HISTÓRIAS
DE HODJA
Enquanto dava um passeio pelo cemitério, Hodja tropeça e cai num buraco. Permanece aí uns minutos e pensa. “Eu pergunto-me se aquilo que dizem é verdade: virão os anjos para me interrogar?”
Ao longe, ouve o som distante de sinos, a respiração de animais de carga e gritos. Tudo misturado, esta cacofonia aproximava-se. Hodja sente medo e diz para si mesmo: “eu acho que vim na hora errada. Isto parece o Dia do Juízo Final. Creio que o melhor é sair deste buraco e dar uma olhadela…”
Salta rapidamente do buraco no instante em que as mulas que carregavam louça estavam só a alguns passos de distância se assustam, começam aos coices e a correr. A carga que ia nos seus dorsos cai e as louças e vidros partem-se ao cair no chão.
Os proprietários das mulas dirigem-se a Hodja e pedem explicações sobre o que ele acaba de fazer.
“Eu sou do outro mundo” responde Hodja, e “vim aqui para dar uma olhadela neste mundo”.
Os proprietários dão-lhe uma surra e deixam-no no chão muito ferido. Em seguida, recuperam as mulas, carregam as mercadorias que não se tinham partido e continuam a sua jornada.
Quando Hodja consegue voltar a casa, com a cabeça partida, os olhos, os pés e as mãos feridos, a esposa perguntou-lhe:
- “O que é que aconteceu? O que te fizeram?
- “Eu vim” disse Hodja, “doutro mundo para este mundo”
- “Diz-me”, pergunta a esposa novamente: “Como são as coisas no outro mundo?”
- “Muito boas”, responde Hodja, “desde que ao chegares a este mundo não assustes as mulas que carregam a loiça”.
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