Era assim a Península, em 1130. |
A Vitória do
Imperador
Imperador
(Domingos Amaral)
Episódio Nº 1
A Profecia da Normanda (1130 - 1131)
Guimarães, Novembro de 1130
O dia acabara de nascer e na
lareira do quarto do Castelo de Guimarães crepitavam ainda as brasas quando
Chamoa Gomes acordou, ligeiramente incomodada.
Uma sensação de alarme
interior agitou-a mas rapidamente a afastou. O corpo quente de Afonso Henriques
encontrava-se à sua esquerda, tudo estava bem.
Emocionada, Chamoa,
aninhou-se no seu amado que ainda dormia. Haviam sido sete noites fogosas desde
que chegara do Mosteiro de Vairão, donde fugira a cavalo, mas finalmente
estavam juntos.
Amo-o tanto...
Fechou os olhos e tentou
dormir de novo. Não se ouvia vivalma na torre de menagem, a não ser lá em baixo
nas cozinhas do castelo, onde a padeira já cirandava junto do forno.
O cheiro do pão fresco chegava-lhe
às narinas, mas não lhe deu fome, pelo contrário, estava enjoada. Revirou-se na
cama tentando não acordar o príncipe de Portugal, enquanto o olhava
demoradamente.
Tal como muitos outros
portucalenses, ele adopt ara os
costumes de Bizâncio, apresentava uma barba e um cabelo longos, que quase o
faziam bonito, e ela suspirou.
O meu gigante...
Tinham sofrido tanto... As
permanentes desavenças só há uma semana se haviam extinguido. Chamoa deixara
finalmente o mosteiro onde se fechara durante mais de um ano, Afonso Henriques
perdoar-lhe as falhas e o reencontro dera-se em Guimarães, naquela cama onde
celebraram, por fim, a consumação de um amor sempre tórrido, mas tanto tempo
massacrado pelas determinações do orgulho e da política.
Só o perdão genuíno e a
crença num futuro conjunto os podia unir. Ainda angustiada com o estranho
pressentimento de que o podia perder de novo, abraçou-o mais, abraçou-o tanto
que ele acordou, estremunhado.
O príncipe sorriu e ergueu o
braço, passando-o sobre a sua cabeça, pousando-o por fim nas suas costas.
Chamoa entrelaçou as suas pernas nas dele, entusiasmada. Queria-o sempre mais.
Amavam-se duas, três vezes
por dia, para recuperar o tempo perdido.
Vinde para dentro de mim.
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