Episódio Nº 158
Onde é que já se viu uma dama, que vem
acompanhada para um baile, dançar com um desconhecido sem falar com o
cavalheiro que a trouxe?
Aqui lo
não está direito. Rosenda está bobeando ele. Ela ficou danada com o negócio do
colar e agora quer irritar o negro. Zefa não foi dançar. Vem para a mesa deles,
aceita cerveja:
-
Tua mulata tá cutuba, Baldo. Olha como tá rindo para o branco. Seu Carlos é um
danado…
Joaqui m
tira Zefa para dançar. Zefa foi rindo, rindo de António Balduíno. Todos pensam
que ele está enrabixado por Rosenda, que ela fez feitiço para prender o negro.
António Balduíno pede cachaça ao garçon,
um capenga que anda com uma perna de pau. Na mesa vizinha um homem quer brigar
com todo o mundo.
As negras dançam na sala. O Jazz se
acaba de tanto entusiasmo. Rosenda está dançando. Carlos fala no seu ouvido.
Isso é proibido. Porque é que seu Juvêncio não reclama? António Balduíno pensa:
-
Será que estou com dor de corno?
Que mulata bonitinha a que ficou sem
dançar junto daquela velha gorda. Tem uma cara que é um primor. Uns peitinhos
pequenos.
Rosenda passa perto da janela e ri.
Porque é que António Balduíno não pode pensar na mulatinha? Pede mais cachaça.
Tudo por causa daquele colar.
Mas ele havia de não dar o dinheiro a
Vicente para a mulher de Clarimundo? Clarimundo morreu debaixo do guindaste. O
colar azul. Ainda se fosse vermelho!
Rosenda passa outra vez se rindo. Ele
acaba desfeiteando o chofer. Querem se rir dele? Parece que não conhecem o
negro António Balduíno. Sente o contacto da navalha que está no cós da calça.
Fica um lapo bonito na cara de um.
Demais o colar azul não ficaria bonito com o vestido verde. Outro copo de
cachaça. Se fosse um colar vermelho…
Amanhã a mulher de Clarimundo começará a
lavar roupa. Trabalho desgraçado. E ela é magra, acaba ficando tuberculosa.
Rosenda merece uma surra. Nunca nenhuma
negra fez aqui lo com ele. A sala
está cheia. As negras de vestido de baile dançam como as mulheres elegantes.
Poucas mulheres se vestem tão bem como a
negra Joana. Mas hoje Rosenda está mais bonita. O chofer está satisfeito,
exibindo o par. O dinheiro do colar ele deu a Clarimundo.
O Jazz pára mas as palmas o obrigam a
recomeçar. Na mesa vizinha um homem quer brigar seja com quem for, Balduíno se
volta.
-
Tou com você, mulato.
-
Obrigado, patrício… Não vê que ninguém se mete comigo…
E reclama contra o garçon, reclama do
companheiro da mesa.
-
Eu hoje faço um frege aqui …
António Balduíno bem que podia pedir a
Jubiabá que fizesse um feitiço para Rosenda ficar caidinha por ele. Um negro
canta no Jazz:
«Mulata, tu me desprezaste…
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