Hoje,
2ª feira, começa, verdadeiramente, o novo governo que eu gostaria que fosse também, um
novo ciclo porque seria sinal de estabilidade.
Os
condicionalismos dos governos portugueses, deste, do anterior e, provavelmente,
do que se lhe seguirá, são fortes, tanto mais fortes quanto a política europeia
não mudar em aspectos financeiros e de investimento que castiguem menos os países
fracos da Europa do sul e sirva tanto os interesses dos do centro e norte, nomeadamente, a Alemanha, líder incontestável deste enorme e desigual
barco que é a União Europeia.
No
que a nós, estritamente, se refere, a diferença tem a ver com uma mudança de atitude: Passos
Coelho concordava com essa política, era seu defensor, e entendia que os
portugueses, sujeitos a austeridade, seriam compensados no futuro com
investimento estrangeiro atraído pelos baixos salários de trabalhadores pouco exigentes e, do qual, haveria de surgir mais riqueza,
mais emprego e a subida progressiva da qualidade de vida.
Era
uma atitude, não de conformação com os sacrifícios, mas da sua própria defesa
como único caminho para alcançar uma vida melhor no futuro, o qual, no entanto,
para além de ter ganho a confiança dos credores, e isso foi bom, paradoxalmente, agravou a dívida
do Estado, aumentou a pobreza das camadas sociais mais frágeis e retirou poder
de compra à classe média a qual, como se sabe, em todo o lado, é o motor da
economia de um país.
Costa,
e a sua equi pa, têm outra atitude. Eles
entendem que não é esse o caminho embora saiba, perfeitamente, que “sair dos
carris”, sem mais nem menos, seria fazer descarrilar o comboio.
Costa,
não só é um político sensato como igualmente responsável, como sempre o
demonstrou ao longo da sua vida, não obstante a coragem demonstrada na solução
que conduziu a esquerda ao poder.
Ele propõe-se
tentar influenciar a política europeia, aumentando a voz dos socialistas nas instâncias europeias, tornando mais flexíveis as metas e os constrangimentos financeiros
que estrangulam a economia porque sem dinheiro para investimentos públicos - que
têm de puxar pelos outros - não haverá desenvolvimento, que significa emprego,
palavra chave para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.
Portugal
não pode fazer isso sozinho, embora se proponha ajudar, na pouca medida do possível, as condições de vida dos mais pobres, afectando, positivamente, as empresas, especialmente,
as pequenas, que foram directamente atacadas por Passos Coelho logo no início
da sua governação.
Mas
estas coisas da macro-economia são complexas embora tenhamos agora um Ministro, Mário
Centeno que é catedrático nesta matéria.
Ao
baixar o IVA de Restauração de 23 para 13% o Estado abre mão de uma receita de
milhões de euros de que, naturalmente, precisa.
Espera,
no entanto, que essa perda seja compensada pelo aumento da freguesia dos
restaurantes, que terão de comprar mais produtos - espera-se que, na maior
parte, portugueses - admitir mais
pessoal, pagar melhor salários, mais impostos e fazer mais descontos para a Segurança Social.
É todo
um processo em cadeia a que o nosso ministro chama de "efeito multiplicador" e que
eu já tinha estudado há mais de 50 anos na minha disciplina de Princípios Gerais
de Economia, com o Prof. Alfredo de Sousa, precocemente desaparecido.
Mas,
para que tudo isto corra bem, é fundamental que Costa mantenha a confiança dos
portugueses que já lha deram e conqui ste
a dos outros, dos que estão cépt icos,
sendo verdade que o cept icismo é um
sentimento legítimo e os meus concidadão têm mais que razões, com os políticos
que têm tido, para serem desconfiados.
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