quarta-feira, março 21, 2012

INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES

À ENTREVISTA Nº 43 SOBRE O TEMA:
"JESUS E A SIDA"




Bento XVI e o Preservativo

A SIDA é um dos grandes flagelos de África, infelizmente longe de ser o único mas é, sem dúvida, dos mais graves.

Num continente em que 70% das pessoas estão infectadas, no ano passado, aos 22 milhões seropositivos na África Subsariana, juntaram-se mais 1,9 milhões.

E o que diz Bento XVI à sua chegada aos Camarões, na sua visita ao continente africano em Março de 2009?

Textualmente:

- “Não se resolve o problema da Sida com a distribuição de preservativos. Pelo contrário, o seu uso só o agrava”.

O mundo reagiu com espanto e indignação, excepção feita aos seus cardeais e a João César das Neves mas, na verdade, não há razão para surpresas.

As pessoas têm que desfazer nos seus espíritos a ideia de que a religião católica ou qualquer outra, prossegue como finalidade a vida e a felicidade humanas e só este equívoco é que explica a surpresa e indignação face às palavras do Papa.

A Igreja Católica é um edifício construído para ser um instrumento de Poder e de Controle de Consciências e com esta finalidade perpetuar-se no tempo, aproveitando-se de um “espaço de crença” que, por questões de sobrevivência da espécie, se desenvolveu no cérebro humano ao longo do seu processo de desenvolvimento.

Homens muito inteligentes, ambiciosos e perspicazes construíram-no de dogmas, preceitos, regulamentos e uma história nem sempre bem construída – o espírito santo, a virgindade de Maria, a ressurreição – mas o sentimento de crença não tem nenhum tipo de exigência quanto ao rigor da história.

Certo, é que a Igreja preocupa-se consigo própria e quem julgar que não é assim corre o risco de se surpreender.

Se a religião católica transigisse relativamente ao uso do preservativo, amanhã, no que respeitasse à morte medicamente assistida em situações previstas na lei, ao divórcio, etc… estaria a pôr-se em causa a si própria no futuro porque estaria a mexer nos seus alicerces.

O sofrimento e o pecado são peças indispensáveis da doutrina da Igreja e no seu controle das consciências. Na sua óptica, as pessoas não nasceram para ser felizes mas para amarem e respeitarem o seu Deus da forma que ela, Igreja, estipula sob pena de sermos castigados depois da morte por toda a eternidade.

A Igreja precisa de candidatos a pecar e para isso tem que criar proibições, regras de vida desumanas, daquelas em que o incumprimento é obvio porque é a nossa própria natureza que está a ser atingida e o sexo, para isso, é um campo excelente.

A “ordem” do Papa para os africanos é:

- Submetam-se à Igreja, sejam castos, não tenham relações sexuais fora do casamento. Se assim não procederem serão duplamente castigados: primeiro, pela Sida e após a morte irão para o inferno.

A intimidação é a forma mais eficaz testada pela Igreja ao longo dos séculos para obter disciplina e respeito e Bento XVI, como o mais intransigente e rigoroso dos Papas, não podia, mesmo que isso vá contribuir para mais uns milhares de seropositivos, fragilizar o edifício da doutrina num dos seus aspectos essenciais: abrir mão de uma proibição que leva directa e garantidamente ao pecado.

Se um dia, por hipótese, as pessoas deixassem de pecar, a religião, esta ou qualquer outra, deixaria de ser necessária.

Bento XVI velará para que isso não aconteça…

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