Largo do seminário em Santarém |
DOMINGO
(Na minha cidade de Santarém 3 de Maio de
2015)
A disputa pelos votos nas próximas eleições
legislativas, lá para Setembro/Outubro, para ficarmos a saber quem manda em
Portugal, se Passos ou Costa, passou agora para um nível técnico de cenários
macro-económicos apresentados por técnicos altamente especializados e que mais
dificulta a compreensão dos eleitores.
Percebe-se, os políticos querem convencer
os eleitores da credibilidade das suas propostas e para isso puseram os técnicos
especialistas a falar por eles.
No fim, vamos ter uma luta de técnicos em
vez de políticos à volta de propostas que vão divergir umas das outras pelos
cenários macro-económicos em que se fundamentam, uns mais opt imistas, outros menos.
A sério, há apenas uma política na Europa
que é ditada pela Alemanha e subscrita por todos os restantes países, como se
tem visto agora no caso da Grécia.
Essa política, denominada de austeridade,
gira à volta de um acordo estabelecido num Tratado Orçamental aceite por todos
os países e que os obriga ao cumprimento de metas orçamentais, iguais para
todos, que se traduzem no respeito de limites estabelecidos entre as Receitas e
as Despesas de cada um o que vai colocar, dentro de dias, a Grécia no dilema de
opt ar por pagar dívida ou salários e
pensões porque não tem dinheiro para as duas coisas a menos que a Alemanha e os
restantes países europeus lhes emprestem mais dinheiro o que, só estão
dispostos a fazer, se os Gregos aceitarem fazer no futuro reformas que são a
continuidade da austeridade com que o Governo do Cirysa não concorda.
Portugal, neste momento, está
financeiramente desafogado, os juros muito baixos e a confiança dos credores
permitiram ao Governo contrair dívida de muitos milhares de milhões de euros e
com esse dinheiro pagar dívida que tinha juros mais altos numa vantajosa e óbvia
operação financeira.
Passos Coelho pode pois falar contra a
banca-rota que o Sócrates lhe deixou em 2011 com o “papo-cheio” de dinheiro sem
ter que explicar que ele nada teve a ver com isso. Foram os mercados, o preço
do petróleo e Mário Dragui do Banco Central Europeu e claro, com os cortes que
fez em pensões e salários... mas quem tem de desmontar essa história é António
Costa.
Agora, pensando no futuro, cada um vai
defender as melhores apostas, as mais convincentes, as mais credíveis e serão equi pas de técnicos, de um lado e de outro, que o vão
dizer.
Sem poder emitir moeda, sujeitos aos
caprichos dos mercados, à evolução dos preços do dólar e do petróleo, obrigados
a cumprir as metas dos Déficies anuais, as margens da nossa governação são
pequenas.
No fundo, os aspectos importantes da nossa
política são definidos por Bruxelas tendo a Alemanha como pano de fundo, mas há
diferenças e há também eleições à porta em muitos países europeus e num futuro
próximo, vivendo numa democracia, podem registar-se alterações.
Aqui ,
estou com Costa. É preciso conversar com os restantes governantes europeus e no
Parlamento Europeu procurando influenciar uma política que permita um maior
apoio à economia dos países e à criação de mais riqueza e emprego.
Meter medo aos cidadãos com cenários de
banca-rota para conquistar votos não é leal, prometer metas muito diferentes da situação actual lança
a desconfiança e este recurso a economistas especializados por parte do PS e da
Coligação, que se vai seguir, demonstra a preocupação de meter a política, cada
vez mais, dentro das regras da economia, tornando-a menos aleatória, mais científica.
Infelizmente, a política é um processo
altamente dinâmico e de grande imprevisibilidade em que os aspectos de carácter
subjectivo se escapam porque a vida dos homens e das sociedades é assim mesmo,
em grande parte imponderável...
Como resultado de tudo isto, muito
provavelmente, a abstenção vai continuar a aumentar.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home