Largo do Seminário em Santarém |
HOJE
É
DOMINGO
(Na
minha cidade
de Santarém em 29/6/2014)
A
sociedade portuguesa está em
guerra. Há um desnorte nas tropas, os chefes digladiam-se
entre eles… dizem que é a democracia mas, para mim, é a deterioração da
democracia, os partidos a definharem pelas costuras pelo abandono das pessoas
mais válidas da sociedade portuguesa e a transformarem-se, cada vez mais, em locais de emprego para clientelas.
Quanto
aos problemas de fundo o país está mais ou menos de acordo: temos de aumentar a produção da riqueza, reduzir certas despesas do Estado e equilibrar o orçamento.
- Mas onde cortar, como aumentar?
Já
definiram o inimigo mas não sabem como abatê-lo. Voluntariosos, há vários
concorrentes para liderarem as tropas mas estas perderam a confiança nos seus
chefes, não sabem quem seguir…
Em
tempos, vestiram-me uma farda e mandaram-me para a guerra. Não para defender a
minha terra, a minha família ou os meus interesses mas de outros que estavam
escondidos por detrás de palavras tão bonitas como Pátria e Honra... E nós, sem
outro remédio, lá fomos e alguns mais entusiastas levaram até na sacola os
Lusíadas e a Bíblia.
Alguns
deixaram lá a vida, outros ficaram feridos, incapacitados e a guerra acabou
inconclusiva por desistência de uma das partes.
Do
outro lado, recordo Samora Machel, disseram que foi uma vitória. Para alguns,
do lado de cá, teria sido um empate ou derrota na Secretaria por desistência...
talvez, vi fotografias de soldados nossos abraçados ao inimigo como é próprio
dos combates nulos.
Mas
essa guerra já foi há muitos anos e não interessa falar dela, ferem-se
sensibilidades…
O inimigo de ontem, hoje dá empregos aos
desempregados do nosso país, compra-nos coisas, investe nas nossas empresas, ou
seja, ajuda-nos, não por altruísmo mas para ganhar outra guerra, a do dinheiro,
essa que é mesmo a sério.
Por
que é que governar um país é tão difícil?
-
Porque não exige apenas inteligência. Alguém duvida da inteligência de António
Guterres, um dos alunos mais brilhantes que já passou pelo Instituto Superior
Técnico?
- E
não terá ele sido um homem sério como Sócrates o foi, Soares, ou Salazar umas
gerações antes?
É
que a um político pede-se-lhe, também, para além de inteligência e seriedade,
que saiba ler o futuro como se fosse quase um adivinho.
-
"Ah, pois, dizer isso agora é fácil..." É aqui que está o mérito do político. Chegar lá antes
dos outros que esperam pelo acontecer das coisas...
Lembram-se
dos ventos da História de que falava Salazar?
Esses
ventos empurravam as colónias para a independência e ele, no que julgava ser um
golpe de génio político, não fez a vontade aos ventos e não negociou com
aqueles a quem chamava de “terroristas”.
E
hoje, quais serão os ventos da história?
A
maioria de nós não tem dúvidas que vão na direcção da Europa mas o processo que
se montou foi capcioso, estava armadilhado por uma moeda demasiado forte que
serve os interesses da Alemanha e prejudica os nossos cuja economia não teve
tempo nem capacidade para se ajustar a uma tal moeda.
Não
esqueçamos que uma moeda forte retira-nos competitividade, dificulta a vida dos
nossos exportadores que não têm Mercedes, nem BMW para vender, enquanto que a
uma economia forte e altamente competitiva como a alemã, num mundo global, com
os seus automóveis de marcas consagradas a venderem-se como papo-secos e muitos
outros equi pamentos industriais,
ajusta-se na íntegra.
Por
alguma razão os chineses mantêm o seu “Yen” "baixinho" resistindo a
todas as pressões internacionais para que o ajustem ao que é hoje a força da
sua economia.
Para
nos chatear ainda o bichinho do ouvido vêm aqueles senhores, como o ministro
das Finanças alemão, aquele a quem o nosso Gaspar falava na orelha porque anda
numa cadeiras de rodas, lembram-se das imagens, que de memória curta sobre a historia
recente do seu país, afirmava, do alto da sua soberba, que nós, cá do Sul, ao
nos queixarmos deles, o que tínhamos era inveja…
Espero
que não tenhamos de mudar de estratégia, sair do euro ou mesmo do projecto
europeu, seria uma calamidade mas eu não sou político e apenas registo que o
percurso está a ser muito violento, muito mais do que se pensou, por culpa do
próprio processo de integração e de um mundo desgovernado pelos homens do
dinheiro, sem escrúpulos nem moral, nem ética.
Mas
também por alguns erros nossos, alguns de avaliação das situações e outros que
foram soprados por Bruxelas que agora assobia para o lado e também, por que não
reconhecê-lo, da mistura criminosa entre interesses privados e públicos que
prejudicaram o país e fizeram crescer a nossa dívida.
O
momento é delicado…Venceremos a guerra? – Vencerá a Europa a guerra contra os
seus inimigos e nós, conseguiremos equi librar
o barco? E a que preço?
Os
partidos da extrema - direita atacaram em força e estão representados agora no
Parlamento Europeu em muito maior número para dar cabo do projecto europeu por
dentro.
Felizmente,
uma vez lá chegados, não se entenderam e Marine Le Pen registou uma derrota por
não ter conseguido constituir um grupo político composto exclusivamente por
partidos da extrema-direita o que lhe daria mais força.
Aguardamos
agora a eleição do novo Presidente da Comissão e, num futuro próximo, tenho
muita pena que um homem como António Costa não possa, como 1º Ministro do nosso
país, defender na Europa os interesses de Portugal aliado a outros países do
Sul.
O
que se passa no Partido Socialista é muito mais do que uma questão partidária,
é um assunto nacional. As manobras e o tacticismo de Seguro arrastam o partido
para uma cisão.
Se ele vencer com recurso a todas as manobras
em que se especializou, o PS perderá as próximas legislativas e deixará de ser
o Partido que sempre tem sido, de referência para os eleitores da esquerda e do
centro, excepção feita ao tempo do PRD, do general Ramalho Eanes e do Eng. Hermínio
Martinho, que se constituíram então como alternativa de pouca duração.
A
maior parte das pessoas do PS ou daquele sector da classe média, democratas, não
aceitará Seguro, homem vazio e demagógico que corre para onde lhe convém, para
uma alternativa a Passos Coelho que, aliás, corre o risco de sair reforçado nas
próximas legislativas com um adversário destes.
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