domingo, janeiro 03, 2010


O POR QUÊ DO
AMOR
ROMÂNTICO



Helen Fischer, cientista, dedicada à pesquisa sobre “as coisas do amor” deu, em Fevereiro de 2008, uma palestra sobre o resultado de experiências que efectuou submetendo 37 pessoas que estavam loucamente apaixonadas a ressonâncias magnéticas nos seus cérebros.

Mas antes de falar no cérebro e do resultado desses exames, ela relata-nos algumas histórias de amor, das muitas que leu, e que evidenciam não apenas o que a ciência comprova: que ele, o amor romântico, para além de ser uma das substâncias mais viciosas do mundo, pode manter-se, não só o número de meses suficientes para que um casal se conheça, copule e produza uma criança (biologicamente estamos programados para nos sentirmos apaixonados entre 18 a 32 meses, de acordo com estudos efectuados pela Professora na Universidade de Nova Yorque, Cindy Hazan) como, em alguns casos, pela vida inteira:

- Nas selvas da Guatemala, em Tikal, fica um templo (fotog. em cima) que foi construído pelo grande Rei Sol do maior estado autónomo da maior das civilizações das Américas, os Maias.

Seu nome era Jasan Chan Kawill, tinha mais de um metro e oitenta, viveu até aos oitenta anos e foi enterrado nesse monumento em 720 D.C.

As escrituras Maias proclamam que amava sua mulher profundamente e por isso construiu um Templo em sua honra na direcção do dele de forma que, a cada primavera e Outono, exactamente no equinócio, o sol surge atrás do templo dele e cobre totalmente o templo dela com a sua sombra, e quando o sol se põe, atrás do templo dela, de tarde, ele cobre, com a sombra, perfeitamente, o templo dele.

Após 1.300 anos, estes dois amantes de uma vida, continuam a “beijar-se” nos seus sepulcros.

As pessoas amam em todo o mundo…cantam, dançam, compõem poemas e histórias sobre o amor. Definham, vivem, matam e morrem por amor.

Os antropologistas estudaram 170 sociedades diferentes e em todas elas encontraram evidências do amor.

Um dos mais lindos poemas sobre o amor foi contado por uma índia Kwakult, do sudeste do Alasca a um missionário em 1896:

“Fogo corre através do meu corpo com a dor de te amar. Dor corre através do meu corpo com o fogo do meu amor por você.

Dói como um furúnculo prestes a explodir com meu amor por você, consumido por fogo com meu amor por você.

Eu lembro o que você disse para mim. Estou pensando sobre o seu amor por mim.

Sou mutilada por seu amor por mim…dor e mais dor.
Onde você vai com meu amor?
Me disseram que você vai embora.
Me disseram vai me deixar aqui.

Meu corpo está anestesiado de pesares
Lembre o que eu disse, meu amor
Adeus, meu amor, adeus…

Emily Dickinson escreveu uma vez:

- “Separação, é tudo o que precisamos conhecer do inferno”.

Como dizia um poeta japonês do sec. VIII:

- “Meu desejo não tinha tempo quando acabava”.

O amor é selvagem e a obsessão podem piorar quando você sente que foi rejeitado.

Como o poeta Terence disse uma vez:

- “Quanto menos é a minha esperança, mais quente é o meu amor”.

E, de facto, assim é:


- Dois mil anos depois podemos explicar isso no cérebro. O sistema de “recompensas por querer, por motivação, por desejo”, torna-se mais activo quando você não pode ter o que quer, neste caso, o grande prémio da vida, o jackpot: um parceiro reprodutor adequado.

Quando você é rejeitado por amor, não só está sendo engolido pelo amor romântico como se sente mais profundamente apegado à pessoa que o recusa...é como se ela estivesse morando dentro da sua cabeça.

Por isso, podemos dizer, que o amor romântico é a chave da procriação.
Não o impulso para o sexo porque esse leva-nos a uma gama diferente de parceiros num autêntico desperdício de energias enquanto que o primeiro, que nos conduz para uma pessoa de cada vez, conserva a nossa energia procriadora.

Toda a poesia sobre amor romântico pode resumir-se ao que Platão nos disse dois mil anos atrás:

- “O deus do amor vive em estado de carência. É uma necessidade, uma urgência, um desequilíbrio homeostático, conforme a fome e a sede é quase impossível de eliminar”

Mas o amor romântico é também um vício, completamente maravilhoso quando tudo corre bem e horrível no caso contrário.

Nele estão todas as características do vício:

- Só pensa na pessoa, obsessivamente;

- Deseja-a:

- Distorce a realidade e está disposto a correr enormes riscos para a conquistar.

- Uma senhora, minha amiga, tinha ultrapassado um terrível caso amoroso. Tinham já passado oito meses e ela agora estava bem.

No outro dia, ia volante do seu carro, quando, de repente, ouviu na rádio uma canção que a fez lembrar essa pessoa.

Além de um desejo enorme de voltar imediatamente para ele, teve de encostar o carro para chorar agarrada ao volante.

Tenhamos, pois, em atenção, que o amor romântico é o produto de uma das substâncias com maior capacidade de viciação constituída por muitas substâncias químicas (Feniletilamina, Octovina, Dopamina, Serotomina, Estrogénio, Testosterona) que em determinadas situações se concentram e mobilizam dentro do nosso corpo para provocarem aqueles estados de alma que todos os que alguma vez se apaixonaram conheceram bem.

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