terça-feira, agosto 05, 2014

De férias, na casa da Comporta.
Justiça

salomónica











Esta justiça salomónica do BP relativamente ao BES o que tem de pior é que nestas coisas de “branco” e “preto”, “bom” e “mau” existe sempre uma zona cinzenta, e alguém que é assim – assim, nem boa nem má.

Estas formas extremas de justiça, quando já nada mais há a fazer, têm sempre vítimas inocentes que, neste caso do BES, são os pequenos accionistas que tiveram agora, à sua custa, a maior lição da sua vida.

A Ministra das Finanças, ontem, foi peremptória e decisiva: pequenos ou grandes, é tudo igual, não podemos descriminar, são todos accionistas.

Aqui há umas dezenas de anos atrás, uma nova classe de portugueses emergiu com o desenvolvimento económico do país e começou a perceber que havia uma outra forma de ganhar dinheiro, mais fácil e mais rápido sem ter que trabalhar: jogar na Bolsa, investir na Dª Branca e nas acções que davam dividendos e a qualquer momento podiam ser transaccionadas.

Foi uma tentação para muitos que, contentarem-se com os jurozitos dos depósitos a prazo, era sinal de pouca esperteza, de atraso perante os novos tempos.

Depois, havia sempre um amigo que tinha outro amigo que sabia o que fazer com o dinheiro e ganhar com ele muito mais do que os tais juros “mixurucos” dos depósitos a prazo.

Esqueceram-se de lhes dizer que essas aventuras financeiras têm um risco que não está tão longe quanto se pensa mas, se o tivessem dito, teria entrado por um ouvido e saído pelo outro.

As acções do BES, que já não davam dividendos há uns tempos bons, mantê-las era só uma questão de confiança, de prestígio, de “status” social, era como passar uns dias de férias na Comporta com a família Espírito Santo.

Muitos desses pequenos accionistas não pertenciam “aquele mundo” e talvez por isso gostavam de ser accionistas do BES até ao momento em que acordaram para a realidade quando a Ministra lhes disse:


 - Para nós são todos iguais: pequenos, médios ou grandes, o tratamento é igual. São todos maus... 

Os pequenos accionistas, em desespero de causa, têm como opção, chamarem "de filhos da puta" ao Governador do Banco de Portugal, Presidente da CMVM,e a todos os Órgãos eleitos deste país que há meia dúzia de dias atrás lhes diziam que estava tudo bem no BES. No GES é que estava mal...             

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