadores são colocadas fora dos circuitos de trabalho ou porque sectores inteiros de actividade perderam a competitividade a favor de outros países que trabalham com condições imbatíveis ou porque através de uma estratégia de redução de custos, agravados na actual conjuntura, as grandes empresas fundem-se e quando assim é sobram sempre trabalhadores.
Estamos numa fase de profunda transformação e embora nem tudo mude de um dia para o outro é contudo demasiado rápido para que a aprendizagem da mudança possa ser feita sem enormes custos humanos e sociais, não obstante as medidas que o governo possa tomar no campo da educação, formação profissional, apoios ao emprego e dos esquemas de protecção social.
Numa conjuntura destas era importante que o Estado Social se pudesse manter e até aumentar para atender à instabilidade do inevitável emprego precário mas as receitas do Estado que dependem dos impostos e estes do aumento da riqueza não deixam margem.
Por isso, a necessidade de um enorme cuidado e sensibilidade mas também rigor com os critérios que presidem às despesas de cariz social.
Neste campo, alguns dos programas levados a cabo nos últimos anos precisam de ser afinados e completamente despidos de aspectos demagógicos para ganhar votos nas urnas.
A cultura do subsídio/dependência tem que ser erradicada.
De acordo com os velhos e sábios ensinamentos chineses é preferível ensinar as pessoas a pescar do que dar-lhes um peixe todos os dias. Infelizmente, depois de ensinar as pessoas a trabalhar, é preciso que elas tenham a oportunidade de o fazer porque melhorar a posição no mercado de emprego é importante mas não suficiente e o "direito ao trabalho", justa reinvindicação, pode não passar disso mesmo.
Numa sociedade capitalista, como aquela em que vivemos, mesmo devidamente regulamentada, os empregos são esmagadoramente criados pelo investimento privado e relativamente a eles os Estados apenas os podem disputar, o que não é fácil porque estamos numa situação de crise de confiança generalizada, não só pelo número exagerado de desempregados, aqui e em todo o mundo, como igualmente pelos próprios empregados que temem pelo futuro dos seus empregos e tudo isto gera diminuição do consumo e consequentemente retracção do investimento e logo produção de menor riqueza e emprego, naquilo a que se pode chamar de autêntica "pescadinha de rabo na boca".
A Globalização veio trazer uma nova realidade que sendo boa para as grandes empresas que dispõem de recursos técnicos e financeiros e se podem movimentar por esse mundo fora foi, no entanto, para a maioria das pequenas e médias empresas e para os seus trabalhadores de terríveis consequências.
Sabia-se que ia ser assim, havia até datas marcadas mas como fazer parar uma vida que está a decorrer?
Criaram a ilusão de que o dia de ontem seria igual ao de hoje, o de hoje ao de amanhã e por aí fora e depois, simplesmente, deixou de haver dia.
Conheci empresários que aplicaram os lucros obtidos em muitos anos de trabalho em novas instalações para as suas fábricas às quais, no outro dia, não sabiam o que fazer porque o mercado, ou o que julgavam ser o mercado, desaparecera. O que sobrou foi um sentimento de impotência e de desespero como se o mundo, de repente, lhes tivesse faltado debaixo dos pés.
Sem expectativas, restaram, para os mais corajosos e inconformados, os caminhos da emigração como já vem sendo hábito na história do nosso país em situações de maiores dificuldades.
O que tem vindo a acontecer é uma alteração profunda do nosso tecido económico e isto significa que temos de passar a fazer outras coisas, algumas das que já fazíamos, mas de outra maneira.
Para se conseguir isto quase que são precisos novos portugueses, com mais capacidades, outro dinamismo, imaginação, espírito de risco, com uma instrução e educação apontadas para a produção de riquezas estratégicas - menciono aqui o que se está a passar no sector da produção de vinhos de marca com enorme qualidade, produzido por jovens altamente especializados tirando partido de terrenos e micro-climas que oferecem essas possibilidades mas que já existiam sem serem devidamente aproveitados - .
Durante alguns anos, talvez mais de uma geração, teremos um número de desempregados de longa duração superior ao que tivemos antes porque a aprendizagem a fazer tem que ser interiorizada e a recuperação dos níveis de confiança que levam ao investimento para a saída da crise é gradual e não se sabe o tempo que leva.
Sabia-se que ia ser assim, havia até datas marcadas mas como fazer parar uma vida que está a decorrer?
Criaram a ilusão de que o dia de ontem seria igual ao de hoje, o de hoje ao de amanhã e por aí fora e depois, simplesmente, deixou de haver dia.
Conheci empresários que aplicaram os lucros obtidos em muitos anos de trabalho em novas instalações para as suas fábricas às quais, no outro dia, não sabiam o que fazer porque o mercado, ou o que julgavam ser o mercado, desaparecera. O que sobrou foi um sentimento de impotência e de desespero como se o mundo, de repente, lhes tivesse faltado debaixo dos pés.
Sem expectativas, restaram, para os mais corajosos e inconformados, os caminhos da emigração como já vem sendo hábito na história do nosso país em situações de maiores dificuldades.
O que tem vindo a acontecer é uma alteração profunda do nosso tecido económico e isto significa que temos de passar a fazer outras coisas, algumas das que já fazíamos, mas de outra maneira.
Para se conseguir isto quase que são precisos novos portugueses, com mais capacidades, outro dinamismo, imaginação, espírito de risco, com uma instrução e educação apontadas para a produção de riquezas estratégicas - menciono aqui o que se está a passar no sector da produção de vinhos de marca com enorme qualidade, produzido por jovens altamente especializados tirando partido de terrenos e micro-climas que oferecem essas possibilidades mas que já existiam sem serem devidamente aproveitados - .
Durante alguns anos, talvez mais de uma geração, teremos um número de desempregados de longa duração superior ao que tivemos antes porque a aprendizagem a fazer tem que ser interiorizada e a recuperação dos níveis de confiança que levam ao investimento para a saída da crise é gradual e não se sabe o tempo que leva.
Para muitos, especialmente os mais velhos, o futuro emprego será apenas uma miragem e é para estes que os esquemas de apoio social têm que ser principalmente dirigidos pois já perderam em definitivo a riqueza que era a sua juventude.
O país tem uma longa história de dinheiros fáceis e aventuras, adquirido ao longo de séculos com as especiarias, os escravos, o comércio do açúcar, da borracha, do volfrâmio e, mais recentemente, os Quadros Comunitários de Apoio. o último dos quais está a decorrer.
A nossa riqueza tem que ser produzida por nós e resultar do nosso trabalho, criatividade, esforço, inteligência individual e colectiva.
A partir de agora, da geração dos meus netos, finalmente, tudo se vai decidir: o nosso futuro deixou de poder estar adiado, estamos lançados na europa e no mundo, em competição, sem impérios, sem mais ajudas.
O país tem uma longa história de dinheiros fáceis e aventuras, adquirido ao longo de séculos com as especiarias, os escravos, o comércio do açúcar, da borracha, do volfrâmio e, mais recentemente, os Quadros Comunitários de Apoio. o último dos quais está a decorrer.
A nossa riqueza tem que ser produzida por nós e resultar do nosso trabalho, criatividade, esforço, inteligência individual e colectiva.
A partir de agora, da geração dos meus netos, finalmente, tudo se vai decidir: o nosso futuro deixou de poder estar adiado, estamos lançados na europa e no mundo, em competição, sem impérios, sem mais ajudas.
Nove séculos de uma história em comum finalmente postos à prova de uma forma como nunca esteve. Temos uma sociedade pacífica, uma democracia estabilizada, uma juventude cheia de sonhos e de ambições mas também de muitos vícios herdados e alguns recentes.
Temos que fazer como há quinhentos anos: esquecer as fronteiras e darmo-nos ao mundo jogando com os mesmos atributos de então, agora na conquista de mercados e de trabalho mas olhando para dentro do nosso país de uma forma diferente, com mais respeito e seriedade.
Receio pela nossa classe política que deveria ter muita gente que não está lá e cujo qualidade do contributo se faz sentir a falta e este é um aspeto preocupante. O protagonismo político e o interesse pessoal e partidário parece sobrepor-se cada vez mais aos interesses do país e o desafio, que no actual quadro saído das eleições, está colocado ao futuro governo de José Sócrates deve-nos merecer muita atenção porque em democracia, mais cedo ou mais tarde, somos nós, cidadãos eleitores, que vamos decidir e para o fazermos bem devemos estar muito atentos ao que se vai passar.
Sócrates é a personagem chave mas agora a oposição vai ter um papel que não teve anteriomente. Nas últimas eleições o secretário geral do PS esteve sózinho "sentado no banco dos réus" e, pelos vistos, os eleitores "não o condenaram" e ele foi reeleito.
Sócrates é a personagem chave mas agora a oposição vai ter um papel que não teve anteriomente. Nas últimas eleições o secretário geral do PS esteve sózinho "sentado no banco dos réus" e, pelos vistos, os eleitores "não o condenaram" e ele foi reeleito.
Nas próximas eleições os portugueses irão julgá-lo novamente mas, nessa altura, ao seu lado estará também no "banco dos réus" a oposição.
Iremos então assistir a um enorme jogo de "passa culpas" que se começa já a desenhar e eu temo que os "impasses", que naturalmente vão acontecer, atrazem resoluções que a nossa sociedade precisa e não a tornem aliciante ao investimento, o tal que gera a riqueza e postos de trabalho.
Não vão ser fáceis os novos tempos que aí vêm... é certo que já tivemos anteriormente governos de minoria mas a situação agora é outra, de muito maiores dificuldades e os personagens também não são os mesmos.
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