Porta da cidade de Santarém |
Hoje É Domingo
(Na
minha cidade de Santarém em 13/12/15)
Saí
de casa, hoje, um pouco mais tarde que o costume. Tenho andado algo constipado mas só em situações extremas fico em casa de manhã privando-me do
meu ritual do Café, do Jornal e desta pequena redacção em papel de guardanapo
que vos destino.
A
rua está molhada, ligeiramente, não havia sol nem vento e a temperatura é amena
como tem sido em todas as manhãs anteriores.
Já
quase esqueci o frio dos tempos em que era miúdo mas, mito ou realidade, o que
é facto é que o frio traz-me saudades que têm a ver com a lareira da casa dos
meus avós paternos lá da aldeia da Concavada.
A
minha avó acendia a lareira no primeiro dia em que, convencionalmente, começava
a fazer frio e deixava-a de a acender no primeiro dia em que,
convencionalmente, deixava de o fazer.
Eu
gostava do frio porque gostava da lareira da casa dos meus avós. De esfregar as
mãos e estendê-las abertas para que as chamas as acariciassem.
O
frio reunia as famílias naquele espaço que ao longo dos tempos deve ter sido
considerado sagrado, não só aqui , na
minha Europa, mas em todo o sítio em que fizesse frio.
Mas
eu gosto do frio, também, por razões egoístas. Ele nunca foi muito acentuado e
eu sempre tive com que me defender dele, aliás, isso dava-me prazer.
Recordo
os cobertores de “papa” que pareciam uma espécie de urso sem urso, muito
peludos, pesando quase dez qui los
que não só me aqueciam como igualmente me protegiam quando, em rapaz, na minha
cama, deslizava para debaixo dele.
Ontem,
em Paris, 195 países chegaram a acordo pela primeira vez para defenderem esse
frio de que eu tenho saudades.
Eu
sou opt imista, ingénuo e confiante e
vou acreditar que sim, que vou ter de volta o frio dos meus tempos de menino, e os
ursos do Polo Norte vão passar a ter mais gelo para poderem caçar as focas de
que dependem e os habitantes das ilhas Maldivas mais desafogo de espaço para
poderem continuar as suas vidas sem terem que abandonar as suas terras paradisíacas.
O
que já não regressa mais são os meus tempos de rapaz, a aldeia e a casa dos
meus avós com a sua lareira, porque as pessoas já não existem e as outras foram
embora e ela, a minha aldeia, tornou-se para mim terra de fantasmas.
Para além de opt imista
fui sortudo: tive a minha dose de frio com uma lareira para me aquecer na
aldeia dos meus avós.
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