(Domingos Amaral)
Episódio Nº 230
Dez metros à frente, Gonçalo perguntou ao
príncipe o que iria acontecer às três mouras, acrescentando:
-
Para o Mosteiro não podem ir e são mal empregadas em Tui!
Então, Afonso Henriques deu-lhe autorização
para as ir buscar, enquanto comentava com o amigo:
-
Odeio mosteiros de monjas, nunca os irei ajudar!
Foi já em Guimarães que o meu melhor amigo
desgostoso, decidiu partir para Coimbra o mais depressa possível. Meu tio Ermígio
e meu pai ficariam no Minho. Elvira manter-se-ia com sua mãe e suas irmãs em
Lanhoso, e ele decidiu que apenas Gonçalo, Peres Cativo e eu o iríamos
acompanhar.
Quero ir à festa dos Templários –
declarou.
A Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo ia
fazer um novo juramento, numa cerimónia a decorrer na Sé de Coimbra, e nós queríamos
estar presentes.
Quando Gonçalo lhe perguntou se podíamos
levar as mouras para Sul e o príncipe autorizo0u, as três ficaram exultantes
por regressarem à cidade que o Mondego banhava, apesar de terem pena de ses
separarem de chamoa, de quem eram muito amigas.
Sobretudo Zaida que gostava genuinamente
da rapariga galega, e para quem fora incompreensível aquela decisão súbita de
se enfiar no mosteiro.
E ainda mais inaceitável para mim, para
Zaida e para todas nós fora a omissão de Chamoa, quase uma mentira.
Ela dissera que o marido emudecera depois
dos golpes do príncipe, o que era verdade, mas omitira que Paio Soares, na véspera
da batalha de São Mamede, lhe falara sobre a relíqui a.
Porém, ofendida e magoada com o príncipe,
não só Chamoa se fechou, como não lhe referiu essa derradeira conversa com o
marido, e mais uma vez o segredo da relíqui a
permaneceu inalcançável.
Coimbra, Julho de 1129
Nove dias mais tarde, num Domingo deveras
quente, decorreu durante a manhã uma festa religiosa em frente à Sé de Coimbra.
Muitos foram os populares que vieram
assistir à investidura de vinte e cinco novos monges guerreiros daquela nobre
Ordem Religiosa, que se instalara anos ante em Soure, e cujo nome agora mudava
para Ordem do Templo de Salomão.
Um dos que acorrera à cidade foi o
almocreve Mem que mais de um ano depois se iria reencontrar com as suas amigas
muito amadas, Zulmira e Zaida.
Enquanto elas tinham permanecido em Tui
com Chamoa, ele vivera saudoso, viajando sem encontrar substitutas à altura, e
só se encheu de júbilo quando as soube de volta.
Infelizmente, verificou que tal como Dona
Teresa no passado também Afonso Henriques as mantinha debaixo de olho,
guardadas por Gonçalo de Sousa.
Mem apenas conversara com as mouras uma
vez, na véspera da festa, tendo confirmado que Zulmira e Zaida estavam felizes
por vê-o e que Fátima ainda alimentava a forte fantasia de ser resgatada por
Abu Zakaria.
Tal qui mera
parecia cada vez mais possível. Embora Mem não tivesse reencontrado o Cordovês,
por receio que Abu o considerasse responsável pelo fiasco das cavernas, soubera
que ele inflamara a cidade de Santarém ao ponto de provocar a queda do antigo
governador.
A população local adorava aqueles
destemido guerreiro que queria salvar a sua amada, prisioneira dos cristãos, e
organizara uma revolta para libertar Abu da prisão.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home