HOJE É
DOMINGO
(Da minha cidade de Santarém)
(Da minha cidade de Santarém)
Hoje é dia de votar para escolher entre dois homens aquele que assumirá a responsabilidade de executar o programa, melhor dizendo, as medidas a que nos comprometemos nas negociações com a troyka e os portugueses vão fazê-lo sob o signo do medo em vez da esperança que deveria servir de pano de fundo nestes momentos.
As sondagens confirmam as previsões que aqui fiz no Domingo passado. Se assim vier a ser, teremos aquilo que se chama de alternância democrática.
Com toda a sinceridade, dos dois potenciais vencedores, num, perdi a confiança, no outro, não a tenho. As dificuldades do momento que estamos vivendo estendem-se ao voto como nunca me tinha acontecido em eleições anteriores.
Por isso, só tenho a transmitir-vos angústias e alguma vergonha como português por termos chegado à situação a que chegámos.
È verdade que houve sinais, senti-os como cidadão. Aquele aumento que me deram aqui há anos em vésperas de eleições foi tão suspeito que resolvi guardá-lo para quando mo viessem tirar…
Vivi e cresci num Portugal de pessoas pobres e custou-me acreditar em tanto e generalizado desafogo financeiro sem que me apercebesse onde estava a fonte produtora de tanta riqueza… mesmo considerando os apoios comunitários.
Ganha em democracia quem melhor consegue gerir as expectativas da população votante mas isto pode constituir um terrível ardil porque, quem não gosta de ser embalado em sonhos?
De há muito que as pessoas deixaram de tentar compreender os negócios da governação porque ela é apresentada de diferentes e até opostas maneiras por pessoas todas elas respeitáveis e responsáveis.
As pessoas interrogam-se, querem o melhor para si próprias, é natural, o interesse do país é coisa vaga que só agora estamos a sentir que realmente existe.
Pessoas, com graus de responsabilidade diferentes, não o souberam defender, eles próprios se deixaram embalar nos seus sonhos, nas suas expectativas optimistas quando, diz o ditado, se alguma coisa pode correr mal, corre mesmo mal.
As pessoas são madrastas umas para as outras, o mundo é madrasto entre si próprio e governar um país é, acima de tudo, protegê-lo como se ele fosse a sua casa, a sua família.
Quando alguém, estranho, entra na nossa casa e nos diz o que temos de fazer no seio da nossa própria família e nos avisa que quinzenalmente ou todos os meses virão novamente para ver se estamos a fazer tudo como eles mandaram… ou deixarão de nos entregar o dinheiro que paga as nossas pensões, os ordenados dos professores que ensinam os nossos filhos, os médicos que tratam os nossos doentes, etc… perguntamo-nos: como foi possível isto acontecer?
E se não formos capazes de fazer como eles mandaram e nós aceitámos fazer?
- Será que o FMI e as instâncias europeias querem que cumpramos o acordo, é esse o seu desejo?
Sobre isso não tenho dúvidas que sim. Em caso contrário assistiremos a um retorno do efeito de contágio com um enorme impacto negativo sobre a credibilidade do euro.
Neste nosso mundo de dúvidas, incertezas, receios e temores, peço três coisas a todos os que vierem a mandar neste país: seriedade, rigor e competência que nunca, como agora, foram sinónimos de patriotismo.
Desejo-vos um Bom Domingo.
Ouçamos, para espairecer, a Orquestra de Billy Vaughn em La Golondrina.
PS - Torre das Cabaças - Torre de Relógio Quinhentista de seccão quadrangular, tem oito janelas e é rematada por uma estrutura metálica com oito púcaros de barro em forma de cabaça e que servem de caixa de ressonância ao sino do relógio. Remonta ao reinado de D. Manuel
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