TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA
Episódio Nº 213
Sei de tudo mesmo quando me calo e finjo não saber. Também Tereza fingiu nada saber, se bem no decorrer dos últimos meses, comadres, criados, amigos, deixassem escapar referências a factos desagradáveis, escandalosos.
Padre Vinícius, de volta da usina, onde fora celebrar, falara em solidão. Dezenas de convidados da Bahia e de Aracaju, festança como hoje já não se faz em parte alguma a não ser na Usina Cajazeiras.
O doutor presente, não dava o braço a torcer, gentil com todos, dono de casa sem igual.Mas a festa se transformara nesses anos, não era mais aquela de outrora, festa de roça com missa, baptizados, casamentos, comilança, os meninos subindo em pau de sebo, apostando corridas de saco, música de sanfona e violão, fandango em casa de Raimundo Alicate. O fandango agora era na casa-grande, que fandango! Comandado pelos filhos e sobrinhos do doutor, coisa de loucos. Enquanto o baile pegava fogo, o padre viu Emiliano Guedes sair andando sozinho pelo campo em direcção à estrebaria, onde o cavalo negro relinchou alegre ao reconhecer o dono.
Fazia-se Tereza festiva e brincalhona, ainda mais terna e devotada, mais ardente se possível, para lhe restituir um pouco de paz e de alegria, da paz e alegria que o doutor lhe dera com perdulária fartura durante esses seis anos.Para as comadres, mulherzinha, amásia de homem velho, rico e casado. Para o doutor, uma senhora moldada por ele próprio nas horas de ócio.
Tereza não se sente nem uma coisa nem outra, apenas mulher adulta e apaixonada.O doutor dormia tarde e acordava cedo. Os corpos húmidos, por fim entregues ao cansaço após o longo e doce embate, só então ele se rendia ao sono, a mão largada sobre o corpo dela.Ultimamente, porém, Emiliano cerrava os olhos mas permanecia sem dormir noite afora.
Logo Tereza deu-se conta. Pondo a cabeça do amante contra os seios, cantava em surdina velhas cantigas de ninar, única recordação da mãe perdida no desastre da marineti. Para chamar o sono e apaziguar o coração do amante. Dorme, meu amor, teu sono sossegado.
O doutor presente, não dava o braço a torcer, gentil com todos, dono de casa sem igual.Mas a festa se transformara nesses anos, não era mais aquela de outrora, festa de roça com missa, baptizados, casamentos, comilança, os meninos subindo em pau de sebo, apostando corridas de saco, música de sanfona e violão, fandango em casa de Raimundo Alicate. O fandango agora era na casa-grande, que fandango! Comandado pelos filhos e sobrinhos do doutor, coisa de loucos. Enquanto o baile pegava fogo, o padre viu Emiliano Guedes sair andando sozinho pelo campo em direcção à estrebaria, onde o cavalo negro relinchou alegre ao reconhecer o dono.
Fazia-se Tereza festiva e brincalhona, ainda mais terna e devotada, mais ardente se possível, para lhe restituir um pouco de paz e de alegria, da paz e alegria que o doutor lhe dera com perdulária fartura durante esses seis anos.Para as comadres, mulherzinha, amásia de homem velho, rico e casado. Para o doutor, uma senhora moldada por ele próprio nas horas de ócio.
Tereza não se sente nem uma coisa nem outra, apenas mulher adulta e apaixonada.O doutor dormia tarde e acordava cedo. Os corpos húmidos, por fim entregues ao cansaço após o longo e doce embate, só então ele se rendia ao sono, a mão largada sobre o corpo dela.Ultimamente, porém, Emiliano cerrava os olhos mas permanecia sem dormir noite afora.
Logo Tereza deu-se conta. Pondo a cabeça do amante contra os seios, cantava em surdina velhas cantigas de ninar, única recordação da mãe perdida no desastre da marineti. Para chamar o sono e apaziguar o coração do amante. Dorme, meu amor, teu sono sossegado.
28
Através das venezianas uma réstia de luz penetra no quarto, pousa na face do morto. Doutor Amarílio surge à porta, nervoso, percorre o aposento com o olhar, Tereza continua na mesma posição. - Eles não devem tardar… - murmura o médico.Tereza nem parece ter ouvido, rígida na cadeira, os olhos enxutos, opacos. Sem fazer barulho, o médico se retira lentamente.
Através das venezianas uma réstia de luz penetra no quarto, pousa na face do morto. Doutor Amarílio surge à porta, nervoso, percorre o aposento com o olhar, Tereza continua na mesma posição. - Eles não devem tardar… - murmura o médico.Tereza nem parece ter ouvido, rígida na cadeira, os olhos enxutos, opacos. Sem fazer barulho, o médico se retira lentamente.
Deseja que tudo termine quanto antes.Aproxima-se a hora, Emiliano, quando nos iremos os dois de Estância, para sempre. Igual a esta não existe no mundo outra cidade, assim acolhedora e bela. Manhãs na água do rio, remanso e correnteza, crepúsculos de sobradões antigos, as mãos dadas nos caminhos, perfumadas noites de jasmim e lua, ai, Emiliano, nunca mais. (clik na imagem)
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