GABRIELA
CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 11
Atraso, coronel – sorria João Fulgêncio – esse tempo já passou. A pedagogia moderna…
- O quê?
- Que a palmatória é necessária olhem que é…
- Vocês estão atrasados de um século. Nos Estados Unidos…
- As meninas boto no colégio das Freiras, está certo. Mas os meninos é com D. Guilhermina…
- A pedagogia moderna aboliu a palmatória e os castigos físicos – conseguiu explicar João Fulgêncio.
- Não sei de quem você está falando, João Fulgêncio mas lhe garanto que foi muito mal feito. Se eu sei ler e escrever…
Assim discutindo sobre os métodos do Dr. Enoch e da famosa D. Guilhermina, legendária por sua severidade, foram andando para a ponte. Desembocando das ruas, algumas outras pessoas apareciam na mesma direcção, vinham esperar o navio.
Apesar da hora matinal reinava já certo movimento no porto. Carregadores conduziam sacos de cacau dos armazéns para o navio da Baiana. Uma barcaça, as velas despregadas, preparava-se para partir, semelhava enorme pássaro branco. Um toque de búzio elevou-se, vibrou no ar anunciando a partida próxima. O coronel Manuel das Onças insistia:
- O que é que Mindinho Falcão está visando? O homem tem o diabo no corpo. Não se contenta com seus negócios, se mete em tudo.
- Ora, é fácil. Quer ser Intendente na próxima eleição.
- Não creio… É pouco para ele – disse João Fulgêncio.
- É homem de muita ambição.
- Daria um bom Intendente. Empreendedor.
- Um desconhecido, chegou aqui outro dia.
O Doutor, admirador de Mundinho, atalhou:
- De homens como Mundinho Falcão é que estamos precisando. Homens de visão, corajosos, dispostos…
- Ora, Doutor, coragem é o que nunca faltou aos homens desta terra…
- Não falo disso: dar tiro e matar gente. Falo de coisa mais difícil…
- Mais difícil?
- Mundinho Falcão chegou aqui outro dia, como diz Amâncio. E veja quanta coisa já realizou: abriu a avenida na praia, ninguém acreditava, foi um negócio de primeira e, para a cidade, uma beleza. Trouxe os primeiros caminhões, sem ele não saía o Diário de Ilhéus nem o Clube Progresso.
- Dizem que emprestou dinheiro ao russo Jacob e a Moacir para a empresa de marinetes…
- Estou com o doutor, disse o Capitão, até então silencioso – De homens assim é que precisamos… capazes de compreender e ajudar o progresso.
Chegavam à ponte, encontravam Nhô-Galo, funcionário da Mesa de Rendas, boémio inveterado, figura indispensável em todas as rodas, de voz fanhosa e anticlerical irredutível.
- O quê?
- Que a palmatória é necessária olhem que é…
- Vocês estão atrasados de um século. Nos Estados Unidos…
- As meninas boto no colégio das Freiras, está certo. Mas os meninos é com D. Guilhermina…
- A pedagogia moderna aboliu a palmatória e os castigos físicos – conseguiu explicar João Fulgêncio.
- Não sei de quem você está falando, João Fulgêncio mas lhe garanto que foi muito mal feito. Se eu sei ler e escrever…
Assim discutindo sobre os métodos do Dr. Enoch e da famosa D. Guilhermina, legendária por sua severidade, foram andando para a ponte. Desembocando das ruas, algumas outras pessoas apareciam na mesma direcção, vinham esperar o navio.
Apesar da hora matinal reinava já certo movimento no porto. Carregadores conduziam sacos de cacau dos armazéns para o navio da Baiana. Uma barcaça, as velas despregadas, preparava-se para partir, semelhava enorme pássaro branco. Um toque de búzio elevou-se, vibrou no ar anunciando a partida próxima. O coronel Manuel das Onças insistia:
- O que é que Mindinho Falcão está visando? O homem tem o diabo no corpo. Não se contenta com seus negócios, se mete em tudo.
- Ora, é fácil. Quer ser Intendente na próxima eleição.
- Não creio… É pouco para ele – disse João Fulgêncio.
- É homem de muita ambição.
- Daria um bom Intendente. Empreendedor.
- Um desconhecido, chegou aqui outro dia.
O Doutor, admirador de Mundinho, atalhou:
- De homens como Mundinho Falcão é que estamos precisando. Homens de visão, corajosos, dispostos…
- Ora, Doutor, coragem é o que nunca faltou aos homens desta terra…
- Não falo disso: dar tiro e matar gente. Falo de coisa mais difícil…
- Mais difícil?
- Mundinho Falcão chegou aqui outro dia, como diz Amâncio. E veja quanta coisa já realizou: abriu a avenida na praia, ninguém acreditava, foi um negócio de primeira e, para a cidade, uma beleza. Trouxe os primeiros caminhões, sem ele não saía o Diário de Ilhéus nem o Clube Progresso.
- Dizem que emprestou dinheiro ao russo Jacob e a Moacir para a empresa de marinetes…
- Estou com o doutor, disse o Capitão, até então silencioso – De homens assim é que precisamos… capazes de compreender e ajudar o progresso.
Chegavam à ponte, encontravam Nhô-Galo, funcionário da Mesa de Rendas, boémio inveterado, figura indispensável em todas as rodas, de voz fanhosa e anticlerical irredutível.
(Click na Imagem da Vista aérea de Ilhéus, vendo-se a pista do aeroporto Jorge Amado e a barra que assoreava...)
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