O PODER
"Uma pequena história"
"Uma pequena história"
Neste momento da vida dos portugueses em que o poder se disputa em renhidas campanhas eleitorais e cada um se pretende afirmar como o melhor de todos os outros para exercer o poder, é oportuno contar uma pequena história relatada por um bosquímane, membro da tribo !Kung San ( o ponto de exclamação indica um estalido produzido com a língua e que não tem equivalente em línguas europeias), o povo mais antigo do mundo, o mais próximo dos nossos antepassados remotos, numa entrevista ao antropólogo Richard Lee, na década de setenta, explicando os costumes do seu povo:
- «Imagine um homem que andou a caçar. Ele não pode voltar para casa e anunciar como um fanfarrão: “Matei uma coisa grande no mato”. Primeiro tem de sentar em silêncio até eu ou outra pessoa qualquer chegar ao pé da fogueira dele e perguntar: “Que viste hoje?” Então ele responde calmamente: “Ah, eu não sou nada bom a caçar. Não vi nada de nada…talvez só uma coisinha pequena”. Depois, eu sorrio de mim para comigo porque fiquei a saber que ele matou qualquer coisa grande».
A conversa brincalhona continua enquanto vão buscar o animal morto:
- “Quer dizer que nos arrastaste a todos até aqui para nos obrigares a levar para casa o teu monte de ossos? Ah, se eu soubesse que era assim tão magro não teria vindo. E pensar que abdiquei de um belo dia à sombra para isto…Em casa podemos ter fome, mas pelo menos temos água fresca para beber.”
Qual o objectivo desta conversa?
O entrevistado explica:
- “Quando um jovem caça e consegue muita carne, passa a ver-se como um chefe ou um homem importante e pensa em nós como seus servos ou inferiores. Não podemos aceitar isso. Recusamos quem é fanfarrão, pois um dia o seu orgulho levá-lo-á a matar alguém. Por isso falamos sempre dos animais que ele caça como se fossem uma coisa insignificante. Desta maneira, esfriamos-lhe o coração e tornamo-lo simpático.”
Os bosquímanes estavam conscientes do desejo de afirmação do jovem através do animal que conseguira abater para alcançar uma posição de superioridade na sociedade, e sabiam que isso poderia torná-lo perigoso para os restantes membros do grupo.
A “receita” foi uma lição de humildade com o objectivo de garantir uma sociedade onde todos eram iguais independentemente dos animais que cada um conseguia matar.
Num deserto, onde aparentemente nada existe, este povo não só conseguiu sobreviver como, ainda por cima, ser a gente mais feliz e bem disposta do mundo.
Nesta momento da vida dos portugueses em que o poder se disputa em renhidas campanhas eleitorais e cada um se pretende afirmar como o melhor de todos os outros para exercer o poder, é oportuno contar uma pequena história relatada por um bosquímane, membro da tribo !Kung San ( o ponto de exclamação indica um estalido produzido com a língua e que não tem equivalente em línguas europeias), o povo mais antigo do mundo, o mais próximo dos nossos antepassados remotos, numa entrevista ao antropólogo Richard Lee, na década de setenta, explicando os costumes do seu povo:
- «Imagine um homem que andou a caçar. Ele não pode voltar para casa e anunciar como um fanfarrão: “Matei uma coisa grande no mato”. Primeiro tem de sentar em silêncio até eu ou outra pessoa qualquer chegar ao pé da fogueira dele e perguntar: “Que viste hoje?” Então ele responde calmamente: “Ah, eu não sou nada bom a caçar. Não vi nada de nada…talvez só uma coisinha pequena”. Depois, eu sorrio de mim para comigo porque fiquei a saber que ele matou qualquer coisa grande».
A conversa brincalhona continua enquanto vão buscar o animal morto:
- “Quer dizer que nos arrastaste a todos até aqui para nos obrigares a levar para casa o teu monte de ossos? Ah, se eu soubesse que era assim tão magro não teria vindo. E pensar que abdiquei de um belo dia à sombra para isto…Em casa podemos ter fome, mas pelo menos temos água fresca para beber.”
Qual o objectivo desta conversa?
O entrevistado explica:
- “Quando um jovem caça e consegue muita carne, passa a ver-se como um chefe ou um homem importante e pensa em nós como seus servos ou inferiores. Não podemos aceitar isso. Recusamos quem é fanfarrão, pois um dia o seu orgulho levá-lo-á a matar alguém. Por isso falamos sempre dos animais que ele caça como se fossem uma coisa insignificante. Desta maneira, esfriamos-lhe o coração e tornamo-lo simpático.”
Os bosquímanes estavam conscientes do desejo de afirmação do jovem através do animal que conseguira abater para alcançar uma posição de superioridade na sociedade, e sabiam que isso poderia torná-lo perigoso para os restantes membros do grupo.
A “receita” foi uma lição de humildade com o objectivo de garantir uma sociedade onde todos eram iguais independentemente dos animais que cada um conseguia matar.
Num deserto, onde aparentemente nada existe, este povo não só conseguiu sobreviver como, ainda por cima, ser a gente mais feliz e bem disposta do mundo, uma enciclopédia de valores morais e sábios.
Obs. - Tive oportunidade de conhecer pessoalmente esta relíquia do passado numa visita de estudo que fiz a Angola como aluno da antiga Escola Colonial em 1961. Em todo o mundo apenas os pigmeus das florestas equatoriais se lhes equiparam em antiguidade.
Porque ficaram lá na ultima carruagem das sociedades civilizadas? . Simplesmente por não terem sido competitivos. A ausência de uma violência para a competitividade foi-lhes fatal. De uma maneira muito prosaica, não se pode ser bom e rico ao mesmo tempo.
A sua utilidade para os colonos brancos africanos é a de pisteiros. No mato descobrem todos os caminhos sem mapas ou bússolas.
Porque ficaram lá na ultima carruagem das sociedades civilizadas? . Simplesmente por não terem sido competitivos. A ausência de uma violência para a competitividade foi-lhes fatal. De uma maneira muito prosaica, não se pode ser bom e rico ao mesmo tempo.
A sua utilidade para os colonos brancos africanos é a de pisteiros. No mato descobrem todos os caminhos sem mapas ou bússolas.
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