Dias difíceis, estes, para a Igreja
A Igreja, na tentativa desesperada de explicar-se, justificar-se e mesmo negar as comprovadas acusações de comportamentos pedófilos dos seus membros, que continuam a chegar ao conhecimento público ao ritmo a que os cogumelos brotam em certos meios nos dias em que faz sol depois de um outro em que choveu, tem produzido afirmações que logo a seguir se vê obrigada a explicar para apagar os fogos das justas reacções que despertam nos sectores da sociedade atingidos.
O Cardeal Bertone veio dizer que há uma relação entre homossexualidade e pedofilia o que é um perfeito disparate logo denunciado pela comunidade científica. Por isso, logo de seguida, veio um esclarecimento dizendo que o Cardeal só falava dos padres pedófilos e, nestes, a homossexualidade estaria mais relacionada com a prática do crime do que o celibato. Se a anterior é um disparate, esta, a explicação, vale o que vale e naturalmente vale pouco ou nada mas, pelo menos, retirou à frase a conotação directa “homossexualidade – pedofilia”.
Antes, tinha sido a frase do pregador da Casa Pontifícia que comparou as acusações de pedofilia com as perseguições aos judeus. Logo a seguir a explicação: “…o pregador citava a carta de um amigo judeu …”
Ora, a Igreja está estruturada em termos de pensamento, para a infalibilidade dos seus dogmas e não está preparada para ser questionada, para se colocar ao nível das coisas terrenas.
Os padres quando se confessam é uns aos outros e tudo fica no domínio da justiça divina que eles controlam perfeitamente através dos mecanismos da penitência, oração, arrependimento e finalmente do perdão... porque Deus é infinitamente bom.
A hierarquia da Igreja, confrontada com crimes desta natureza praticados por representantes seus, foi escondendo, silenciando, mudando os criminosos de umas paróquias para as outras, porque durante séculos ela nunca precisou de dar satisfações de si própria, de falar de si. Ela tinha um estatuto que lhe conferia um poder tal que lhe permitia passar à margem da justiça dos homens e tempos houve em que ela era a própria justiça, espiritual e temporal.
Os tempos hoje são outros, as pessoas muito mais informadas tornaram-se mais críticas, não aceitam boquiabertas todas as informações que lhe são passadas mesmo as que trazem a chancela dos altos dignitários da Igreja.
Nesta história dos crimes de pedofilia o que está verdadeiramente em causa para a Igreja é a idoneidade, a credibilidade, a confiança que merecem os homens que têm por missão transmitir aos outros a verdade divina.
Porque é, na verdade, uma questão de confiança: a palavra divina está num livro sagrado, é um axioma, não precisa de ser demonstrada, não é o produto final de um processo de raciocínio e, portanto, o seu destinatário aceita-a apenas por uma questão de fé mas espera, exije mesmo, que o mensageiro seja uma pessoa de bem porque se o não for a mensagem perde força e qualidade.
Não oferece dúvidas a ninguém que um padre pedófilo não é uma pessoa de bem e se a fé dos destinatários da verdade divina, de uma forma genérica, não tem hoje a mesma força do antigamente, a tal crise da fé de que os homens da Igreja se queixam, então as coisas ficam muito piores.
Dias difíceis, estes, para a Igreja, acusada e julgada nos cabeçalhos dos jornais.
O Cardeal Bertone veio dizer que há uma relação entre homossexualidade e pedofilia o que é um perfeito disparate logo denunciado pela comunidade científica. Por isso, logo de seguida, veio um esclarecimento dizendo que o Cardeal só falava dos padres pedófilos e, nestes, a homossexualidade estaria mais relacionada com a prática do crime do que o celibato. Se a anterior é um disparate, esta, a explicação, vale o que vale e naturalmente vale pouco ou nada mas, pelo menos, retirou à frase a conotação directa “homossexualidade – pedofilia”.
Antes, tinha sido a frase do pregador da Casa Pontifícia que comparou as acusações de pedofilia com as perseguições aos judeus. Logo a seguir a explicação: “…o pregador citava a carta de um amigo judeu …”
Ora, a Igreja está estruturada em termos de pensamento, para a infalibilidade dos seus dogmas e não está preparada para ser questionada, para se colocar ao nível das coisas terrenas.
Os padres quando se confessam é uns aos outros e tudo fica no domínio da justiça divina que eles controlam perfeitamente através dos mecanismos da penitência, oração, arrependimento e finalmente do perdão... porque Deus é infinitamente bom.
A hierarquia da Igreja, confrontada com crimes desta natureza praticados por representantes seus, foi escondendo, silenciando, mudando os criminosos de umas paróquias para as outras, porque durante séculos ela nunca precisou de dar satisfações de si própria, de falar de si. Ela tinha um estatuto que lhe conferia um poder tal que lhe permitia passar à margem da justiça dos homens e tempos houve em que ela era a própria justiça, espiritual e temporal.
Os tempos hoje são outros, as pessoas muito mais informadas tornaram-se mais críticas, não aceitam boquiabertas todas as informações que lhe são passadas mesmo as que trazem a chancela dos altos dignitários da Igreja.
Nesta história dos crimes de pedofilia o que está verdadeiramente em causa para a Igreja é a idoneidade, a credibilidade, a confiança que merecem os homens que têm por missão transmitir aos outros a verdade divina.
Porque é, na verdade, uma questão de confiança: a palavra divina está num livro sagrado, é um axioma, não precisa de ser demonstrada, não é o produto final de um processo de raciocínio e, portanto, o seu destinatário aceita-a apenas por uma questão de fé mas espera, exije mesmo, que o mensageiro seja uma pessoa de bem porque se o não for a mensagem perde força e qualidade.
Não oferece dúvidas a ninguém que um padre pedófilo não é uma pessoa de bem e se a fé dos destinatários da verdade divina, de uma forma genérica, não tem hoje a mesma força do antigamente, a tal crise da fé de que os homens da Igreja se queixam, então as coisas ficam muito piores.
Dias difíceis, estes, para a Igreja, acusada e julgada nos cabeçalhos dos jornais.
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