de
Higiene
nos
Séculos
XV e XVI
Nem é bom falar… não existiam escovas de dentes, perfumes,
desodorizantes e muito menos papel higiénico. Historicamente, os primeiros
produtos que aparecem com funções de sabão datam de 2.800 A.C. na Mongólia. Conhece-se uma
tábua de argila datada de 2.200
A.C. com uma fórmula de sabão que continha água, alcali e óleo de
canela-da-china.
Os antigos egípcios banhavam-se regularmente combinando óleos
animais e vegetais com sais alcalinos para criar uma substância semelhante ao
sabão.
Na Europa, o sabão apenas foi inventado no Século XVI mas a sua
utilização generalizada só começou no século XIX. Até lá, e durante muito
tempo, foi uma época de porcaria em que as fezes e urinas humanas eram
atiradas das janelas dos palácios e os leques usavam-se, não por causa do calor
mas para afastar os maus cheios que exalavam de baixo dos vestidos que era
compridos e pesados de propósito para reterem os odores das partes
íntimas que quase nunca eram lavadas,
As pessoas não tomavam banho porque não havia água corrente, nem
aquecimento nos quartos. Usava-se uma banheira gigante cheia de água quente
para toda a família.
O primeiro, era o chefe da família e depois os restantes homens
da casa por ordem de idades. A seguir, as mulheres, igualmente por ordem da
idade. Por fim, as crianças sendo os bebés os últimos. Quando chegava a vez
deles a água já estava tão suja que se podia perder o bebé. Daqui , aquele dito: “despejar o bebé com a água do
banho”.
Na Idade Média a maioria dos casamentos realizavam-se no início
do Verão pelo facto do primeiro banho do ano ter sido em Maio e em Junho o
cheiro das pessoas ainda se tolerava.
Mesmo assim, como alguns odores já começavam a incomodar, as
noivas levavam ramos de flores ao seu lado nas carruagens para disfarçar os
maus cheiros. Assim nasceu a tradição do ramo de flores da noiva.
Os jardins de Versailhes são enormes, belíssimos, um verdadeiro
regalo para os olhos mas na época eram mais utilizados como retretes do que admirados.
Não havia casas de banho e nas festas, pomposas, oferecidas pelo
rei, juntavam-se sempre quantidades infindáveis de pessoas.
Os tetos das casas não tinham forro e debaixo das vigas de
madeira criavam-se cães, gatos, ratos e outros. Quando chovia muito a água das
goteiras forçava os animais a descerem ao piso inferior nascendo a expressão
tipicamente anglo-saxónica: «chover cães e gatos».
Os mais ricos tinham pratos de estanho e certos alimentos
oxidavam este material que, juntamente com a falta de higiene da época, levava
a que muita gente morresse envenenada.
Com os copos acontecia o mesmo pois o contacto com o wisky ou a
cerveja fazia com que as pessoas ficassem num estado narcolépt ico, sonolência irresistível, produzida tanto pela
bebida como pelo estanho.
Quem visse alguém nesse estado pensaria que estava morto e
preparava-lhe o funeral. O corpo era colocado em cima da mesa da cozinha
durante alguns dias acompanhado da família que comia e bebia esperando que o
“morto viesse a si”.
Foi esta a origem do velório que hoje se faz junto do cadáver.
Foi nesta época, também por motivos idênticos, que surgiu a
ideia de ligar ao punho do defunto um fio, passá-lo por um orifício do caixão e
ligá-lo a uma sineta no exterior da campa.
Se o indivíduo não estivesse morto só tinha que puxar o fio. A
sineta tocava e ele era desenterrado porque, durante uns dias, ficava sempre um
familiar junto à campa.
Daqui a expressão: «salvo pela campainha»
que muita gente julga que tem a ver com o boxe. A realidade é mais macabra…
Por todos estes motivos e muitos outros, estes tempos não me
suscitam nenhum desejo de recriação… para além do enorme alívio por ter nascido
uns séculos mais tarde.
A maior "porcaria" destes tempos, porém, foi a Inqui sição que sujou para sempre a memória de uma
igreja que montou, com a cobertura de Deus, uma poderosa máqui na de horrores. Não há sabão ou detergente que a
consiga limpar...
Nota - De corriqueiros e vulgares, creio que nem sequer valorizamos, hoje, os nossos hábitos de higiene, a começar pelo matinal banho de chuveiro. Por isso, agradeço ao acaso, ter nascido quando nasci e onde nasci. Como muitos outros, fomos uns sortudos.
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