Não se consegue saber bem... |
Prognósticos
Dizia o João Pinto, que foi vedeta do
futebol português e partia os rins aos defesas adversários que lhe apareciam pela frente quando ele avançava para a baliza, que, no futebol,
prognósticos só no fim do jogo.
Se a situação política em Portugal fosse equi parada a um jogo de futebol, os prognósticos
far-se-iam já, de imediato, e António Costa iria perder o jogo.
Não há comentador, editor, analista, escrito
ou falado, que dê, tão pouco, o benefício da dúvida ao líder do PS.
Gente da área socialista, simpatizantes de
Costa até há bem pouco tempo, são agora críticos directos. As primaveras que
nascem da queda do arco da governação, são coisas mirabolantes.
Não pelo BE, que tem “meia dúzia de anos” e
como inspirador, essa inteligência da política portuguesa que dá pelo nome de
Francisco Louça.
O problema é o Partido Comunista ou, indo
mais fundo, é a Inter-sindical, que diziam ser a “corrente de transmissão” do
partido e agora se lhe impõe e dita os seus interesses de líder da classe
trabalhadora: alguns sectores da Função Pública, e as empresas de Transportes,
Metro, Comboios e Auto-Carros, cuja gestão o governo de Passos queria privatizar.
Seria, senão a morte, uma grande facada na CGTP, se a gestão destas empresas fosse
entregue aos privados. O número de associados baixaria drasticamente quando
os trabalhadores grevistas começassem a ser penalizados pelas suas acções
contra os interesses da Administração que faria ouvidos moucos às suas reivindicações.
A CGTP necessita da cotização dessa gente
para o que têm que continuar a defender os seus interesses com Pré-Avisos de
Greve, Greves e manifestações, mas sem que os promotores envolvidos corram o
risco de ficar desempregados.
Por isso, a abertura de Jerónimo em apoio a
um governo de Costa para travar a direita liberal, mas sem que nenhum comunista
vá para o governo.
Por isso, um acordo à parte e a dificuldade
de incluir nele garantias duradouras correspondentes a uma legislatura de 4 anos mas que afinal vieram a ser dadas.
Temos uma Europa à espreita que vive com
dificuldades idênticas às nossas, filhas de um Tratado Orçamental imposto por
Merkel e Shauble ou vice-versa, mas por mais que Costa diga que vai cumprir
tudo, grassa a desconfiança.
O Partido Comunista nunca mudará, "senão
deixam de ser comunistas", dizem os entendidos em Marx, Lenine, Trotsky, Stalin
e Cunhal, que são as raízes, as fontes do Jerónimo de Sousa...
Se assim for, passada esta experiência “infeliz”,
repostos os danos, primaveras, verões, outonos e invernos, se abrirão à
direita... que aguarda, ansiosa, novas eleições para readqui rir
a maioria absoluta, qui çá, a de 2/3, para rever a Constituição e evitar aqueles “chatos” do Tribunal Constitucional,
desfazendo, finalmente, a maioria sociológica de esquerda que existe no país
tornando-a tão inútil e desprezível como um colete de salvação para um leão
marinho.
Salvar-se-à a boa vontade, o esforço temerário,
quase suicida, de António Costa, e assistir-se-à consagração de Francisco Assis à frente de
um PS, moleta da direita.
Se era, ou não, de tentar esta experiência
de abertura à esquerda, o país, no futuro, irá dizê-lo... enquanto a Europa, se não sofrer uma profunda reforma, nos
obrigará a este processo de definhamento.
António Costa está perfeitamente ciente de que será assim, disse e escreveu-o já há
muito tempo e sabe, igualmente, que é demasiado pequeno, como o foi a Grécia, para afrontar a situação.
A Europa resvala para o abismo de olhos
abertos e impotente. O descontentamento há-de grassar, os radicalismos de
direita ameaçam e aguardam que a Srª Le Pen seja eleita em França, enquanto os
refugiados sírios, cada vez em maior número, aumentam a instabilidade, e
o Sr. Cameron, 1º Ministro inglês, faz contas de cabeça, como sempre, para
decidir se fica ou sai da Europa. O mais certo, é ficar na parte que lhe
interessa e sair na outra.
Aquela Europa do pós-guerra, que tantas
coisas boas nos trouxe, começa a ser uma saudade...
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