domingo, junho 06, 2010

ENTREVISTAS
FICCIONADAS

COM JESUS CRISTO



Entrevista Nº 23



Tema – JESUS CRISTO ERA MORENO?


Raquel – Os nossos microfones continuam com Jesus Cristo junto do lago azul e redondo da Galileia numa cobertura especial da sua segunda vinda à Terra.

- Bons dias J.Cristo

Jesus - Bons dias Raquel, a ti e a todos os que nos escutam.

Raquel - E são cada vez mais os que nos ouvem, pendentes das declarações que me vens concedendo. Confesso que sempre fui uma apaixonada da Rádio mas hoje gostaria de estar a trabalhar para a Televisão para poder mostrar aos senhores ouvintes o seu rosto. Certamente que ficariam surpreendidos.

Jesus – E porquê a surpresa?

Raquel – É que o senhor parece-me diferente. Não sei, mas não o imaginava assim…

Jesus – Assim, como?

Raquel – É que nas imagens em que aparece, o senhor não é assim… nem nos quadros, nem nas imagens que reproduziram… não sei como dizer-lhe…

Jesus – Pois diz-me.

Raquel – O senhor… o senhor é muito moreno.

Jesus – Claro, saio à minha mãe.

Raquel – Ela também era assim… morena?

Jesus – Morena e formosa como a rapariga do “Cantar dos Cantares”. O pai dela, o meu avô Joaquim, era ainda mais moreno do que eu. Toda a minha família pelo lado do meu pai José e da minha mãe, saímos todos com a pele bem escura.

Raquel – Essa cor morena era então uma herança familiar?

Jesus – Não Raquel, aqui na Galileia, quem não tinha de sinio tinha de absinio.

Raquel – Também a estatura me surpreende… julgava-o maior… agora estou vendo que não… é quase da minha estatura.

Jesus – No meu tempo as pessoas não eram muito altas. Para além do mais, éramos pobres e com aquilo que comíamos, que não era muito, tampouco dava para crescermos mais.

Raquel – Se a nossa audiência pudesse vê-lo comprovaria que a sua estatura é média e o seu rosto não é fino, delicado, antes quadrado… como direi, o senhor parece um camponês do interior.

Jesus – É que eu fui um camponês do interior e com muita honra, como o meu pai José me ensinou a dizer.

Raquel – E a pele e os olhos… também o imaginava com os olhos azuis, a barba clara, os cabelos suaves, assim, caindo sobre os ombros… bem, como sempre o pintaram: loiro e com a melena dourada…

Jesus – Na Galileia, dourados, apenas os campos de trigo quando estava maduro e pronto para a ceifa… e azul, o lago, quando fazia bom tempo…

Raquel – Então, senhor, por que o pintam sempre como o senhor não foi?

Jesus – Os artistas são caprichosos. Inventam um mundo à sua imagem e semelhança.

Raquel – E como no seu tempo não havia máquina fotográfica, inventaram mal, não é assim?

Jesus – De que me falas, Raquel?

Raquel – Depois lhe explico, agora permita que lhe tire uma fotografia como recordação destas nossas entrevistas para publicar na nossa página da Internet.

Jesus – Tira o que quiseres… o que tenho que fazer?

Raquel – Ponha-se aí com o lago ao fundo… a ver… diga Wisky.

Jesus - Digo o quê?

Raquel – Sorria… já está!... Muito obrigado.

Junto do lago da Galileia e ao pé do moreno Jesus Cristo, sorrindo para os nossos ouvintes, R. Perez da E. Latinas.


NOTA

É obvio que J.Cristo não corresponde à imagem que vem acompanhando o relato destas entrevistas. Ele não seria, concerteza, um dolicocéfalo loiro, olhos azuis e cabelos escorridos sobre os ombros. Ele era um habitante da Galileia, no norte de África, de origem semita e não um descendente dos vikings, dos países do norte da Europa.

Em 2001, a BBC, publicitou uma Série intitulada “O Filho de Deus” apresentando um provável rosto de Jesus Cristo. Com base num crânio judeu do Séc. I da Era Cristã, encontrado em Jerusalém, aplicaram-lhe camadas de argila com a tecnologia gráfica e digital de última geração, chegando, assim, a uma cara que poderia ter sido de J.Cristo e que não anda muito longe dos primeiros rostos que foram pintados na Síria.

Em Jerusalém há muitos homens parecidos com ele. Trata-se de um autêntico judeu, repetido numa multidão de rostos passeando-se pela cidade.

Embora sabendo que ela não corresponde à realidade, manteremos no apoio a estas entrevistas a mesma imagem porque não consideramos isso um aspecto importante e, por outro lado, ela já está ao nosso imaginário.

Importante, mesmo, é sabermos que todos evoluímos, nos últimos 100 a 200.000 anos, de um mesmo grupo de homens e mulheres que nasceram em África e colonizou todo o planeta.

As diferenças que hoje se registam de cor de pele e de traços faciais resultam apenas da adaptação a climas e ambientes distintos que esses grupos humanos foram encontrando nas suas deambulações pelo planeta.

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