Não estou a referir-me a negócios que metam dinheiro, verdadeiros negócios propriamente ditos, embora as dádivas em ouro entregues pelos crentes, na Cova da Iria, uma das contrapartidas do “negócio” com a Senhora de Fátima, ao longo dos anos, e transferidas para o Vaticano, devam já somar uma conta choruda.
Não, o negócio a que me estou a referir
não é esse. Aquele em que eu estou a pensar mete, por um lado, pecados e pelo
outro perdões, céu e inferno.
As procissões a Fátima, em adoração a Nª
Srª estão muito perto das minhas raízes católicas, aquela coisa que se herda ao
nascer e que fazem de uns, cristãos, outros protestantes, islamitas, budistas e
por aí fora até, finalmente, e Graças a Deus, chegam a ateus...
Todas elas têm implícito um “negócio”. Portas-te bem
neste mundo e terás o bem – estar no outro... Sempre uma troca, um negócio,
sendo curioso que, regra geral, os que não entram no negócio são os que se
portam melhor.
Nunca ninguém soube, de prova provada, de
que realmente é assim. O paraíso é uma promessa, uma simples e vaga promessa. Quem acredita, desfila ao longo das
estradas vestidos de coletes florescentes, muitos amparados a cajados para
encaixarem melhor na personagem do peregrino e os coletes para evitar que a
caminhada em vez de ser para Fátima não acabe num hospital ou na morgue.
É um cansaço para o corpo, especialmente
para as pernas, mas um bálsamo para o espírito, reconfortado pelo sacrifício
que alimenta a fé.
Se interpelarmos os peregrinos, a
maioria esmagadora, alega que vão pagar promessas recebidas, a favor deles ou
de familiares queridos ou então, vão pessoal e humildemente, joelhos no chão,
olhos postos na cruz de Cristo, pedir a dádiva do milagre que a Ele, que é
Filho de Deus, Todo Poderoso, não lhe custa nada fazer.
No fundo, são as tais propostas de “negócios,”
muito íntimas, que ficam só entre nós e Ele, porque, nestas coisas, também
existe algum pudor ao revelar o interesse que está na base do pedido.
O homem é um bicho interesseiro mas não
gosta de sê-lo... Por isso, rodeia-se de promessas que garantam “negócios”
vantajosos para a sua sobrevivência e onde o altruísmo não tem lugar, alem de
que é insípido, sem graça e não corresponde à nossa verdadeira natureza. Sem
interesse, o mesmo é dizer, sem “negócio”, não há vida,,,
Entretanto, façamos peregrinações a
Fátima, transformemos em físicos esses exercícios de fé que nos reconfortam a
alma e dão cabo dos pés...
Parece que é muito mais difícil
convencer as pessoas que a vida se deve regular por códigos de valores morais
de honestidade e solidariedade em vez de desfilarem de joelhos de forma
ridícula e humilhante até à Capela da Cova da Cova da Iria.
Isto, é que deveria ser explicado pelos
homens das religiões mas, pensando bem, não é crível que tal aconteça pois o
negócio deles é aquele.
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