A propósito da Eutanásia o cardeal Patriarca de Lisboa proferiu a
seguinte declaração:
Estamos convictos de que não se elimina
sofrimento com a morte. Com a morte elimina-se a vida da pessoa que sofre. O
sofrimento pode ser eliminado ou debelado com cuidados paliativos, mas não com
a morte.
Esta declaração não passa da voz da Igreja na
pessoa de D. Manuel Clemente. Qualquer outro seu representante, por estas ou
outras palavras, diria o mesmo. É a doutrina oficial que, resumidamente se pode
sintetizar:
- "O homem não é senhor da sua vida e, portanto,
não pode dispor dela pondo-lhe fim. A vida é pertença de Deus e os seus
representantes na Terra devem zelar para que assim seja desde o nascimento à
morte."
Nascimento e morte são testemunhados pela
Igreja, através dos padres, enviados da igreja,representantes de Deus. No primeiro, pelo baptismo, no segundo, pela extrema-unção que é
o encaminhamento da alma no outro mundo.
A Igreja exerce o seu poder e influência sobre
o seu “rebanho” com uma «palavra» decisiva nestes dois momentos cruciais:
nascimento e morte e deles não pode abrir mão.
Enquanto o bebé não é baptizado está fora da “Graça
de Deus”, é como se não existisse, e na morte, em qualquer circunstância, deve
aguardar que a Vontade de Deus se cumpra.
Isto, para a Igreja são dogmas, hoje temperados
pela linguagem dos tempos modernos. Veja-se o discurso de D. Clemente, redondo
e desrespeitoso para médicos, familiares e doentes, afirmando que o sofrimento
pode ser eliminado ou debelado por cuidados paliativos... como se eles não o
soubessem.
O homem é encarado pela Igreja como um ser débil
e frágil, carente da protecção de Deus e de toda a sua corte de Santos e, para
isso, lá estão os padres, seus representantes na terra, para proporcionarem
essa protecção e acompanhamento mas, em troca, os homens devem-lhes disciplina
e obediência.
Têm que seguir e cumprir os seus ensinamentos:
rezar, ir à missa, fazer-lhe dádivas, cumprir todos os sacramentos e não a
afrontar nos seus dogmas, naqui lo
que são os pilares, o que está fora de discussão e que, portanto, nem sequer é
polémico.
Ninguém de bom senso deveria ter perguntado a
D. Manuel Clemente a sua opinião sobre a eutanásia e, a ser feita, ela só pode
ser considerada provocatória.
Para o Cardeal Patriarca, quem morre pelas suas
próprias mãos morre fora da Graça de Deus, em pecado, vai para o inferno, e
exclui-se dos benefícios da vida eterna na companhia do Senhor.
Claro que D. Manuel não responde assim, os
tempos não o permitem e, por isso, o discurso redondo transcrito no jornal.
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