sábado, dezembro 14, 2013

E se foram dando vivas à greve...
JUBIABÁ

Episódio Nº 189





E isso afectaria grandemente a greve dos operários da Circular e dos estivadores. Vencidos os padeiros a greve perdia um dos braços. Seria muito mais fácil lutar contra os restantes.

Começaram a chover os discursos no sindicato dos padeiros. Enquanto isso havia um discurso na Praça Castro Alves pedindo a liberdade do operário preso na véspera.

No meio do comício alguém falou do caso dos padeiros, no furo que as «Reunidas» pretendiam fazer na greve. O comício tomou ali um carácter mais violento e desceram todos para o sindicato dos padeiros.

Do sindicato dos estivadores já ia gente. O Gordo passou pelo dos operários da Circular para avisar.

No sindicato dos padeiros (a sala era pequena para tanta gente) falaram os representantes dos trabalhadores das padarias, dos estivadores, dos condutores de bonde, dos estudantes.

Falou também um operário de uma fábrica de sapatos que entraria também em greve geral mal a situação exigisse. Cada vez chegava mais gente ao sindicato.

Severino falou rouco, já quase sem voz. Foi lançado um manifesto concitando os operários à greve geral e ficou resolvido que iriam impedir o trabalho dos padeiros vindos de Feira de Sant’Ana.

As «Panificadoras Reunidas» eram três grandes padarias. Uma ficava na Baixa dos Sapateiros, a outra no Corredor da Vitória e a terceira numa rua do Centro.

Os grevistas se reuniram em três grandes grupos e foram para a frente das padarias. Apenas Severino e uns poucos foram entrar em entendimentos com os operários de algumas fábricas e com choferes de marinetis e de automóveis de praça.

Preparavam a greve geral. A Companhia Circular e a Companhia que explorava as docas, não queriam sequer entendimentos com os grevistas. Só tomariam conhecimento das suas propostas quando eles voltassem para o trabalho. Os donos das padarias procuravam furar a greve.

Foi fácil que os operários contratados para as Panificações do Corredor de Vitória e do centro da cidade trabalhassem. Eles tinham vindo com promessas formidáveis, mas de começo, Ruiz, o proprietário, se negara a pagar metade do trabalho adiantado como prometera.

Dissera que só no dia seguinte, o serviço feito, pagaria. Com apelos ao sentimento de solidariedade e com a certeza, que se lia no rosto dos grevistas, que não deixariam os outros trabalharem, os recém vindos consentiram em voltar para Feira de Sant’Ana num automóvel.

E se foram, dando vivas à greve.

Porém na «Reunidas» da Baixa dos Sapateiros a coisa foi diferente. Quando os grevistas chegaram a polícia já se encontrava guarnecendo a padaria. Investigadores se envolviam entre os operários, mão no revólver.

O grupo ficou parado na rua esperando que os contratados chegassem. Quando o camião que os trazia desembocou na rua, um operário se postou à sua frente impedindo-o de continuar a marcha. Imediatamente outro trepou num poste e começou um discurso mostrando aos padeiros de Feira de Sant’Ana qual a situação e o que os patrões queriam fazer

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