sábado, setembro 27, 2014

António Costa
Amanhã vou votar


















O dia de amanhã é decisivo para o Partido Socialista e para o país e seria bom que a clarificação venha a ser tudo menos nebulosa, meias-tintas em que a ementa seria pior que o soneto.

Já aqui afirmei que não estou certo do grau de penetração no eleitorado, mesmo sendo socialista, de propostas demagógicas e populistas.

Tenho dúvidas sobre a racionalidade das decisões colectivas quantas vezes toldadas pelas emoções e afectos.

Toda a campanha de Seguro visou atingir a afectividade e os sentimentos dos potenciais votantes vitimizando-se, condoendo-se, fazendo lembrar, numa escala muito maior, Santana Lopes quando se queixava que o seu governo recém-empossado era como um bebé que deitado no berço era tratado mal por todos que passavam por ele e lhe batiam.

A estratégia de Seguro não constitui, por isso, nenhuma novidade apenas subiu de tom e grau.

Numa sociedade com um historial de grandes desigualdades sociais e pobreza extrema, muitos homens e mulheres sobreviveram estendendo a mão à caridade implorando a bondade cristã dos outros, mexendo com os seus sentimentos. Parece que os políticos se comportam fiéis a esse passado.

Os instintos primários da pessoa humana continuam a ser uma tentação por parte de quem devia dar o exemplo puxando pelas atitudes racionais, pensadas.

A luta pelo poder é legítima, saudável, boa para a sociedade que não deve viver apática, acomodada, desinteressada do seu destino e em democracia os políticos, em liberdade, devem colocar as suas decisões em apreciação aos cidadãos.

Num determinado momento da vida do país, concretamente depois das eleições para o Parlamento Europeu, António Costa, um dos mais prestigiados políticos do Partido Socialista e do país, fez uma avaliação política da situação e decidiu, publicamente, confrontar o actual secretário-geral com a sua candidatura disputando-lhe o lugar e colocando a decisão nas mãos dos seus camaradas de partido em Congresso Extraordinário a convocar para o efeito, Congresso esse que o Secretário Geral transformou em primárias... lá para as "calendas gregas" de  fins de Setembro.

Se esta decisão de Costa foi certa ou errada o tempo e a história se encarregarão de o dizer, mas traidora?

Provoca uma ruptura no seio do partido? – Mas ela já estava latente e é inevitável sempre que há escolhas a fazer.

Não será sempre assim na vida das sociedades em democracia?

A própria democracia não será uma pesquisa permanente do melhor líder ou da melhor força política através da escolha dos cidadãos?

 - É doloroso escolher? - Dá lugar a ódios e separações?

 - Sim, mas não necessariamente.

– Então, porque obrigou Seguro o PS a viver esse drama durante três meses quando ele poderia ter sido resolvido em três semanas?

A resposta é tão óbvia que me dispenso de a dar ou melhor, dá-la-ei amanhã votando no António Costa.

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