segunda-feira, setembro 21, 2015

Religiões à parte é uma obra magnifica, "Abençoadas indulgências"....
Tudo terá 

começado

num desenho...















A história conta-se rápido, como se costuma dizer, em duas palavras:

 - No princípio do Sec. XVI, o Papa Julius II encomendou a Bramante, arquitecto renascentista, o projecto da Basílica de S. Pedro, a que nós chamamos o desenho.

Para pagar esta obra, perfeitamente monumental, que eu tive oportunidade de visitar e admirar estupefacto pela sua grandiosidade e beleza, por largo período de tempo porque não havia nenhuma cerimónia a decorrer, os Papas que se seguiram, especialmente Leão X, resolveram cobrar dinheiro à cristandade recorrendo a todos os expedientes dos quais, as indulgências, terão sido os que mais frutos renderam.

Johann Tetzel, padre dominicano, a mando de Leão X, foi o campeão da angariação de fundos por terras do Norte.

Dizia ele aos fiéis como justificação do peditório:

 - “Mal uma moeda cai no cofre logo uma alma é libertada do purgatório”

Mas o abuso e o descaramento foram demasiado longe e rebentaram tumultos. Como resultado, veio a Reforma, Lutero e Calvino, e rebentaram-se estátuas, frescos, quadros e imagens, um pouco por todo o Norte da Europa, Genebra, Zurique, Copenhaga, Ruen, Flandres, Escócia e Alemanha.

A Europa nunca mais foi a mesma: de um lado, havia a mania da ordem, disciplina, da condenação pela adoração de ícones religiosos; do outro, era a bandalheira, o vinho, a sesta e a idolatria.

Uma nova ordem europeia totalmente dedicada à obediência, ao cumprimento da norma e à adoração de abstracções, que tanto podem ser Mercados Financeiros, ou uma nova ordem imposta por radicais islâmicos, violentos iconoclastas que querem avançar pela Europa vindos de outro crescente fértil, hoje crescente de miséria e intolerância.

Também esses bárbaros são perigosos iconoclastas, também eles adoram um só deus e fazem-no sem imagens, sem estátuas, sem representação.

Adoram apenas a abstracção que parece estar ligada à violência e intolerância.

Afinal, aquela nossa herança oriunda de gregos e romanos, do culto dos símbolos e imagens não é mais que um verdadeiro politeísmo que nos aproxima da variedade da natureza e que nós, os do sul, saudavelmente, nunca abandonámos.

O perigo nunca foi acreditar e adorar deuses que fazem estátuas, o perigo é acreditar e adorar abstracções.

... E tudo isto se veio a perceber, ao longo dos tempos, na sequência de um desenho encomendado a um arquitecto pelo Papa Julius II, no princípio do Sec. XVI...

A história, bem analisada, ensina-nos muita coisa.

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