CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 180
É claro que sim. Já lhe disse, árabe: se
fosse eu…
-
Tenho pensado. Acho que sim…
-
Se decidiu.
-
Mas tem uns problemas, você pode ajudar.
-
Venha de lá um abraço, meus parabéns! Turco feliz!
Depois dos abraços, Nacib, ainda
encabulado, continuou.
-
Ela não tem papéis, tive sondando. Nem registo de nascimento, nem sabe quando
nasceu. Nem sobrenome de seu pai. Morreram quando ela era pequena, não sabe
nada. Seu tio era Silva, mas era irmão da mãe. Não sabe idade, não sabe nada.
Como fazer?
Tonico aproximou a cabeça:
-
Sou seu amigo, Nacib. Vou lhe ajudar. Pelos papéis não se preocupe. Arranjo
tudo no cartório. Certidão de nascimento, nome inventado para ela, prò pai e
prà mãe… só tem uma coisa: quero ser o padrinho do casório…
-
Já está convidado… - E de repente Nacib viu-se liberto, toda a sua alegria
voltava, sentia o calor do sol, a doce brisa do mar.
João Fulgêncio entrava pontual; estava
na hora de abrir a Papelaria. Tonico exclamava:
-
Sabe da nova?
-
São tantas, qual delas?
-
Nacib se casa…
João Fulgêncio, sempre tão calmo,
surpreendeu-se.
-
É verdade Nacib? Não estava noivo que eu soubesse.
-
Quem é a felizarda, pode-se saber?
-
Quem pode ser? Adivinhe… - Sorria Tonico.
-
Com Gabriela, disse Nacib – Gosto dela, vou casar com ela. Não me importo o que
digam…
-
Só se pode dizer que você é um coração nobre, um homem de bem. Outra coisa
ninguém pode dizer. Meus parabéns…
João Fulgêncio o abraçava, mas seus
olhos estavam preocupados. Nacib insistiu:
-
Me dê um conselho. Acha que vai dar certo?
-
Nesses assuntos não se dá conselhos, Nacib. Se vai dar certo, quem pode
adivinhar? Eu desejo que dê, você merece. Só…
-
Só, o quê?
-
Tem certas flores, você já reparou? Que são belas e perfumadas enquanto estão
nos galhos, nos jardins. Levadas prós jarros, mesmo jarros de prata, ficam
murchas e morrem.
-
Porque havia ela de morrer?
Tonico atalhava:
-
Que nada, seu João! Deixe de poesia… Vai ser o casamento mais animado de
Ilhéus.
João Fulgêncio sorria, concordava:
-
Besteira minha, Nacib. Do coração lhe felicito. É um gesto de grande nobreza,
esse seu. De homem civilizado.
-
Vamos brindar – propôs Tonico.
A brisa marinha, o sol a brilhar, Nacib
ouvia o canto dos pássaros.
(Click 2 vezes na imagem. Assinalo o dia em que Nacib tomou a decisão da sua vida com esta morena de encantar)
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