Neste mundo do planeta Terra muitas pessoas se interrogam sobre a existência de seres extra terrenos que andarão por aí fazendo aparições de soslaio, furtivas, perante poucas testemunhas e sem deixarem rastos indesmentíveis da sua passagem.
Outras, têm uma crença visceral sobre
a sua existência de tal forma que se associam em grupos organizados para a
recolha e tratamento de todas as informações, especialmente aparições, sempre
com a preocupação, dizem eles, de estudarem o fenómeno.
Contudo, sobre este assunto, a
posição mais correcta e sensata é a agnóstica, de acordo com o pensamento de
cientistas que dedicaram as suas vidas ao estudo dos astros como foi o caso de
Carl Sagan, prematuramente falecido aos 62 anos, vítima de uma doença rara, e
que sobre as visitas de extraterrestres dizia-nos o seguinte:
“ Se nós mesmos estamos
explorando o nosso sistema solar, se somos capazes, como somos, de enviar as
nossas espaçonaves não apenas a outros planetas do nosso sistema solar como
também para lá do nosso sistema solar, para as estrelas, então seguramente,
outras civilizações, milhares ou milhões de anos mais avançadas que nós, devem
ser capazes de alcançar a viagem espacial interestelar muito mais facilmente.
Contudo, eu certamente não excluiria
a possibilidade de que a Terra está sendo ou já foi visitada. Mas precisamente
porque está tanto em jogo, precisamos, porque esta é uma questão que engloba
emoções poderosas, dos mais escrupulosos padrões de evidência”.
O cept icismo
de Carl Sagan é uma exigência da sua inteligência, ele não se esquece que faz
parte dessa grande família do Homo Sapiens e exactamente porque é “Sapiens” é
que é cépt ico.
O cept icismo
é, de resto, um apelo permanente à inteligência.
O cientista francês Henri Poincaré
afirmou a este propósito o seguinte:-“A credulidade é avassaladora e
todos sabemos como a verdade é tantas vezes cruel e por isso nos perguntamos se
a ilusão não é mais consoladora.
- Mas não é só porque a credulidade é
avassaladora, é que o cept icismo é
perigoso, desafia as instituições estabelecidas e se nas escolas ensinarmos os
alunos a serem cépt icos eles amanhã
começarão a fazer perguntas difíceis sobre as instituições económicas, sociais,
políticas e religiosas.”
-“Veja o tempo e o trabalho que eu
teria economizado se eles andassem por cá mas quando reconhecemos alguma
vulnerabilidade emocional sobre este assunto então temos que redobrar o nosso
cept icismo porque é aí que podemos
ser enganados”.
Para estes casos C. Sagan tinha já
preparada uma lista de perguntas e como os extraterrestres são, obviamente,
muito avançados ele questionava coisas como esta:
- Forneça
uma prova curta do último teorema de Fermat (já foi resolvido mas por humanos)
ou da conjectura de Goldbach e para melhor compreensão por parte do
extraterrestre escrevia uma pequena equação com expoentes.
Claro que nunca recebeu qualquer
resposta mas se perguntasse algo como “se os humanos devem ser bons” a resposta
vinha logo pronta.
Em resumo:
- Qualquer
pergunta vaga é respondida com muito prazer mas qualquer coisa de específico,
em que haja a possibilidade de se descobrir se sabem alguma coisa, a resposta é
sempre o silêncio.
Nestas coisas do cept icismo tem que se encontrar um ponto de equi líbrio porque estamos perante duas necessidades
que conflituam uma com a outra:
- Por um lado, o escrutínio mais cépt ico das hipóteses que nos são oferecidas e pelo
outro a necessidade de uma grande abertura a novas idéias.
São, portanto, duas modalidades de
pensamento que convivem sobre uma certa tensão e não se pode exercitar só uma
delas qualquer que ela seja.
Colocado “apenas” na modalidade do
pensamento cépt ico iremos morrer
como velhos excêntricos convencidos que o mundo está a ser governado por
idiotas mas, se a nossa abertura de espírito chegar ao ponto da credulidade sem
uma certa dose de cept icismo, então
estaremos perdidos porque todas as ideias para nós serão boas sem que
consigamos distingui-las em função do seu valor.
O sucesso da ciência depende,
exactamente, da mistura que se fizer destas duas modalidades de pensamento e é
nisso que os cientistas são bons.
Falam sozinhos, criam imensas idéias
novas e criticam-nas sem piedade, sendo que, a maior parte delas nunca chega ao
mundo exterior e as que conseguem passar pelos rigorosos filtros pessoais têm à
sua espera a comunidade científica para as criticar.
Mas vejamos o que, no concreto, Carl
Sagan pensava sobre a busca por sinais de rádio da vida inteligente
extraterrestre:
- No começo dos anos sessenta os
Russos deram uma entrevista em Moscovo para anunciarem que uma distante fonte
de rádio, chamada CTA-102 estava variando senoidalmente (como uma onda de seno)
com um período aproximadamente de 100 dias.
O porquê desta entrevista em Moscovo
residiu no facto de estarem convencidos de que se tratava de uma civilização
extraterrestre de enorme poder o que, afinal, não passava de uma “quasar” que
ainda hoje não se sabe muito bem o que é mas uma civilização extraterrestre é
que ninguém acredita que ela seja.
Logo, do ponto de vista científico, a
hipótese extraterrestre é a última em que se pensa e só se todas as outras
falharem.
- Em 1967 os cientistas britânicos
encontraram uma fonte intensa de rádio próxima que flutuava num tempo mais
curto, com um período constante de dez algarismos significativos.
O que seria? E a primeira ideia era
de que se tratava de algo como uma mensagem que era emitida para nós ou uma
baliza de navegação interestelar para naves espaciais que andam entre estrelas
tendo mesmo, na Universidade de Cambridge, sido dado-lhe o nome de LGM-1, ou
seja: Little Green Men, Os Homenzinhos Verdes.
Ao contrário, os Russos, foram mais
cautelosos e não convocaram nenhuma entrevista para anunciar ao mundo a
descoberta e fizeram bem porque não passava de uma “Pulsar”, a primeira Pulsar
da nebulosa Caranguejo, e o que é uma Pulsar?
- Mais uma vez não se trata de
nenhuma civilização extraterrestre mas de uma estrela encolhida ao tamanho de
uma cidade que se mantêm coesa de maneira diferente de qualquer outra estrela, não
pela pressão do gás, não pela degeneração dos eléctrodos mas por forças
nucleares.
- De que há biliões de lugares no
Universo e de que seria incrível que essa inteligência não existisse mas que
não havia nenhuma evidência forte, até agora, a seu favor.
- Mas o que é que você acha de
verdade?
- Ao que ele respondia: “ Mas eu acabei de dizer exactamente o
que penso”.
- Sim, mas a sua intuição o que é que lhe diz e ele respondia:
- Mas eu tento não pensar com a minha
intuição, não há nenhum problema de adiar a resposta até que as evidências
cheguem.
- Eu acredito que em parte, muito do
que empurra a ciência, é a sede de nos maravilharmos e isso constitui uma
emoção poderosa sentida por todas as crianças.
Mais tarde, na última fase do ensino,
o mesmo já não acontece e não será só por uma questão de puberdade mas tem a
ver com a instrução que não só não ensina o cept icismo
como também dá pouco incentivo a essa agitante sensação de nos maravilharmos.
- Na América, todo o jornal diário tem
uma coluna sobre astrologia mas sobre astronomia quantos têm, sequer, uma
coluna semanal? Eu acredito que também seja culpa do sistema educacional.
- Eu afirmo que há uma maravilha
muito maior na ciência do que na pseudo ciência caso aquela fosse explicada ao
indivíduo médio de uma maneira acessível e emocionante.
- Também aqui
há um tipo de lei de Grecham que estabelece que na cultura popular a ciência ruim
retira o espaço à boa e a comunidade científica tem muita responsabilidade por
não fazer melhor um trabalho de popularização da ciência.
Frank Drake, um apaixonado pela astronomia, depois de
tirar o seu Curso em Astronomia Ópt ica
com uma especialização em Radioastronomia foi trabalhar para o Observatório
Nacional de Radioastronomia dos EUA e apresentou, em 1961, aqui lo que ficaria conhecido por Equação Drake.
Através dela pretendeu calcular o
número de civilizações extraterrestres na nossa Galáxia com as quais poderemos
entrar em contacto.
Feitas as contas dessa equação
complicadíssima que nem me atrevo a transcrevê-la o resultado era do mais
pessimista: 0,0000008.
Hoje, passados todos estes anos, com
os avanços registados na ciência, existirão 170 planetas extra solares girando
na órbita de 147 estrelas o que constitui uma considerável melhoria
relativamente ao cálculo de Drake mas não o suficiente para deixarmos de ser
agnósticos embora um pouco menos ignorantes do que em 1961.
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