segunda-feira, fevereiro 27, 2012

INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES

À ENTREVISTA Nº 39 SOBRE O TEMA:

“A VIOLÊNCIA SOBRE AS MULHERES” (5)




Suportar, Aguentar, Sofrer: uma Virtude das Mulheres




O judaísmo do tempo de Jesus discriminava as mulheres. E hoje, o cristianismo ainda continua a discriminá-las, mesmo que as leis mais cruéis da Bíblia já não sejam praticadas. Para se entender o nível de discriminação da Igreja Católica é significativo, por exemplo, que num documento que o cardeal Ratzinger, actual Papa Bento XVI - escreveu em Maio de 2004 como Prefeito da Doutrina da Fé com o pretensioso título "Carta aos bispos da Igreja Católica sobre a colaboração de homens e mulheres na igreja e no mundo " - não exista uma linha única de reflexão e de condenação da violência contra as mulheres, um tema que é hoje, finalmente, objecto de preocupação, debate, pesquisa e acção em todo o mundo.

Pelo contrário, nessa “Carta”, entre outras coisas, Ratzinger diz que a mulher é ela que, mesmo nas situações mais desesperadas mantém uma capacidade única de resistir à adversidade, para manter a vida possível, mesmo em situações extremas, para preservar tenazmente o futuro e, finalmente, para recordar com as lágrimas o preço do valor a dar à vida humana.

Esta menção reforça a qualidade socialmente atribuída às mulheres: suportar o sofrimento, à custa de sua própria vida, aguentar sem desesperar. Com estas idéias se conclui que as mulheres devem suportar em silêncio a violência contra elas.

Em vez de denunciar deve conter, em vez de libertar deve ser paciente. Ideias religiosas providenciais (tudo o que acontece é por vontade de Deus) e crenças religiosas que ensinam que o sacrifício e a abnegação são meritórios diante de Deus (Jesus nos salvou sofrendo) dão lugar a que a sociedade interiorize como valor o sofrimento submisso das mulheres porque é "a cruz que elas têm que carregar" e porque assim "ganham o céu."

Site Meter