Não Somos
Gregos!
A situação económica e financeira de Portugal não é boa, é aliás muito difícil, mas os portugueses, todos nós, têm uma característica particular que só serve para afundar ainda mais o país.
Agora, passou a ser moda comparar o país à Grécia e afirmar, com gosto, que também estamos à beira da bancarrota. Não é verdade e, por isso, a explicação só pode ser encontrada na luta política e no desgaste do Governo que, infelizmente, em última análise afecta negativamente o país e o seu futuro.
Vamos por partes: a Grécia tem um desequilíbrio orçamental desconhecido. Exactamente:
Agora, passou a ser moda comparar o país à Grécia e afirmar, com gosto, que também estamos à beira da bancarrota. Não é verdade e, por isso, a explicação só pode ser encontrada na luta política e no desgaste do Governo que, infelizmente, em última análise afecta negativamente o país e o seu futuro.
Vamos por partes: a Grécia tem um desequilíbrio orçamental desconhecido. Exactamente:
- O Eurostat fez saber, publicamente, que os números de défice e dívida pública divulgados pelas autoridades estatísticas gregas não foram calculados de forma independente e não são tecnicamente fiáveis. Mais, a Comissão Europeia revelou que as revisões de défice e de dívida pública com a magnitude que se verificaram na Grécia este ano - e que ainda estão por concluir, diga-se de passagem - são recorrentes naquele país. O défice anunciado em Outubro para 2009 era de 12,5%, mas já ninguém acredita neles. Ora, esta desconfiança já está a ter reflexos no prémio que o Estado grego tem de pagar para pedir financiamento a países-terceiros, o chamado spread, como sucederia com qualquer família que estivesse em risco de colapso financeiro e fosse pedir dinheiro emprestado ao banco.
Portugal não está neste situação e seria importante que fossem os economistas portugueses os primeiros a desmistificar este cenário, que, obviamente, só serve para causar alarmismo interno e desconfiança externa, desde logo dos investidores internacionais, como se já não bastassem as análises das agências de rating.
A economia portuguesa tem problemas estruturais que estão ainda longe de ser resolvidos e isso explica porque é que o crescimento continuará a ser fraco em 2010 e insuficiente para travar o aumento do desemprego. Outro indicador basta: o défice externo, corrente (bens e serviços) de capital, vai aumentar, o que revela que quando começarmos a crescer um pouco, temos de financiar esse crescimento com o recurso ao exterior.
Os incentivos de políticas públicas, esses, têm de ser os correctos para aumentar a produtividade e competitividade das empresas portuguesas, particularmente as exportadoras, para aproveitar a retoma económica dos nossos maiores parceiros comerciais. Neste contexto, o orçamento do próximo ano tem de fazer o equilíbrio, difícil, entre estímulos à economia (que continuam a ser necessários, dr. Catroga), os apoios sociais, o investimento e o corte de despesa corrente.
Não existem riscos? Existem, desde logo Portugal não fazer o seu trabalho de casa. E um mais imediato, que nos aproxima dos gregos e que é uma espécie de ‘gripe A financeira', que nos contaminará caso a Grécia entre numa situação-limite de colapso e falência, à semelhança da Islândia, por exemplo. Dito isto, não somos gregos.
António Costa, Director
antonio.costa@economico.pt
Portugal não está neste situação e seria importante que fossem os economistas portugueses os primeiros a desmistificar este cenário, que, obviamente, só serve para causar alarmismo interno e desconfiança externa, desde logo dos investidores internacionais, como se já não bastassem as análises das agências de rating.
A economia portuguesa tem problemas estruturais que estão ainda longe de ser resolvidos e isso explica porque é que o crescimento continuará a ser fraco em 2010 e insuficiente para travar o aumento do desemprego. Outro indicador basta: o défice externo, corrente (bens e serviços) de capital, vai aumentar, o que revela que quando começarmos a crescer um pouco, temos de financiar esse crescimento com o recurso ao exterior.
Os incentivos de políticas públicas, esses, têm de ser os correctos para aumentar a produtividade e competitividade das empresas portuguesas, particularmente as exportadoras, para aproveitar a retoma económica dos nossos maiores parceiros comerciais. Neste contexto, o orçamento do próximo ano tem de fazer o equilíbrio, difícil, entre estímulos à economia (que continuam a ser necessários, dr. Catroga), os apoios sociais, o investimento e o corte de despesa corrente.
Não existem riscos? Existem, desde logo Portugal não fazer o seu trabalho de casa. E um mais imediato, que nos aproxima dos gregos e que é uma espécie de ‘gripe A financeira', que nos contaminará caso a Grécia entre numa situação-limite de colapso e falência, à semelhança da Islândia, por exemplo. Dito isto, não somos gregos.
António Costa, Director
antonio.costa@economico.pt
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