quarta-feira, abril 06, 2016

A propósito da Eutanásia














A propósito da Eutanásia o cardeal Patriarca de Lisboa proferiu a seguinte declaração:

Estamos convictos de que não se elimina sofrimento com a morte. Com a morte elimina-se a vida da pessoa que sofre. O sofrimento pode ser eliminado ou debelado com cuidados paliativos, mas não com a morte.


Esta declaração não passa da voz da Igreja na pessoa de D. Manuel Clemente. Qualquer outro seu representante, por estas ou outras palavras, diria o mesmo. É a doutrina oficial que, resumidamente se pode sintetizar:

- "O homem não é senhor da sua vida e, portanto, não pode dispor dela pondo-lhe fim. A vida é pertença de Deus e os seus representantes na Terra devem zelar para que assim seja desde o nascimento à morte."

Nascimento e morte são testemunhados pela Igreja, através dos padres, enviados da igreja,representantes de Deus.  No primeiro, pelo  baptismo, no segundo, pela extrema-unção que é o encaminhamento da alma no outro mundo.

A Igreja exerce o seu poder e influência sobre o seu “rebanho” com uma «palavra» decisiva nestes dois momentos cruciais: nascimento e morte e deles não pode abrir mão.

Enquanto o bebé não é baptizado está fora da “Graça de Deus”, é como se não existisse, e na morte, em qualquer circunstância, deve aguardar que a Vontade de Deus se cumpra.

Isto, para a Igreja são dogmas, hoje temperados pela linguagem dos tempos modernos. Veja-se o discurso de D. Clemente, redondo e desrespeitoso para médicos, familiares e doentes, afirmando que o sofrimento pode ser eliminado ou debelado por cuidados paliativos... como se eles não o soubessem.

O homem é encarado pela Igreja como um ser débil e frágil, carente da protecção de Deus e de toda a sua corte de Santos e, para isso, lá estão os padres, seus representantes na terra, para proporcionarem essa protecção e acompanhamento mas, em troca, os homens devem-lhes disciplina e obediência.

Têm que seguir e cumprir os seus ensinamentos: rezar, ir à missa, fazer-lhe dádivas, cumprir todos os sacramentos e não a afrontar nos seus dogmas, naquilo que são os pilares, o que está fora de discussão e que, portanto, nem sequer é polémico.

Ninguém de bom senso deveria ter perguntado a D. Manuel Clemente a sua opinião sobre a eutanásia e, a ser feita, ela só pode ser considerada provocatória.

Para o Cardeal Patriarca, quem morre pelas suas próprias mãos morre fora da Graça de Deus, em pecado, vai para o inferno, e exclui-se dos benefícios da vida eterna na companhia do Senhor.

Claro que D. Manuel não responde assim, os tempos não o permitem e, por isso, o discurso redondo transcrito no jornal.


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