Episódio Nº 129
Uma mulher explica a outra
que não gosta de vir ao circo porque tem medo que o leão se solte. Leão dá
nervoso nela.
Juju é meia velha, tem
rugas que a pintura não encobre mais, porém, ainda assim, é dona de um corpo
bem feito. Rosenda Rosedá vem vestida de baiana:
- Boa noite meu povo…
Corre em volta do circo,
saltando, suspendendo a saia que faz roda e que volteando com o vento parece
até o pano do circo.
Os homens esquecem Juju,
Fifi, o grande equi librista Robert,
o urso, o leão, e até o palhaço, para só verem Rosenda Rosedá, que está vestida
de baiana e sacode as ancas num remeleixo.
Os olhos estão cheios de
luxúria. Os empregados do comércio esticam os corpos para a frente no camarote.
O Juiz botou os óculos. A
sua mulher diz que é uma imoralidade. Os negros na geral estão roucos de tanto
gritar. Rosenda conqui stou o
público.
Só não aparece Baldo, o
gigante negro, que lá dentro segura Giusepe bêbedo que quer a pulso vir
cumprimentar o público.
Reclamam a presença do
negro.
- Que saia o lutador… que saia o lutador…
- Tá se escondendo?
Luigi explica que Baldo, o
gigante negro, o grande lutador, campeão mundial de boxe, luta-livre e capoeira
está dando os últimos treinos e só aparecerá no momento da luta que irá sustentar
contra os campeões daquela heróica cidade.
A companhia se retira e
começa o espectáculo com Juju e o seu cavalo. O cavalo Furacão corre em galopes
pela arena. Juju traz um chicote na mão e veste culote. Os peitos enormes
apertados na blusa.
Pula no cavalo. Vai em pé
em cima das ancas do animal. Para ela é como se estivesse num automóvel. Dá um
salto em cima do Furacão. Aplausos. Faz outras piruetas e se retira entre
palmas.
Já vi coisa melhor – diz
um homem que é examinado com admiração porque é viajado. Ele conta que esteve
na Baía e no Rio.
Isso é porcaria.
Os homens que estão com
vontade de aplaudir ficam encabulados. Mas depois perdem o medo e batem palmas
com força. É que, depois da banda tocar um samba, o palhaço entrou dando
cambalhotas.
Discutiu com Luigi, pegou
a mala aberta (via-se uma cueca que aparecia, o bengalão, e qui s se retirar. Depois fez umas mágicas, Luigi
perguntou:
- Você esteva na escola, Bolão?
- Se estive… Levei dez anos na jumentalidade…
Eu sou formado em burro, ouviu? – o público ria de se acabar.
Então me diga em quantos
dias Deus fez o mundo?
- Eu sei…
- Então diga.
- Você pensa que eu não sei? – arrastava o
bengalão…
- Então diga…
- Eu sei mas não digo, pronto, que eu não
quero.
- Você não sabe…
- Não sei… Quem lhe disse que eu não sei… Quem
foi, que eu vou dar uma surra nele.
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