MONOTEÍSMO
(Parte IV)
Richard Dawkins – “A Desilusão de Deus”
Pelas declarações
transcritas no texto anterior ficou perfeitamente claro que os Pais Fundadores
da América, Jefferson, Adams, Madison, agnósticos ou ateus, eram igualmente
defensores de que as opiniões religiosas de um Presidente eram exclusivamente
da sua conta. Por isso, ficariam perfeitamente horrorizados com a resposta que
George Bush pai deu ao jornalista Robert Sherman quando este lhe perguntou se
reconhecia como iguais o patriotismo e a cidadania dos americanos ateus:
- «Não, não acho que os ateus devam ser
considerados cidadãos, nem que devam ser considerados patriotas. Esta é uma só
nação, sob a protecção de Deus».
Basta substituirmos a
palavra ateus por judeus, muçulmanos ou negros e teremos a medida do
preconceito e da descriminação que os ateus norte-americanos têm de suportar
hoje em dia.
Mas o isolamento dos ateus
na América do Norte, como faz pressupor as afirmações de Bush pai é uma ilusão
propositadamente cultivada pelo preconceito. Eles são nos E.U.A, em número
muito maior do que as pessoas fazem ideia.
Eles são, por exemplo, mais
numerosos, de longe, do que os judeus religiosos, no entanto, é notório que o
lóbi judaico é um dos mais tremendamente influentes em Washington.
O que poderiam conseguir os
ateus norte-americanos se estivessem devidamente organizados?
Tom Flynn, director do
jornal Free Inqui ry, é convincente
ao afirmar: “Se os ateus se sentem sós e oprimidos só temos de nos culpar a nós
próprios. Numericamente somos fortes. Vamos começar a fazer valer o nosso
peso.”
No seu admirável livro
Atheist Universe, David Miller conta uma história que, caso se tratasse de
ficção, por certo consideraríamos uma caricatura irrealista da intolerância
policial:
- Um desses curandeiros que dizem curar pela
fé um cristão que dirigia uma «cruzada milagreira» ia á cidade natal de Mills
uma vez por ano.
Entre outras coisas
estimulava os diabéticos a deitarem fora a insulina e as pessoas que sofriam de
cancro a desistirem da qui mioterapia,
incentivando em vez disso, a rezar por um milagre,
Num gesto sensato Mills
decidiu organizar uma manifestação pacífica para avisar as pessoas. Contudo,
cometeu o erro de ir à polícia informar os agentes da sua intenção e pedir
protecção policial para o caso de possíveis ataques por parte dos apoiantes do
curandeiro.
Por azar, o agente, estava a
pensar ir à concentração e fazia intenções de cuspir na cara de Mills quando
este passasse à sua frente…
Tentou um segundo agente que
lhe disse se algum dos apoiantes do curandeiro, confrontasse Mills com
violência, prenderia Mills por “tentar interferir na obra de Deus”.
Regressou a casa desiludido
mas decidiu telefonar para a Polícia para falar com um superior, um sargento,
que lhe disse:«Vá pró inferno, amigo. Não espere que a gente aqui na polícia façamos protecção a um maldito de um
ateu. Espero é que alguém dê cabo de si».
Abundam os episódios de
idêntico preconceito contra os ateus e é praticamente impossível que um ateu
sincero ganhe eleições nos E.U. A.
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