HOJE É
DOMINGO
Admito que tenha vindo a desligar-me cada vez mais dos noticiários, especialmente os especializados em matéria económica e financeira, por uma questão de defesa pessoal. Em jovem, sofri por causa das dívidas do meu pai, quase em velho, sofro pelas dívidas do meu país e sempre sem nada poder fazer.
Não é que a situação actual tenha sido, para mim, uma surpresa completa. A simples intuição fazia-me advinhar este desfecho. Era visível que não havia receitas ou, por outras palavras, não se produzia riqueza que permitisse tanto desvario de dinheiros e eu senti que estava sentado numa espécie de bomba-relógio. Ficaram por fazer um novo Aeroporto, um TGV, não sei quantas barragens e uma ou outra auto-estrada, não porque a fúria investidora tivesse desaparecido, os credores é que já não estavam a gostar da brincadeira…
Como medida de precaução restava-me apenas, para acautelar o vendaval que aí viria, viver o mais possível abaixo do meu ordenado e depois da minha pensão. Mais cedo ou mais tarde iríamos estar sujeitos a restrições e quanto mais cedo me habituásse melhor.
Fui sempre funcionário público, sempre contei com um rendimento certo e esperado ao fim do mês e o aumento considerável desse rendimento nos últimos anos pareceu-me demagógico, irrealista, fartura a mais como diziam os antigos.
Pior ainda, foram os insaciáveis, os sem escrúpulos, aqueles para quem só o céu é o limite em termos de riqueza pessoal. Viver bem não lhes chegava, era preciso viver sumptuosamente, deslumbrar. Estribados num presidente da República que os protegia e abençoava arranjaram bancos que funcionaram como instrumentos de saque da sociedade e isto à vista de todos, Banco de Portugal, entidades supervisoras, fiscalizadoras, reguladoras, sugaram, aspiraram, não milhares, centenas de milhares ou milhões mas... milhares de milhões que todos vamos pagar (por causa do problema sistémico, lembram-se...) e só um foi preso!
As minas de ouro entretanto estavam fechadas, as de ferro, esquecidas, o petróleo e o gás à espera de melhores dias, de concreto, concreto, apenas tinha havido os milhões dos Apoios Comunitários concedidos para melhorarmos as nossas condições competitivas ao nível das infra-estruturas, da educação e da formação profissional.
A globalização, com a abertura ao comércio mundial, especialmente à China e o alargamento da Comunidade Europeia a Leste condenaram as nossas empresas de mão-de-obra intensiva. A crise, que começou por ser financeira e posteriormente económica, agravada por mensagens contraditórias de Bruxelas, desnortearam os nossos líderes políticos que guiaram o país com o mesmo grau de risco, imprevidência e irresponsabilidade com que o comandante Schettino conduziu o Costa Concórdia, até o atirar contra a Ilha de Giglio, na costa de Itália.
Creio que as dificuldades actuais constituem o maior desafio que jamais se colocou ao nosso país e embora já tenha tido oportunidade de manifestar aqui sinceras esperanças naquele sector esclarecido, ambicioso, e tecnicamente preparado de um certo sector da nossa juventude na sua ligação do mundo académico ao mundo do trabalho, irá ser, mais uma vez, a já ancestral capacidade de sofrimento e de resistência às dificuldades do povo português, aliada à nossa imaginação e poder criativo, que nos ajudará a sair desta situação sem quebra da paz social…pelo menos eu espero. O prazo é impossível de prever porque depende mais dos outros, leia-se Europa, do que de nós próprios.
Entretanto, que não nos vá faltando a paciência para suportar as provocações de um presidente da República (político sonso) que se queixa publicamente que as suas reformas não lhe dão para as despesas…
Admito que tenha vindo a desligar-me cada vez mais dos noticiários, especialmente os especializados em matéria económica e financeira, por uma questão de defesa pessoal. Em jovem, sofri por causa das dívidas do meu pai, quase em velho, sofro pelas dívidas do meu país e sempre sem nada poder fazer.
Não é que a situação actual tenha sido, para mim, uma surpresa completa. A simples intuição fazia-me advinhar este desfecho. Era visível que não havia receitas ou, por outras palavras, não se produzia riqueza que permitisse tanto desvario de dinheiros e eu senti que estava sentado numa espécie de bomba-relógio. Ficaram por fazer um novo Aeroporto, um TGV, não sei quantas barragens e uma ou outra auto-estrada, não porque a fúria investidora tivesse desaparecido, os credores é que já não estavam a gostar da brincadeira…
Como medida de precaução restava-me apenas, para acautelar o vendaval que aí viria, viver o mais possível abaixo do meu ordenado e depois da minha pensão. Mais cedo ou mais tarde iríamos estar sujeitos a restrições e quanto mais cedo me habituásse melhor.
Fui sempre funcionário público, sempre contei com um rendimento certo e esperado ao fim do mês e o aumento considerável desse rendimento nos últimos anos pareceu-me demagógico, irrealista, fartura a mais como diziam os antigos.
Pior ainda, foram os insaciáveis, os sem escrúpulos, aqueles para quem só o céu é o limite em termos de riqueza pessoal. Viver bem não lhes chegava, era preciso viver sumptuosamente, deslumbrar. Estribados num presidente da República que os protegia e abençoava arranjaram bancos que funcionaram como instrumentos de saque da sociedade e isto à vista de todos, Banco de Portugal, entidades supervisoras, fiscalizadoras, reguladoras, sugaram, aspiraram, não milhares, centenas de milhares ou milhões mas... milhares de milhões que todos vamos pagar (por causa do problema sistémico, lembram-se...) e só um foi preso!
As minas de ouro entretanto estavam fechadas, as de ferro, esquecidas, o petróleo e o gás à espera de melhores dias, de concreto, concreto, apenas tinha havido os milhões dos Apoios Comunitários concedidos para melhorarmos as nossas condições competitivas ao nível das infra-estruturas, da educação e da formação profissional.
A globalização, com a abertura ao comércio mundial, especialmente à China e o alargamento da Comunidade Europeia a Leste condenaram as nossas empresas de mão-de-obra intensiva. A crise, que começou por ser financeira e posteriormente económica, agravada por mensagens contraditórias de Bruxelas, desnortearam os nossos líderes políticos que guiaram o país com o mesmo grau de risco, imprevidência e irresponsabilidade com que o comandante Schettino conduziu o Costa Concórdia, até o atirar contra a Ilha de Giglio, na costa de Itália.
Creio que as dificuldades actuais constituem o maior desafio que jamais se colocou ao nosso país e embora já tenha tido oportunidade de manifestar aqui sinceras esperanças naquele sector esclarecido, ambicioso, e tecnicamente preparado de um certo sector da nossa juventude na sua ligação do mundo académico ao mundo do trabalho, irá ser, mais uma vez, a já ancestral capacidade de sofrimento e de resistência às dificuldades do povo português, aliada à nossa imaginação e poder criativo, que nos ajudará a sair desta situação sem quebra da paz social…pelo menos eu espero. O prazo é impossível de prever porque depende mais dos outros, leia-se Europa, do que de nós próprios.
Entretanto, que não nos vá faltando a paciência para suportar as provocações de um presidente da República (político sonso) que se queixa publicamente que as suas reformas não lhe dão para as despesas…
(click na imagem. À esquerda, a Igreja da Piedade e a entrada para o centro da cidade de Santaém)
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