segunda-feira, outubro 06, 2014

As Eleições

no Brasil











Parece que os brasileiros ouviram Leonardo Boff quando ele na sua entrevista referida aqui no Memórias Futuras, desaconselhava a escolha em Marina Silva para Presidente do Brasil.

Fora da corrida a atenção vira-se agora para aqueles que nela votaram e que, na segunda volta, podem confirmar Dilma ou eleger Aécio Neves separados por menos de 6% dos votos.

Se a palavra “Mudança” constituir de facto um motor de dinâmica na sociedade brasileira então, muito provavelmente, a 26 deste mês, Aécio Neves pode repetir as funções do seu avô Tancredo, porque Dilma representa a continuação, o “status quo” e a mudança só poderá vir do seu opositor.

Os brasileiros têm várias razões de queixa da actual situação em que o país se encontra sem se esquecerem, no entanto, dos tremendos progressos obtidos com as medidas de carácter social de Lula da Silva de quem Dilma é herdeira, e que tiraram mais de 20 milhões de brasileiros da miséria os quais, com esse poder de compra acrescido ajudaram ao desenvolvimento económico do país.

As pessoas não esquecem, podem até estarem agradecidas, mas elas querem mais e isso não só é normal como legítimo.

Por exemplo, a Organização Mundial de Saúde considera existir no Brasil uma “epidemia de violência” quando 154 pessoas, em média são assassinadas por dia enquanto que apenas 5 a 8% desses crimes são resolvidos nos Tribunais contra 65% nos EUA e 90% no Reino Unido.

Este dever ser, talvez, dos problemas mais antigos, da génese cultural de certos extractos da própria sociedade e, portanto, de mais difícil resolução.

Como fazer aumentar o respeito pela vida humana? Como fazer entender que a vida de um jovem turista, que por acaso era português, vale mais do que uma simples máquina fotográfica?

 - Profundas, gritantes e injustas desigualdades sociais de todo o tipo convivendo lado a lado, paredes-meias, atiçam ódios e vinganças mas...

 - Não foram retirados recentemente 22 milhões de pessoas da miséria?

 - Não se anexaram os salários à inflacção para que não fossem comidos por esta?

 - Não está o desemprego nuns invejáveis – para a Europa – 5% em Agosto?

 - Então porque são assassinadas cerca de 55.000 pessoas por ano?

 - Terá isso a ver com os problemas da Saúde?

 - Dos Transportes?

 - Da aglomeração de pessoas em grandes cidades – S. Paulo quase com 12 milhões, mais que todos os portugueses de Portugal e os que estão espalhados pelo mundo?

- Que medidas deverão ser tomadas  para alterar este estado de coisas que é profundo, antigo e se liga à falta de respeito pela  vida humana nas origens da constituição da sociedade do Brasil.

Compreende-se melhor esta problemática lendo a vasta obra de Jorge Amado com os seus coronéis e jagunços.

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