domingo, novembro 14, 2010

A CONJUNTURA
E A ESTRUTURA


Quanto mais a crise se acentua mais ouvimos falar aos analistas e comentadores em Estrutura e Conjuntura subentenda-se, esta, internacional.

Em termos de conclusão de conversa, diz-se que é estrutural ou conjuntural no sentido de que uma coisa ou outra se nos escapa, não está ao nosso alcance, restando-nos a resignação tão querida dos devotos católicos.

A conjuntura (internacional) não tem a ver connosco: se o petróleo sobe nos mercados e o preço da gasolina aumenta; se Srª Merkel “diz umas coisas” que fazem subir a taxa de juro da nossa dívida soberana… que podemos nós fazer?

Mas, por outro lado, como é possível acabar com os Governadores Civis e respectivos “estafes” transferindo as suas funções, as que forem de manter, para as Câmaras Municipais, se isso é estrutural?

Como é possível deixar de gastar milhões em pareceres técnicos e jurídicos que os vários Ministérios encomendam a empresas mesmo tendo ao seu serviço, como funcionários públicos, técnicos e juristas que tiraram os mesmos cursos e frequentaram os mesmos bancos da escola do que os outros, os da privada se tal procedimento também já faz parte da estrutura?

Por que temos Ministérios que se alinham quando, bem aproveitadinho, um só poderia desempenhar as funções de dois ou três?

Poderíamos continuar a fazer perguntas deste tipo que a resposta continuava a ser a mesma: é da Estrutura.

Portanto, o que fica fora da Conjuntura e da Estrutura é realmente muito pouco, insuficiente para que se possa fazer alguma coisa com resultados palpáveis para a vida da generalidade dos cidadãos portugueses.

Pois… mas o PIB no último Trimestre aumentou e o valor das exportações também num sinal de evidente vitalidade porque não deve ser fácil, com estas Estruturas e Conjunturas, aumentar a produção da riqueza nacional e, mais difícil ainda, vendê-la no estrangeiro, e isto significa que muitos portugueses conseguem ultrapassar a Estrutura e a Conjuntura, trabalham, e são bem sucedidos.

Em conclusão, o problema está no Estado, nos decisores políticos que conhecem a Estrutura e a Conjuntura tão bem ou melhor que nós mas não têm coragem, vontade, capacidade para afrontar interesses de pessoas e de grupos de pessoas, (chamem-se eles corporações ou elites) que lhes servem de sustentáculo no poder.

Pobre democracia… na 1ª República não nos entendíamos e passávamos os dias à bofetada uns aos outros a ponto da imprensa espanhola noticiar: “Hoje, por ser Domingo, não houve revolução em Portugal…”.

Reconquistada a liberdade com o 25 de Abril e novamente em democracia parece que nos entendemos agora “demasiado bem…” e os resultados estão à vista.

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