DOMINGO
(Na minha cidade de Santarém)
Continua a situação de indigência dos
países europeus relativamente à Alemanha. Só depois das férias, lá para meados
de Setembro, é que os magistrados do Tribunal Constitucional alemão devem dizer
de sua justiça sobre os planos de salvação para o euro, incluindo o resgate da
banca espanhola. O que eles terão de esclarecer é se a soberania do seu país e
a sua lei suprema são postas em causa pelos acordos assinados pela chanceler
Ângela Merkel. É evidente, pelo menos muito provável, que até lá os mercados
vão fazer gato-sapato das economias italiana e espanhola.
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Mas alguém sabe, estou a pensar num italiano ou num espanhol, o que vai dentro
da cabeça desses senhores magistrados quando estiverem a fazer essa avaliação?
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Será um raciocínio em sentido estrito, assim como quem confere uma factura ou
será com base num pensamento que leva em linha de conta os interesses do
conjunto da população europeia, agora e especialmente no futuro?
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Qual será a ligação desses senhores à história recente do seu país que haveria
de causar duas guerras franco-germânicas e mundiais em 1914 e 1939?
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Nós sabemos que o povo alemão também estará dividido: uns a favor de uma
Alemanha europeia na linha de Adenauer, Brandt, Schmidt e kohl, e outra fiel a
uma Alemanha germânico-prussiana “que não paga contas e desgovernos a estes
preguiçosos do sul da Europa.”
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Será que essas eminentes cabeças já equacionaram a tragédia alemã que se
seguirá ao colapso da Zona Euro quando os países da periferia europeia tiverem
de regressar às suas moedas nacionais, a nacionalizar a sua banca e a criar uma
economia de guerra com racionamento para alimentarem legiões de desempregados?
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Onde estarão, então, os mercados e os aliados da Alemanha?
Transcrevendo o que o Prof. Viriato
Soromenho escreve:
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“Para lá do Reno e do Pó só terá rancor e dívidas insolventes. A América de
Mitt Romney não saberá localizar Berlim no mapa. A China já não precisará dos
carros alemães e a Rússia de Putin estará com uma mão no arsenal nuclear e a
outra no botão energético de que a Alemanha depende.”
E voltamos aos senhores magistrados do
Tribunal Constitucional alemão:
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Qual será o sector da população alemã de que eles serão porta-vozes no seu
douto Parecer?
Que a União Europeia era uma solução que
parecia óbvia face ao passado recente da Europa e às naturais tendências de
expansão das economias mundiais, não ofereceu grandes dúvidas à generalidade
dos políticos de então.
Porque não correu bem? Porque estamos
neste impasse?
Deu-se como adqui rido
algo que não o estava. O mesmo passado histórico que apontava para a União
deveria ter levantado reservas e, acima de tudo, muitos cuidados e precauções.
A Europa não se começou a fazer a partir
de europeus mas sim de franceses, alemães, italianos… Os europeus não existiam
porque as realidades sociais e políticas não passam a existir pela simples
assinatura de documentos, constroem-se no dia a dia, sem reservas mentais, com
coragem e inteligência… e com tempo.
Ao contrário de um edifício em que os ar
A Europa joga a sua oportunidade no
mundo. Pulverizada politicamente num mundo globalizado desaparece. Cada um por si é uma aventura e uma incógnita.
(Click na imagem do Mercado Municipal com os seus lindos mosaicos de azulejos retratando cenas da vida rural do antigamente)
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