ENTREVISTAS
FICCIONADAS COM
JESUS CRISTO
Entrevista Nº 51
TEMA – As Prostitutas Primeiro
Raquel – Cai a tarde na Nazaré. Os microfones das E.L. estão instalados às portas da cidade onde nasceu Jesus Cristo. Nada disto existia no seu tempo, verdade?
Jesus – Não, tudo isto era mato…
Raquel – Agora é um populoso bairro árabe com bastante movimento… Está proibido o álcool, mas vende-se… Estão proibidas as drogas… mas elas circulam… esta é aquela a que chamaríamos, uma zona rosa, senhor Jesus Cristo…
Jesus – Por que lhe chamam assim?
Raquel – Digamos, uma zona de tolerância… Vês aquelas jovens… se o senhor estivesse caminhando só, sem a minha companhia, já se teriam acercado.
Jesus – Prostitutas?
Raquel – Sim, a prostituição, uma chaga social, que não acaba nunca.
Jesus – No meu tempo também havia.
Raquel – Bem, dizem que é a profissão mais velha do mundo.
Jovem – É barbudo… Deixa essa magricela e vem comigo!
Raquel – Vês o que te digo?... Actualmente, são consideradas por alguns como trabalhadoras sexuais… uma opção profissional como qualquer outra, que a mulher elege livremente…
Jesus – As que conheci não eram livres… eram mulheres pobres, abandonadas que necessitavam de dar de comer aos filhos… a outras as tinham como escravas sem terem fuga possível… A prostituição é uma das piores ignomínias que se cometem contra as filhas de Deus.
Raquel – Num programa anterior, o senhor esclareceu-nos que a prostituta mais conhecida da história não havia sido prostituta…
Jesus – Referes-te a Maria?
Raquel – Sim, a Maria Madalena. Nos quadros, nas imagens, aparece sempre chorando aos seus pés, uma grande pecadora…
Jesus – Falam assim dela porque não a conheceram…
Raquel – Imagine que até numa novela de rádio progressista, intitulada “Um tal Jesus”, os autores que falaram muito bem do senhor, apresentaram Maria Madalena trabalhando num bordel na Rua dos Jasmins…
Jesus – Pois quem escreveu isso enganou-se.
Raquel – Agora estão arrependidos… Dizem que não sabiam… enfim, voltando ao tema… no seu grupo entraram prostitutas?
Jesus – Naturalmente. Elas eram as últimas das últimas e por isso foi-lhes fácil entender a mensagem e juntarem-se ao nosso movimento.
Raquel – O senhor defendeu-as?
Jesus – Eu disse que elas entrariam primeiro do que os sacerdotes no reino de Deus.
Raquel – Palavras fortes, imagino as reacções…
Jesus – É que os sacerdotes humilhavam-nas demasiado… cuspiam aos seus pés e nem a sua sombra queriam pisar… mas os que lhe chamavam impuras de dia, iam de noite buscá-las…hipócritas!
Raquel – temos uma chamada… sim, alô?
Mona – Fala Mona Sahlin, estou falando do Ministério da Igualdade da Suécia.
Raquel – Uma chamada da Suécia, Jesus Cristo… Sim, diga senhora ministra…
Mona – Diga a senhora a Jesus Cristo que o meu governo criou leis sobre a prostituição em que os perseguidos e os castigados não são as prostitutas mas os clientes.
Raquel – Bem feito. E mantêm-nos presos?
Mona – Sim, porque é um delito, uma violência contra as mulheres.
Raquel – E a elas?
Mona – Oferecemos-lhes oportunidades de trabalho e de reabilitação, se ela quiser. Não tem sido fácil entender este caminho mas é por aqui que vamos…
Raquel – Muito obrigado à ministra da Igualdade da Suécia. Escutou, Jesus Cristo? Algumas coisas vão melhorando neste mundo, não lhe parece?
Jesus – Parece-me e alegra-me, Raquel. Será um caminho longo e estreito mas é o que respeita a vida…
Raquel – E vós, amigos e amigas das Emissoras Latinas, que pensam? Mulheres de vida fácil, trabalhadoras sexuais ou vítimas de género?
De Nazaré, a reportagem de Raquel Perez.
Informações Complementares
Jesus – Não, tudo isto era mato…
Raquel – Agora é um populoso bairro árabe com bastante movimento… Está proibido o álcool, mas vende-se… Estão proibidas as drogas… mas elas circulam… esta é aquela a que chamaríamos, uma zona rosa, senhor Jesus Cristo…
Jesus – Por que lhe chamam assim?
Raquel – Digamos, uma zona de tolerância… Vês aquelas jovens… se o senhor estivesse caminhando só, sem a minha companhia, já se teriam acercado.
Jesus – Prostitutas?
Raquel – Sim, a prostituição, uma chaga social, que não acaba nunca.
Jesus – No meu tempo também havia.
Raquel – Bem, dizem que é a profissão mais velha do mundo.
Jovem – É barbudo… Deixa essa magricela e vem comigo!
Raquel – Vês o que te digo?... Actualmente, são consideradas por alguns como trabalhadoras sexuais… uma opção profissional como qualquer outra, que a mulher elege livremente…
Jesus – As que conheci não eram livres… eram mulheres pobres, abandonadas que necessitavam de dar de comer aos filhos… a outras as tinham como escravas sem terem fuga possível… A prostituição é uma das piores ignomínias que se cometem contra as filhas de Deus.
Raquel – Num programa anterior, o senhor esclareceu-nos que a prostituta mais conhecida da história não havia sido prostituta…
Jesus – Referes-te a Maria?
Raquel – Sim, a Maria Madalena. Nos quadros, nas imagens, aparece sempre chorando aos seus pés, uma grande pecadora…
Jesus – Falam assim dela porque não a conheceram…
Raquel – Imagine que até numa novela de rádio progressista, intitulada “Um tal Jesus”, os autores que falaram muito bem do senhor, apresentaram Maria Madalena trabalhando num bordel na Rua dos Jasmins…
Jesus – Pois quem escreveu isso enganou-se.
Raquel – Agora estão arrependidos… Dizem que não sabiam… enfim, voltando ao tema… no seu grupo entraram prostitutas?
Jesus – Naturalmente. Elas eram as últimas das últimas e por isso foi-lhes fácil entender a mensagem e juntarem-se ao nosso movimento.
Raquel – O senhor defendeu-as?
Jesus – Eu disse que elas entrariam primeiro do que os sacerdotes no reino de Deus.
Raquel – Palavras fortes, imagino as reacções…
Jesus – É que os sacerdotes humilhavam-nas demasiado… cuspiam aos seus pés e nem a sua sombra queriam pisar… mas os que lhe chamavam impuras de dia, iam de noite buscá-las…hipócritas!
Raquel – temos uma chamada… sim, alô?
Mona – Fala Mona Sahlin, estou falando do Ministério da Igualdade da Suécia.
Raquel – Uma chamada da Suécia, Jesus Cristo… Sim, diga senhora ministra…
Mona – Diga a senhora a Jesus Cristo que o meu governo criou leis sobre a prostituição em que os perseguidos e os castigados não são as prostitutas mas os clientes.
Raquel – Bem feito. E mantêm-nos presos?
Mona – Sim, porque é um delito, uma violência contra as mulheres.
Raquel – E a elas?
Mona – Oferecemos-lhes oportunidades de trabalho e de reabilitação, se ela quiser. Não tem sido fácil entender este caminho mas é por aqui que vamos…
Raquel – Muito obrigado à ministra da Igualdade da Suécia. Escutou, Jesus Cristo? Algumas coisas vão melhorando neste mundo, não lhe parece?
Jesus – Parece-me e alegra-me, Raquel. Será um caminho longo e estreito mas é o que respeita a vida…
Raquel – E vós, amigos e amigas das Emissoras Latinas, que pensam? Mulheres de vida fácil, trabalhadoras sexuais ou vítimas de género?
De Nazaré, a reportagem de Raquel Perez.
Informações Complementares
Maria Madalena – Não foi prostituta. Com essa fama ela tem realmente passado pela história do Cristianismo mas hoje sabemos, com toda a probabilidade, que os autores dos Evangelhos, todos homens, “fizeram-na” prostituta para reduzir e desvalorizar o papel fundamental que lhe foi dado por Jesus no seu Movimento e o protagonismo que teve na primeira comunidade cristã.
As Primeiras no Reino de Deus – As palavras de Jesus e a sua atitude positiva face às prostitutas causaram grande escândalo nas pessoas religiosas do seu tempo. Pela “impureza” religiosa do seu “ofício” e pela sua condição social, as prostitutas eram mulheres marginais e desprezadas por todos. Não por Jesus, que falou delas pondo-as por modelo de abertura á mensagem libertadora, tendo mesmo afirmado que eram as primeiras destinatárias do Reino de Deus antes dos sacerdotes (Mateus 21, 31).
Não é Escravatura? – A jornalista cubana Rosa Miriam Elizalde, investigou a prostituição em Cuba e no seu brilhante texto “Crime ou Castigo” de Julho de 2007, aponta reflexões importantes sobre a realidade da prostituição feminina em qualquer parte do mundo.
Escrevia uma jovem prostituta de 24 anos a Elizalde dizendo que “meu corpo não sou eu” separando o “ser” da sua “alma” para se defender, em primeiro lugar, da sua consciência crítica. Esta jovem submete a sua existência a uma dualidade, uma esquizofrenia, que na prática divide o corpo em dois. Ninguém como a escrava sexual vive com maior violência o drama do despojo do seu “eu” mais íntimo. É possível – dizia-me um amigo – vender a alma e manter o corpo intocado mas é impossível vender o corpo sem magoar a alma.
A Profissão mais Antiga? – Diz Elizalde: “Quase todos os mitos partem de erro difundido em épocas recentes. Um deles é a de que a profissão feminina mais antiga do mundo é o comércio sexual”. Esta frase sugere que a prostituição é um atributo inato da mulher e, portanto, inevitável. No entanto, em muitas sociedades ditas “primitivas” não se conhece esta prática o que é confirmado pela antropologia e mitologia popular, nas quais a mulher só aparece com profissões nobres: oleiras, artesãs, condutoras de cavalos, mestras, recoletoras, transportadoras… mas isto foi ignorado pelos historiadores durante séculos de reinado patriarcal e hoje e hoje continua sendo uma presunção que se reproduz com ligeireza mesmo em tratados de educação sexual.
Chamar, ainda por cima, às prostitutas “mulheres de vida fácil” é uma das mentiras mais escandalosas que se podem dizer neste planeta. É evidente que se trata de afirmações dos clientes: pertencem ao âmbito dos compradores que se libertam das culpas quando pagam. As pessoas que põem à venda o seu corpo, que especulam com a sua dignidade, ficam marcadas por uma experiência devastadora e pela tortura permanente da culpa.
Suécia – Uma Experiência que tem sido um Êxito – Nos primeiros 5 anos de aplicação da nova legislação, a quantidade de prostitutas nas ruas de Estocolmo diminuiu em dois terços e os clientes 80%. Em outras cidades o comércio sexual nas ruas quase desapareceu e os bordéis e salas de massagens que os encobriam foram diminuindo.
O número de mulheres e jovens que chegaram à Suécia para a prostituição, nos últimos anos foram de 200 a 400, muito poucas comparadas com as 15 a 17.000 que chegaram à Finlândia. De acordo com sondagens de opinião da população Sueca 80% apoia a lei e a Finlândia e a Noruega pretendem seguir o exemplo.
Penalizar a prostituição, regulá-la ou legalizá-la não dá resultado. De acordo com estudos da Universidade de Londres, o efeito é um aumento da prostituição infantil, de todas as facetas relacionadas com a indústria do sexo, incluindo o tráfego de meninas e de mulheres e do aumento da violência contra elas.
Não é Escravatura? – A jornalista cubana Rosa Miriam Elizalde, investigou a prostituição em Cuba e no seu brilhante texto “Crime ou Castigo” de Julho de 2007, aponta reflexões importantes sobre a realidade da prostituição feminina em qualquer parte do mundo.
Escrevia uma jovem prostituta de 24 anos a Elizalde dizendo que “meu corpo não sou eu” separando o “ser” da sua “alma” para se defender, em primeiro lugar, da sua consciência crítica. Esta jovem submete a sua existência a uma dualidade, uma esquizofrenia, que na prática divide o corpo em dois. Ninguém como a escrava sexual vive com maior violência o drama do despojo do seu “eu” mais íntimo. É possível – dizia-me um amigo – vender a alma e manter o corpo intocado mas é impossível vender o corpo sem magoar a alma.
A Profissão mais Antiga? – Diz Elizalde: “Quase todos os mitos partem de erro difundido em épocas recentes. Um deles é a de que a profissão feminina mais antiga do mundo é o comércio sexual”. Esta frase sugere que a prostituição é um atributo inato da mulher e, portanto, inevitável. No entanto, em muitas sociedades ditas “primitivas” não se conhece esta prática o que é confirmado pela antropologia e mitologia popular, nas quais a mulher só aparece com profissões nobres: oleiras, artesãs, condutoras de cavalos, mestras, recoletoras, transportadoras… mas isto foi ignorado pelos historiadores durante séculos de reinado patriarcal e hoje e hoje continua sendo uma presunção que se reproduz com ligeireza mesmo em tratados de educação sexual.
Chamar, ainda por cima, às prostitutas “mulheres de vida fácil” é uma das mentiras mais escandalosas que se podem dizer neste planeta. É evidente que se trata de afirmações dos clientes: pertencem ao âmbito dos compradores que se libertam das culpas quando pagam. As pessoas que põem à venda o seu corpo, que especulam com a sua dignidade, ficam marcadas por uma experiência devastadora e pela tortura permanente da culpa.
Suécia – Uma Experiência que tem sido um Êxito – Nos primeiros 5 anos de aplicação da nova legislação, a quantidade de prostitutas nas ruas de Estocolmo diminuiu em dois terços e os clientes 80%. Em outras cidades o comércio sexual nas ruas quase desapareceu e os bordéis e salas de massagens que os encobriam foram diminuindo.
O número de mulheres e jovens que chegaram à Suécia para a prostituição, nos últimos anos foram de 200 a 400, muito poucas comparadas com as 15 a 17.000 que chegaram à Finlândia. De acordo com sondagens de opinião da população Sueca 80% apoia a lei e a Finlândia e a Noruega pretendem seguir o exemplo.
Penalizar a prostituição, regulá-la ou legalizá-la não dá resultado. De acordo com estudos da Universidade de Londres, o efeito é um aumento da prostituição infantil, de todas as facetas relacionadas com a indústria do sexo, incluindo o tráfego de meninas e de mulheres e do aumento da violência contra elas.
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