António Costa |
Amanhã vou votar
O dia de amanhã é decisivo para o Partido Socialista e para o país e seria bom que a clarificação venha a ser tudo menos nebulosa, meias-tintas em que a ementa seria pior que o soneto.
Já aqui
afirmei que não estou certo do grau de penetração no eleitorado, mesmo sendo
socialista, de propostas demagógicas e populistas.
Tenho dúvidas sobre a racionalidade das
decisões colectivas quantas vezes toldadas pelas emoções e afectos.
Toda a campanha de Seguro visou atingir
a afectividade e os sentimentos dos potenciais votantes vitimizando-se,
condoendo-se, fazendo lembrar, numa escala muito maior, Santana Lopes quando se
queixava que o seu governo recém-empossado era como um bebé que deitado no
berço era tratado mal por todos que passavam por ele e lhe batiam.
A estratégia de Seguro não constitui,
por isso, nenhuma novidade apenas subiu de tom e grau.
Numa sociedade com um historial de
grandes desigualdades sociais e pobreza extrema, muitos homens e mulheres
sobreviveram estendendo a mão à caridade implorando a bondade cristã dos outros, mexendo com os seus sentimentos. Parece que os políticos se comportam fiéis a
esse passado.
Os instintos primários da pessoa humana
continuam a ser uma tentação por parte de quem devia dar o exemplo puxando
pelas atitudes racionais, pensadas.
A luta pelo poder é legítima, saudável,
boa para a sociedade que não deve viver apática, acomodada, desinteressada do
seu destino e em democracia os políticos, em liberdade, devem colocar as
suas decisões em apreciação aos cidadãos.
Num determinado momento da vida do país,
concretamente depois das eleições para o Parlamento Europeu, António Costa, um
dos mais prestigiados políticos do Partido Socialista e do país, fez uma avaliação política
da situação e decidiu, publicamente, confrontar o actual secretário-geral
com a sua candidatura disputando-lhe o lugar e colocando a decisão nas mãos dos
seus camaradas de partido em Congresso Extraordinário
a convocar para o efeito, Congresso esse que o Secretário Geral transformou em
primárias... lá para as "calendas gregas" de fins de Setembro.
Se esta decisão de Costa foi certa ou
errada o tempo e a história se encarregarão de o dizer, mas traidora?
Provoca uma ruptura no seio do partido? –
Mas ela já estava latente e é inevitável sempre que há escolhas a fazer.
Não será sempre assim na vida das sociedades
em democracia?
A própria democracia não será uma pesqui sa permanente do melhor líder ou da melhor força
política através da escolha dos cidadãos?
-
É doloroso escolher? - Dá lugar a ódios e separações?
-
Sim, mas não necessariamente.
– Então, porque obrigou Seguro o PS a
viver esse drama durante três meses quando ele poderia ter sido resolvido em três
semanas?
A resposta é tão óbvia que me dispenso
de a dar ou melhor, dá-la-ei amanhã votando no António Costa.
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