quinta-feira, agosto 03, 2017

A braguilha do chefe...

A secretária percebe que a braguilha do chefe está aberta e, para não parecer mal-educada, avisa-o de forma subtil:

- Dr. Jorge, o senhor deixou a porta da sua garagem aberta!

Ele fechou-a rapidamente e, apreciando a criatividade da rapariga, perguntou cheio de malícia:

- Ana, por acaso a menina viu o meu Ferrari vermelho?

- Não, Senhor Doutor! Só vi um Smart cinzento, com os dois pneus trazeiros carecas e totalmente em baixo!
VÍDEOtes ingleses...
ETERNAL FLAME - THE BANGLES
RICHARD DAWKINS - ENTREVISTA GRAVADA NO BRASIL NA FESTA LITERÁRIA DE PARATY (PARTE I)
RUI VELOSO - PRESÉPIO DE LATA


TIETA DO


AGRESTE


EPISÓDIO Nº 311



ONDE TIETA ACENA UM ADEUS


Dia fraco, poucos passageiros. Tieta despede-se de dona Carmosina:

- Desculpe o mau jeito, Carmô.

A cabeça baixa, lenço na mão, molhado de lágrimas, Leonora se esconde no interior da marinete, arriada num banco. Vindo da Praça da Matriz, em correria, aparece Peto, traz o bordão do velho Zé Esteves, herança de Tieta:

- Esqueceu o cajado, tia – Baixa a voz, acrescenta: - Vou sentir saudades.

Vai perder a grata visão de seios e coxas. Sobe para falar com Leonora, provoca abafados soluços, Adeus prima.

Peto sai em disparada para casa, deixando a inesquecível lembrança da singela gentileza e o cheiro marcante da brilhantina de lata.

Empunhando o bordão, pastora de cabras, Titã senta-se ao lado de Leonora. Deixa-a chorar, ainda é cedo para puxar conversa. Jairo cobra o preço dos bilhetes, de passageiro em passageiro. Tieta paga três:

- Nós duas e aquela cabrita lá atrás.

Aponta Maria Imaculada, num banco dos fundos, segurando baú de flandres. Jairo toma assento ao volante, coloca a chave no motor, ainda faltam quatro minutos para o horário exacto. Tieta dá-lhe pressa:

- Mete o pé na tábua, Jairo, vamos ver se esta jeringonça é capaz de levar a gente até Esplanada.

Jairo consulta o relógio:

- Se quiser, podemos ir direito a São Paulo, para a Imperatriz dos Caminhos não existem distâncias. E ainda por cima ouvindo música…

Sintoniza o rádio russo. Tieta acena um adeus para dona Carmosina de pé na calçada. A marinete avança tão na maciota que mais parece uma aeronave. Liberta de pedras, tocos e buracos, eleva-se sobre o caminho de mulas, cruza o céu de Agreste.

E aqui termina a história da volta da filha pródiga à terra onde nasceu e dos sucessos ali ocorridos durante a sua curta estada.





DAS PLACAS, LEMBRETE DO AUTOR



Aí está. Mal ou bem cheguei ao término, escrevo a palavra fim. Nos folhetins de sucesso, cobra-me Fúlvio D’Alembert, o autor costuma fornecer notícia dos diversos personagens, do que lhes sucedeu depois. Não penso fazê-lo. Deixo à imaginação e consciência dos leitores o destino posterior dos personagens e a moral da história.

Em todo o caso, para atender à crítica e na esperança de conquistar-lhes a boa vontade, acrescentarei que Agreste convalesce lentamente. Tendo despido a farda de candidato, o comandante Dário de Queluz aproveita cada minuto do verão em Mangue Seco para compensar os dias perdidos na poluição da política. Quanto a Ascânio Trindade, viram-no chorando no ombro de doa Carmosina.

A inauguração da luz proveniente da Usina de Paulo Afonso foi uma festança. Deram ao antigo Caminho da Lama, na entrada da cidade, o nome do então director-presidente da Hidrelétrica de São Francisco. As autoridades presentes descerraram esmaltada placa azul, feita a capricho apesar da pressa, em oficina da capital: RUA DEPUTADO… Como era mesmo o nome?

Durou pouco a placa azul, sumiu durante a noite. Em lugar dela pregaram uma de madeira, confeccionada por mão artesanal e anónima: 


- RUA DA LUZ DE TIETA.

Mão artesanal e anónima. Mão do povo.



FIM


DOMINGO, DEZEMBRO 20, 2009

VÍDEO
É PARA VER SE ELES APRENDEM AS TÁTICAS...
JULIO IGLESIAS - "CRAZY"
BEE GEES - MASSACHUSETTS


TIETA DO


AGRESTE


EPISÓDIO Nº 310


DA POLUÍDA VIA SACRA NA LONGA NOITE DE AGRESTE – SÉTIMA ESTAÇÂO: O CIRENEU BARBOZINHA SE OFERECE EM HOLOCAUSTO


Acaba Tieta de deitar-se quando, espavorido, o vate Barbozinha bate na porta da casa de dona Milú e anuncia:


- É de paz.

De paz e de amizade. Tieta vem do quarto de hóspedes onde Leonora adormecera à força de calmantes. Barbozinha prende-lhe a mão e a leva aos lábios. Está patético. A voz marcada pela embolia, mais engrolada que nunca:

- Soube que você pensa ir embora. É verdade?

- Amanhã para São Paulo.

- Por causa do que estão falando por aí? Vai, se quiser. Se quiser ficar e me dar a honra…

- Que honra, Barbozinha?

- De ser a Sr.ª Gregório Melchíades de Matos Barbosa…

- Está me oferecendo casamento? Para me tirar da lama?

- Sei que não sou mais o rapaz daquele tempo, a carcaça anda meio arruinada, mas tenho um nome honrado…

- …e ainda dança um tango como ninguém…

Tieta ri, um riso bom, alegre, de puro contentamento, um riso que lhe enche os olhos de água.

- Agora não dá, meu poeta. Eu te prezo muito e não quero te ver de chifrudo, não ias gostar. Quando eu estiver velhota, volto de vez e a gente casa. Até lá cuide da carcaça e escreva mais versos para mim.

Beija-o nas faces e deixa que as lágrimas finalmente corram.




DA NOTÍCIA E DA RESPIRAÇÃO



- Aparelho porreta! – gaba o árabe Chalita – Os anos passam e ele não nega fogo.

Refere-se ao rádio russo na manhã apenas despertada. Em frente ao cinema, com o auxílio de Sabino, Jairo ajusta o motor da marinete, enquanto aguarda os passageiros: o horário de saída é estrito. Ufano com os elogios, bota banca.:

Já me ofereceram troca por um novo, japonês. Recusei.

O locutor do Grande Jornal da Manhã de popular emissora da capital, pede atenção aos ouvintes para importante notícia que será divulgada após os comerciais. Transmissão límpida, sem estática, ratificando as alambanças de Chalita. Toalha ao ombro, doutor Franklin Lins junta-se ao grupo. Diariamente àquela hora, antes da partida da marinete, o tabelião vai ao banho ao rio.

A voz empostada do radialista reafirma o suspense: “Atenção para esta notícia! Na tarde de ontem foi oficialmente concedida autorização governamental à Companhia Brasileira de Titânio S.A. para estabelecer em Arembepe duas fábricas interligadas que produzirão dióxido de titânio. Objectivando o financiamento dentro do prazo mais breve possível do grande e discutido projecto industrial, as obras para a sua concretização serão iniciadas imediatamente, em vasta área adquirida com anterioridade pela companhia.”

Uma série de violentas descargas saúda a notícia. Levando em conta as origens do venerando aparelho, dir-se-ia tratar de um protesto.

- Vocês ouviram o que eu ouvi? – perguntou o doutor Franklin.

- É a tal fábrica que Ascânio queria trazer para Mangue Seco, não é? – acende-se o olho do árabe. Como se não bastassem os acontecidos na véspera, ainda por cima esta novidade. O dia pronuncia-se exaltante.

- Quer dizer que a tal fábrica não vai ser mais aqui? – Jairo suspende o exame do motor da marinete.

- Vai ser em Arembepe, juntinho da capital, não escutou? Era um dos lugares falados – explica o tabelião.

- Porra!

Doutor Franklin Lins toma fôlego, ajeita a toalha ao ombro:

- Agora podemos respirar de novo… - acende o cigarro de palha, encaminha-se para o rio, um ar de beatude.
ZÉ CARIOCA - Esta maravilha foi criada na década de 50, tudo feito à mão sem recurso a computadores. Podem entrar no site à confiança e assistir. É seguro.

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