quinta-feira, junho 25, 2015

Christine
Christine 


Lagarde













Christine Lagarde mantém-se de lápis vermelho atrás da orelha no seu perfil estreito e vertical, porte altaneiro, pronta a entrar na água para mais um exercício de natação sincronizada.

A disciplina e intransigência constituíram para ela o segredo das suas “perfomances” atléticas. Ceder, era o fracasso, os membros do júri de avaliação estavam atentos da mesmo forma que, muitos anos depois, os donos do dinheiro pelo qual ela é responsável, estão a olhá-la com o mesmo grau de atenção num recado surdo, mas perfeitamente audível para ela, quando se aproxima a data da reeleição da Directora Geral do FMI, que ela pretende continuar a ser.

Para Cristine, existem dois mundos, talvez mais. O dela é o do pódio a que se habituou em jovem como atleta de natação sincronizada e campeã pelo seu país.

Desse tempo, ficou-lhe o gosto das medalhas que ela, posteriormente substituiu pelos vestidos impecáveis que manda fazer na “alta costura” e que nada têm a ver com marcas mas com peças únicas confeccionadas pelos melhores costureiros do mundo.

O seu guarda – roupa, lá em casa, poderia ajudar a financiar o sistema de saúde na Grécia que abandona à sua sorte muitos dos seus cidadãos.

Na vida, compreensivelmente, ela é vegetariana e divorciada e não concebe mais do que dois caminhos: o sucesso... e o sucesso, não há alternativa.

Sem determinação, intransigência e sacrifício o sucesso, ou seja lá o que isso for, não se consegue alcançar.

Por isso, ela não compreende que os gregos pretendam sobreviver para além das suas possibilidade e que Tsipras/Varoufakis gritem a sua recusa à austeridade contrariando os seus antepassados espartanos.

Perante estas queixas, Christine, tira de trás da orelha o seu lápis vermelho, olha para as propostas apresentadas por Tsipras e fica escandalizada com tanto dinheiro gasto com pensões.

É assim, quanto mais se sobe na qualidade dos vestidos mais se desce na reprovação dos trapos e ela, coitada, só é Directora – Geral, não é política, nunca foi eleita pelos povos para nada, apenas escolhida pela confiança que conquistou, primeiro pelo rigor dos seus movimentos dentro de água, agora, pela sua firmeza como Chefe de uma equipa de técnicos especializados em gerir crises financeiras por esse mundo fora... no Mali, no Burundi ou na Guiné, através de uma fórmula mágica, igual para todos, e que só ela conhece o segredo...

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