domingo, junho 22, 2014

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Domingo

( Na minha cidade de Santarém em 22/7/14)











No meu país, do ponto de vista político, para além das guerras entre o Governo e o Tribunal Constitucional, o que está agora na ordem do dia é a disputa pelo poder no partido Socialista ente António José Seguro e António Costa.

Em democracia, um partido político é uma organização complexa de pessoas com legítimas ambições de poder que estabelecem entre si relações de amizade, aliança, cumplicidade e se submetem a um Estatuto que deve assegurar, em primeiro lugar, o respeito pelas bases ideológicas do partido e, ao mesmo tempo, o seu funcionamento em moldes discutidos e aceites pelos órgãos representativos dos seus militantes.

No Partido Socialista, nascido ainda no tempo do anterior regime, a ideia prevalecente foi sempre a da liberdade e respeito pelos direitos democráticos das pessoas tanto dentro como fora do partido.

António José Seguro, ao contrário do que o seu nome indica, é um líder inseguro e os Estatutos foram a sua grande preocupação para a defesa do seu lugar depois de ter estabelecido, ao longo dos anos no silencio da oposição, uma rede de ligações e cumplicidades nas estruturas do partido por todo o país.

Receoso que lhe disputassem o poder que lhe caiu no regaço com a derrota de José Sócrates nas últimas eleições, derrota essa que ele próprio ajudou a minar, foi-se aos Estatutos e blindou-os impedindo o acesso ao Congresso Extraordinário.

Foi esta a decisão da Comissão Nacional de Jurisdição (CNJ) com base no argumento de que vai contra os estatutos do partido, segundo os quais não pode ocorrer a eleição de novos dirigentes sem que haja vacatura dos respectivos cargos.

Ora, no Partido Socialista, há muitas pessoas que
estão interessadas em que Seguro chegue ao poder para que finalmente colham os dividendos de um investimento feito ao longo dos anos em fidelidade seguidista cultivada pelo actual Secretário Geral junto das estruturas Federativas e Concelhias do Partido por esse país fora.

Para alguns outros, poucos, um Chefe limitado na sua capacidade de visão política e permanentemente receoso, constitui sempre a garantia de um terreno fértil para semear projectos de ambição pessoal.

António Costa, que é considerado pela maioria das pessoas, observadores e votantes na esquerda e centro democrático, como um político mais hábil, competente e sedutor, com um discurso inteligente, pensado, apoiado numa vitória histórica na Câmara Municipal de Lisboa, não aceitou que os 31,4% obtidos pelo Partido nas últimas eleições para o Parlamento Europeu, fosse considerada uma grande vitória.

Na verdade, só um político de vistas curtas pode considerar esse resultado como uma Grande Vitória e logo no dia seguinte, António Costa disponibilizou-se para disputar o poder num Congresso Extraordinário.

Mais uma vez, as “vistas curtas” de António José Seguro, filhas da sua cobardia política, no lugar de corresponder imediatamente ao desafio e pôr termo à divisão do partido, inventou umas primárias lá para fins de Setembro/Outubro.

Ele desconhece que em democracia política o poder está sempre a ser escrutinado e da mesma maneira que ele contesta a legitimidade do Governo eleito democraticamente e pede a sua demissão... está no seu papel, é o chefe da oposição, relativamente a si barrica-se nos Estatutos que ele próprio alterou em seu proveito e afirma:

 - Daqui não saio... daqui ninguém me tira! Para além de cobardia a incoerência política!

A continuar esta luta intestina até finais de Setembro, princípios de Outubro, o PS, dividido, irá averbar uma derrota nas próximas eleições legislativas, mais pequena com António Costa, mais robusta com o António José Seguro, para gáudio de Passos Coelho e dos Votos em Branco e grande prejuízo para o país.

O culpado foi o Costa! -  repetirá pela centésima vez o Tó Zé Seguro.... 

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