Mercado Negro
Cavaco Silva disse que não falaria mais sobre o seu lucrativo negócio de acções mas com isso não conseguiu impedir a catadupa de informações, contra-informações e até tentativas desastradas de o ilibar da suspeita. A verdade é que o negócio não foi propriamente transparente e sendo corrente na economia portuguesa o recurso a este tipo de expedientes de enriquecimento fácil, não deixa de ser um bom retrato do que por cá se passa.
Agora surgem os mais diversos testemunhos de que Cavaco comprou a um preço aceitável e que na venda até perdeu dinheiro, isto é, ainda poderia ter ganho mais de 140%. A questão é saber que mercado de capitais particular é este onde se ganham margens de mais de 100% sem quaisquer riscos, quando nem a empresa apresentava sinais de valorização que justificassem tal valorização, nem o país estava numa situação económica que justificasse tais lucros.
Ficamos a saber que há investidores que contam com os presidentes de bancos privados como gerentes de conta e que depositam confiança neles ao ponto de as suas poupanças serem investidas no próprio banco para depois ser o mesmo presidente do banco a fixar os lucros do investidor.
Será que todos os investidores e depositantes do BPN tiveram direito a tal privilégio? É evidente que não, este tipo de negócios está reservado a uma pequena elite e é alimentado pelo logro em que caem milhares de pequenos aforradores que acreditam num mercado de capitais que é uma autêntica Feira da Ladra.
Se no mercado bolsista são mais do que evidentes os sinais de que há gente a enriquecer de forma fácil, o último caso foi o da compra de acções do Finibanco pelos seus próprios administradores quando já sabiam que o banco ia ser comprado pelo Montepio Geral. Aliás, todos nos lembramos do crash na bolsa portuguesa quando Cavaco Silva era primeiro-ministro e avisou que muitos dos papeis vendidos na bolsa não tinham qualquer valor.
Não deixa de ser questionável que um professor de finanças que se oferece para ajudar o seu país com os seus vastos conhecimentos de economia entregue as suas poupanças ao cuidado de Oliveira e Costa e nunca tenha estranhado um lucro que nenhum manual de economia pode explicar, até porque tendo sido Oliveira e Costa a decidir o negócio nem pode invocar a especulação como justificação económica para tão grande lucro. Quais os fundamentos económicos da decisão de investir e o que o levou a desinvestir?
Em Portugal há dois tipos de aforradores, os que ganham sempre e os papalvos. Uns beneficiam de informação privilegiada e fazem excelentes negócios na bolsa ou no tráfico de acções não cotadas, os outros são vítimas dos golpes que sistematicamente desnatam o mercado de capitais.
Quando alguns agora dizem que na altura em que Cavaco vendeu as acções poderia ter ganho ainda mais interrogo-me se outros não estariam a perder tudo. Recordo-me de quando a PJ invadiu a casa da Dona Branca, foi apupada por gente que estava na fila de espera e queria à força aplicar as suas poupanças na banqueira do povo. É assim o nosso mercado negro de capitais, seja o Oliveira e Costa ou a Dona Branca a decidir quem ganha e quem perde.
Parece-me pouco importante saber se quando Cavaco comprou alguém comprou mais barato ou se quando vendeu alguém vendeu mais caro, o que neste momento é evidente é que em nenhum momento havia um preço aplicado a todos, isto é, era Oliveira e Costa quem decidia quem perdia e quem ganhava. Isto não é um mercado de capitais, rege-se pelas regras do mercado negro.
Publicada por Jumento
Agora surgem os mais diversos testemunhos de que Cavaco comprou a um preço aceitável e que na venda até perdeu dinheiro, isto é, ainda poderia ter ganho mais de 140%. A questão é saber que mercado de capitais particular é este onde se ganham margens de mais de 100% sem quaisquer riscos, quando nem a empresa apresentava sinais de valorização que justificassem tal valorização, nem o país estava numa situação económica que justificasse tais lucros.
Ficamos a saber que há investidores que contam com os presidentes de bancos privados como gerentes de conta e que depositam confiança neles ao ponto de as suas poupanças serem investidas no próprio banco para depois ser o mesmo presidente do banco a fixar os lucros do investidor.
Será que todos os investidores e depositantes do BPN tiveram direito a tal privilégio? É evidente que não, este tipo de negócios está reservado a uma pequena elite e é alimentado pelo logro em que caem milhares de pequenos aforradores que acreditam num mercado de capitais que é uma autêntica Feira da Ladra.
Se no mercado bolsista são mais do que evidentes os sinais de que há gente a enriquecer de forma fácil, o último caso foi o da compra de acções do Finibanco pelos seus próprios administradores quando já sabiam que o banco ia ser comprado pelo Montepio Geral. Aliás, todos nos lembramos do crash na bolsa portuguesa quando Cavaco Silva era primeiro-ministro e avisou que muitos dos papeis vendidos na bolsa não tinham qualquer valor.
Não deixa de ser questionável que um professor de finanças que se oferece para ajudar o seu país com os seus vastos conhecimentos de economia entregue as suas poupanças ao cuidado de Oliveira e Costa e nunca tenha estranhado um lucro que nenhum manual de economia pode explicar, até porque tendo sido Oliveira e Costa a decidir o negócio nem pode invocar a especulação como justificação económica para tão grande lucro. Quais os fundamentos económicos da decisão de investir e o que o levou a desinvestir?
Em Portugal há dois tipos de aforradores, os que ganham sempre e os papalvos. Uns beneficiam de informação privilegiada e fazem excelentes negócios na bolsa ou no tráfico de acções não cotadas, os outros são vítimas dos golpes que sistematicamente desnatam o mercado de capitais.
Quando alguns agora dizem que na altura em que Cavaco vendeu as acções poderia ter ganho ainda mais interrogo-me se outros não estariam a perder tudo. Recordo-me de quando a PJ invadiu a casa da Dona Branca, foi apupada por gente que estava na fila de espera e queria à força aplicar as suas poupanças na banqueira do povo. É assim o nosso mercado negro de capitais, seja o Oliveira e Costa ou a Dona Branca a decidir quem ganha e quem perde.
Parece-me pouco importante saber se quando Cavaco comprou alguém comprou mais barato ou se quando vendeu alguém vendeu mais caro, o que neste momento é evidente é que em nenhum momento havia um preço aplicado a todos, isto é, era Oliveira e Costa quem decidia quem perdia e quem ganhava. Isto não é um mercado de capitais, rege-se pelas regras do mercado negro.
Publicada por Jumento
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