segunda-feira, janeiro 25, 2016

Marcelo Presidente
O Novo Presidente













Estas eleições fizeram-me lembrar aquela história da “pescada que antes de o ser já o era” e eu, mais uma vez, não estive na “molhada”, embora reconheça que Marcelo Rebelo de Sousa era o candidato mais bem preparado para o exercício das funções presidenciaveis e Sampaio da Nóvoa, aquele em quem votei, teria sido a golfada de ar fresco que nunca chegaremos a sentir, pelo que, tendo perdido, estou tranquilo.

Ver-me livre do “sonso” do Cavaco foi um enorme alívio político. Espero que se retire definitivamente para trás dos altos muros da sua Quinta da Coelha e nos livre, em definitivo,  da sua cínica presença.

Nunca a presidência da República esteve tão mal entregue, jamais a sua popularidade baixou a níveis tão miseráveis, em tempo algum os portugueses foram vítimas de um tão grave erro de casting para mim, só entendível, como uma reminiscência dos 50 anos de fascismo e 500 de obscurantismo deste país.

Marcelo Rebelo de Sousa teve sempre estas eleições ganhas. Visita lá de casa há 14 anos, bom conversador, pessoa de confiança, professor que tudo sabe e de que tudo fala, bastar-lhe-ia dizer, quando entendesse, que queria ser Presidente da República e sê-lo-ia com toda a naturalidade.

Fez um bonito discurso de vitória, muito agradável de ouvir, a confirmar os seus enormes recursos de comunicador e ontem, os portugueses, puderam deitar-se politicamente descansados.

Só Maria de Belém, candidata “metediça” quando Sampaio da Nóvoa já tinha apresentado a candidatura, recolheu aos aposentos com uma enorme azia política que só não foi maior porque as sondagens, que nunca falham, a preparou para o desfecho.

Derrotado, como ela, só o candidato do PCP, com a cassete já gasta, de tal forma que até os comunistas devem estar cansados de ouvir... o que foi agravado com sabor a humilhação, pelo belíssimo resultado da Marisa Matias, que pertence ao Bloco de Esquerda, da mesma área política, que contrapôs à sua voz grave, roufenha e gutural, uma presença fresca e doce que encantou muito para além dos simpatizantes daquela área política.

Sampaio da Nóvoa foi, no fim, aclamado longamente pelos seus seguidores pelos, praticamente, 23% de votos obtidos. Para quem, há poucos meses, era um total desconhecido dos portugueses... foi obra!

Muito mérito da sua pessoa que agora, aguardamos, tal como prometeu, não queira armar-se em político como o Fernando Nobre com os seus 14%, nas eleições de 2011.

Mesmo com uma candidatura que vinha em crescendo, ganhar a Marcelo era impossível e mesmo que tivesse conseguido chegar a uma 2ª volta perderia com ele.

Apenas António Guterres, com todo o seu prestígio interno, externo e a sua enorme inteligência, poderia ter ganho estas eleições a Marcelo mas, é evidente, com tantas qualidades irá procurar ser o próximo Secretário Geral da ONU, lugar, para o qual, é de longe, o mais bem preparado.

O PS, dividido, entre Sampaio da Nóvoa e Maria de Belém, “perdeu” nestas eleições e António Costa, que se colocou à margem delas, viu eleito o candidato que mais lhe convinha e,  nesse sentido, ganhou.

Acabaram-se, finalmente, as eleições. Vamos agora tentar remar todos para o mesmo lado, e eu lamento que Costa não possa governar o país com o seu programa, sem cedências e negociações ao PCP e Bloco, que eu receio, possam transformar-se em alegrias para esta extrema-direita que temos no Parlamento.

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