CORAGEM E SENTIDO DA
RESPONSABILIDADE
Se os portugueses não descobrirem ou forem capazes de produzir riqueza de forma mais significativa, não vão continuar a poder distribuir aquilo que não têm, aumentando ainda mais a dívida ao exterior.
Da mesma forma, as famílias têm que viver dentro dos seus orçamentos deixando de contrair dívidas que lhes envenenam o futuro e o dia-a-dia.
Por exemplo, não é indispensável que as pessoas para resolverem o problema da habitação tenham de comprar casa quando as podem arrendar, (80% das dívidas das famílias portuguesas aos bancos respeitam a empréstimos para a compra de casa) como não é mais admissível que contraiam dívidas para consumir produtos de lazer como o conhecido “vá de férias agora e pague depois” numa perspectiva risonha de um futuro de miragem.
Situações deste tipo só podem ter um carácter excepcional porque são insustentáveis e explosivas quando os credores, um dia, “acordam mal dispostos” e fazem sentir aos devedores, que somos nós, que perderam a confiança e vão deixar de nos emprestar mais dinheiro ou exigirem a cobrança do que devemos.
Esta situação que estamos a viver, “crise de confiança” na prática traduz-se no seguinte: “duvidamos que vocês sejam capazes de virem a produzir, um dia, riqueza suficiente para nos pagarem aquilo que devem”… será uma questão do foro psicológico mas também mergulha na nossa realidade económica, social e financeira e nenhuma delas é famosa.
As pessoas reivindicam direitos e têm toda a legitimidade para o fazer mas eles têm um custo, exigem um pagamento da nossa parte e não dos outros, dos que nos emprestam o dinheiro. A nossa qualidade vida tem que ser sustentada por nós, pelo produto do nosso trabalho e das nossas poupanças.
A actual geração tem deferido para o longo prazo, próximas gerações, o pagamento de muitos investimentos no pressuposto de que, sem eles, o desenvolvimento futuro ficaria comprometido. Este raciocínio é compreensível mas muito perigoso porque o remédio poderá ser a morte do doente se ele vier a ser incapaz de pagar esses encargos .… com a agravante de que não foram ouvidos quando as dívidas foram contraídas.
Mas há uma outra questão que a próxima geração, que está aí à porta, nos pode assacar e tem a ver com as despesas correntes de uma administração do Estado e Autárquica que tem vivido à tripa forra nos últimos anos, em grande parte suportada com o dinheiro dos apoios comunitários que se sumiu sem que dele se veja grande coisa que sirva para a economia poder crescer e acompanhar a europa.
Ficaram os vícios da boa vida mas não as fontes que sirvam de base ao nosso desenvolvimento económico e social. Bem à portuguesa, viveu-se o momento… o futuro vinha muito longe e, além disso, a Deus pertence…
Hoje, mais do que aspectos ideológicos, o que está em causa é a coragem de fazer o que não foi feito, vencer resistências e interesses há muito instalados por parte de tudo quanto é grupo profissional e corporativo e, sinceramente, … não lhe vejo jeitos.
Será que vamos ter que esperar pelo FMI e representantes dos nossos credores para nos virem impor aquilo que não somos capazes de fazer de moto próprio?... e, no entanto, temos gente entre nós, competente, que sabe e entende tudo isto perfeitamente.
Estou, estamos apreensivos. As últimas sondagens que dão um reforço na votação do PS e PSD significam exactamente que há uma concordância generalizada com a necessidade de adoptar medidas de austeridade… mas, por favor, cortem nas despesas que há aí ainda muito por onde cortar… não esperem que sejam os outros a fazê-lo ou a mandar que o façamos… não passemos vergonhas… não venham a dar razão ao Dr. Medina Carreira…
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