sexta-feira, junho 18, 2010

ENTREVISTAS
FICCIONADAS

COM JESUS CRISTO


Entrevista Nº - 31




Tema – Deus faz milagres?



Raquel – Amigos e amigas das E. Latinas, continuamos em Cafarnaum. Ao nosso lado, Jesus Cristo com quem temos de aclarar muitíssimas coisas. Desculpa que insista mas vamos voltar ao tema dos milagres.

Jesus – Pois voltemos, Raquel.

Raquel – Anteriormente o senhor disse que milagre era compartilhar. Compartilhar a comida, os bens, mudar de vida, mas as pessoas procuram outros prodígios. Lourdes, Fátima e outros santuários, os doentes os procuram em peregrinação pedindo curas e quantas campanhas de milagres e curas não se celebram!

Jesus – Como no meu tempo… iam à piscina de Betesda e ao Templo de Jerusalém e rezavam e pediam a Deus que os curassem…

Raquel – E?

Jesus – E nada.

Raquel – Os nossos ouvintes perguntam-se: Se Deus é bom… que lhe custava curar uma velhinha que lhe reza, acende velas e lhe suplica a cura?

Jesus – Tu o disseste. Deus é bom e como bom teria que curar essa velhinha e a todos os velhos que lhe rezam. Não te parece que Deus seria muito injusto se curasse apenas uma e não curasse todos os outros?

Raquel – Talvez esta velinha o merecesse mais, porque rezava mais, porque tinha mais fé.

Jesus – Não, Raquel. A fé não é uma moeda para comprar milagres. “Senhor dou-te tanta fé a troco de um par de milagres.

Raquel – Então, que os cure a todos…

Jesus – E como ninguém quer ficar doente, nem quer morrer, Deus teria que converter-se em médico, suspender a morte e andar curando por todo o mundo e por todo o tempo.

Raquel – Mas poderia fazer alguma excepção, não sei, um tratamento especial para algumas pessoas…

Jesus – Deus não tem preferências para com ninguém. Recordo quando se desmoronou uma torre em Siloé e matou 18 galileus. Os que se salvaram disseram: “Graças a Deus que nos salvámos… e os que morreram? Eram piores do que os sobreviventes? Não mereciam também viver? Não, Deus não tem preferências.

Raquel – Então porque morreram esses 18 galileus?

Jesus – Porque lhes caiu a torre em cima, porque os pedreiros a construíram mal ou porque o vento demasiado forte a deitou a baixo.

Raquel – Em qualquer dos casos, desastre natural ou erro humano, Deus poderia ter impedido que a torre caísse.

Jesus – Se Deus estivesse a corrigir os erros de todos os pedreiros, a corrigir a direcção dos ventos, a impedir todo o mal que nos acontece, tudo o que fazemos de mal, ele teria que ser médico, mestre de carpinteiros e ocupar-se das chuvas e das colheitas e ser juiz para resolver as contendas… e nós, homens e mulheres, não passaríamos de uns bonecos de barro nas suas mãos. Bonecos sem alma, sem liberdade.

Raquel – Em resumo, o senhor diz-nos que Deus não actua, que não cura ninguém porque então teria que curar todos. É assim?

Jesus – Assim é.

Raquel – A mim e a muitos dos nossos ouvintes uma dúvida nos assalta: para que servem então as orações pedindo saúde, trabalho…

Jesus – Posso pedir-te algo a ti? Aqui em Cafarnaum, antigamente, havia uns peixes saborosíssimos. Quero ver como se fazem agora. Acompanhas-me? Podes convidar-me e continuamos a conversar.

Raquel – Claro, está convidado. Assim faço eu o milagre de compartilhar.

Raquel Perez das Emissoras Latinas em Cafarnaum.




NOTA

O mal do mundo é um problema com que se debate a fé em Deus. E esse tropeço resulta de uma determinada imagem de Deus:

- Se Deus é o criador de tudo, se é todo-poderoso e infinitamente bom, porque permite o sofrimento, as catástrofes, o mal e a morte? Não poderia evitar tudo isso?

O teólogo alemão Eugene Drewerman recorre à parábola na pessoa do Director de um Casino que não tendo interesse em que todos os jogadores ganhassem, tinha curiosidade em saber o que se iria passar.

Imagino-me a um Deus que passa à frente do mundo tal como ele é e, se existe, renunciou a saber qual o destino que o mundo terá. Para as ciências naturais que se guiam por uma relação entre o acaso e a necessidade é uma imagem adequada que nos permite compreender porque na nossa terra coabitam tantas maravilhas e ao mesmo tempo tanto sofrimento.

As duas coisas estão relacionadas de uma forma inseparável e há que assumi-lo. Será assim até final.

Os seres humanos têm que aprender a aceitar um mundo aberto e não determinado porque é precisamente isso que nos faz tremendamente responsáveis pelos nossos actos.

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