E se foram dando vivas à greve... |
JUBIABÁ
Episódio Nº 189
E isso afectaria grandemente a greve dos
operários da Circular e dos estivadores. Vencidos os padeiros a greve perdia um
dos braços. Seria muito mais fácil lutar contra os restantes.
Começaram a chover os discursos no
sindicato dos padeiros. Enquanto isso havia um discurso na Praça Castro Alves
pedindo a liberdade do operário preso na véspera.
No meio do comício alguém falou do caso
dos padeiros, no furo que as «Reunidas» pretendiam fazer na greve. O comício
tomou ali um carácter mais violento e desceram todos para o sindicato dos
padeiros.
Do sindicato dos estivadores já ia
gente. O Gordo passou pelo dos operários da Circular para avisar.
No sindicato dos padeiros (a sala era
pequena para tanta gente) falaram os representantes dos trabalhadores das
padarias, dos estivadores, dos condutores de bonde, dos estudantes.
Falou também um operário de uma fábrica
de sapatos que entraria também em greve geral mal a situação exigisse. Cada vez
chegava mais gente ao sindicato.
Severino falou rouco, já quase sem voz.
Foi lançado um manifesto concitando os operários à greve geral e ficou
resolvido que iriam impedir o trabalho dos padeiros vindos de Feira de
Sant’Ana.
As «Panificadoras Reunidas» eram três
grandes padarias. Uma ficava na Baixa dos Sapateiros, a outra no Corredor da Vitória
e a terceira numa rua do Centro.
Os grevistas se reuniram em três grandes
grupos e foram para a frente das padarias. Apenas Severino e uns poucos foram
entrar em entendimentos com os operários de algumas fábricas e com choferes de
marinetis e de automóveis de praça.
Preparavam a greve geral. A Companhia
Circular e a Companhia que explorava as docas, não queriam sequer entendimentos
com os grevistas. Só tomariam conhecimento das suas propostas quando eles voltassem
para o trabalho. Os donos das padarias procuravam furar a greve.
Foi fácil que os operários contratados
para as Panificações do Corredor de Vitória e do centro da cidade trabalhassem.
Eles tinham vindo com promessas formidáveis, mas de começo, Ruiz, o
proprietário, se negara a pagar metade do trabalho adiantado como prometera.
Dissera que só no dia seguinte, o
serviço feito, pagaria. Com apelos ao sentimento de solidariedade e com a
certeza, que se lia no rosto dos grevistas, que não deixariam os outros
trabalharem, os recém vindos consentiram em voltar para Feira de Sant’Ana num
automóvel.
E se foram, dando vivas à greve.
Porém na «Reunidas» da Baixa dos
Sapateiros a coisa foi diferente. Quando os grevistas chegaram a polícia já se
encontrava guarnecendo a padaria. Investigadores se envolviam entre os
operários, mão no revólver.
O grupo
ficou parado na rua esperando que os contratados chegassem. Quando o camião que
os trazia desembocou na rua, um operário se postou à sua frente impedindo-o de continuar
a marcha. Imediatamente outro trepou num poste e começou um discurso mostrando
aos padeiros de Feira de Sant’Ana qual a situação e o que os patrões queriam
fazer
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