DOMINGO
(Na minha cidade de
Santarém em 12/1/2014
Esta semana que agora passou foi
dominada pelo falecimento de Eusébio. As televisões correram atrás da sua
popularidade e não houve mais assunto que não tivesse sido “O Pantera Negra”em
qualquer canal generalista.
Muitos políticos não qui seram ficar à margem “dos amigos do Eusébio” e lá
foram descobrindo momentos em que, numa situação ou noutra, estiveram com
Eusébio, falaram com Eusébio ou simplesmente vitoriaram os seus golos mesmo
quando ainda eram só meninos de pouca idade…
A generalidade dos portugueses vibrou
quando ele os marcava ao serviço da selecção nacional e os outros, os benfiqui stas, que dizem ser 6 milhões - número este exagerado, já se vê, mas que satisfaz o seu ego - que
para mim tem uma história que se chama Eusébio, que às "costas, cavalitas,
nos braços, puxados pelas pernas lá os foi carregando” para o Benfica…
Por outras palavras, quem não queria ser
do Benfica para poder ser do grande Eusébio?... Tivesse ele ido para o Sporting
e lá teríamos os 6 milhões de sportingistas, e não é difícil perceber e aceitar
isto. Os jogadores mágicos fazem os clubes e atraem adeptos como as flores com o seu pólen atraem as abelhas.
O Benfica, durante muitos anos, poderia
igualmente chamar-se o clube do Eusébio porque ele foi o “abono de família” dos
seus colegas e a fonte de orgulho, alegria e felicidade dos sócios, adeptos e
simpatizantes e nos jogos na Liga dos Campeões da Europa, dos portugueses.
E foi tudo isso de uma maneira especial
que esteve na origem do milagre da sua popularidade que era genuína, autentica,
fenómeno colectivo, como se viu pelas exéqui as
que o país e o clube muito justa e espontâneamente lhe moveram.
Na verdade, não bastou ao Eusébio ser o
futebolista fora de série que foi, o melhor do mundo no seu tempo, porque é
injusto fazer comparações fora do tempo.
Não, o Eusébio adqui riu a popularidade que todos tivemos oportunidade
de comprovar e que o vai levar direitinho ao Panteão Nacional porque, como
homem, tinha características que o povo adorava e das quais, ao longo dos anos, se
apercebeu.
- Era um jogador soberbo, enchia o campo
com as suas arrancadas, chutava de igual forma com o pé que tinha “mais à mão”,
metia golos de bola parada a 40
metros de distância dizendo ao colega que o abeirava,
“estou a ver o canto”, provocando suspense na assistência com sorrisos de
desdém, primeiro e de espanto depois.
E fazia tudo isto com humildade, sem
exibições de vedeta, algumas vezes cumprimentando os guarda-redes que
desfeiteava porque, mesmo tendo sido miúdo da rua de pé descalço, lá no bairro dos subúrbios de
Lourenço Marques, hoje Maputo, em Moçambique, onde se iniciou no futebol,
dentro de campo, ao longo da sua carreira, ele foi um Senhor de estirpe nobre com
um S grande.
Não pensava nele, jogava pelo amor ao jogo, muitas vezes em esforço e
com dores no seu joelho esquerdo a que foi operado seis vezes, (não com as
técnicas de hoje), a pedido dos colegas da equi pa
porque era precisa a vitória que “dava o dinheiro para o leitinho dos meninos” e ele era a chave dessa vitória.
O povo sabia disto tudo e por isso o
amava e chorou a sua morte de forma sentida, como se chora a das pessoas
chegadas, as da família.
Eusébio foi consensual, o seu clube foi
Portugal, as lágrimas que ele chorou e limpou à camisola que envergava, no fim
do jogo em que perdeu com a Inglaterra por 2-1, nas meias-finais do Campeonato
do Mundo de 1966, eram lágrimas portuguesas e essa fotografia correu mundo e
ficou gravada na minha alma e na de milhões de portugueses que assistiram nas
velhinhas televisões a preto e branco, por esse país fora, e que com ele também
choraram.
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